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TENDÊNCIAS
2025
O mundo dos negócios está em constante evolução, e estar à frente das mudanças é essencial para empresas que buscam se manter competitivas. Em 2025, transformações econômicas, tecnológicas e sociais continuarão a redefinir mercados, exigindo estratégias inovadoras e uma visão adaptativa.

Nesta página especial, reunimos conteúdos que exploram as principais tendências do ano, trazendo insights e reflexões para ajudar empresas e profissionais a navegarem por esse cenário em transformação. Role a tela ou utilize os links abaixo para acessar o artigo desejado. Boa leitura!

 NR-1 e Saúde Mental: um novo capítulo para as empresas

Agronegócio sob a sombra das mudanças climáticas e os desafios do mercado segurador

Saúde holística e sucesso empresarial: uma conexão indissociável no novo mundo do trabalho

Rotas em risco: tensões geopolíticas e o futuro do seguro de transportes

A importância da gestão de riscos na expansão da energia renovável no Brasil

Automatização no INSS: Revolução na Implantação de Benefícios Judiciais

 A dúbia revolução da IA: como proteger organizações em um cenário de riscos e inovação

NR-1 e Saúde Mental: um novo capítulo para as empresas

A atualização da NR-1, prevista para maio de 2025, inaugura um novo capítulo na segurança e saúde do trabalho no Brasil, com foco crescente na saúde mental no ambiente corporativo. A inclusão de transtornos como burnout, ansiedade, depressão e tentativa de suicídio na lista de doenças relacionadas ao trabalho, revisada pelo Ministério da Saúde, evidenciou a importância do tema e ampliou as responsabilidades dos empregadores.

Diante desse cenário, as empresas são desafiadas a adotar uma gestão proativa para saúde mental, visando minimizar afastamentos e seus impactos financeiros, tanto para a organização quanto para o INSS. Uma gestão eficaz dos riscos psicossociais, conforme preconizado pela NR-1, traz consigo uma série de benefícios, como a redução do absenteísmo e presenteísmo, a melhoria do clima organizacional, o aumento da produtividade, a redução da rotatividade, o fortalecimento da marca empregadora e a otimização dos custos com o Seguro de Acidente de Trabalho (SAT).

Para as pessoas, os benefícios também podem ser evidentes, como maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, diminuição de estresse e ansiedade, e maior capacidade para lidar com desafios e relacionamentos interpessoais.

Para se adequarem às novas diretrizes, elencamos quatro medidas essenciais para as empresas:

1. Investir na sensibilização de gestores para a criação de uma cultura de apoio emocional aos colaboradores. Lideranças humanizadas, com comunicação aberta e transparente, que consigam identificar sinais de transtornos mentais e sofrimentos emocionais, são fundamentais para reduzir os impactos no desempenho da equipe. Seguir as práticas do Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) é um importante ponto de partida para capacitar executivos.

2. Implementar ferramentas para diagnosticar possíveis casos de transtornos mentais, como o Censo de Saúde Mental, a HSE Indicator Tool (HSE-IT) e pesquisas internas. Utilizar dados para analisar fatores como absenteísmo, rotatividade e satisfação no trabalho é outra solução eficaz. Grupos focais e entrevistas individuais também auxiliam na identificação de fatores de risco.

3. Oferecer um ambiente seguro para os funcionários. A escuta ativa e o estímulo à cultura de feedback positivo e contínuo são necessários para criar um ambiente de confiança e segurança mental. As empresas também precisam adotar rigorosas políticas de prevenção ao assédio e à discriminação, com objetivo de promover o bem-estar e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

4. Oferecer suporte aos casos de transtornos mentais, tanto para fortalecer a cultura da organização como para a diminuição do estigma do colaborador. Os empregadores devem implementar espaços e canais de apoio com acolhimento psicológico, além de criarem planos de inclusão e benefícios como subsídios para terapia e atividades de bem-estar que colaborem com a reabilitação dos funcionários.

Em suma, a inclusão dos riscos psicossociais como fator de atenção, juntamente com a crescente conscientização sobre o tema, demanda uma gestão proativa e estratégica por parte das organizações. Ao adotarem as medidas essenciais delineadas, as empresas não apenas cumprem com suas obrigações legais, mas também cultivam um ambiente de trabalho mais saudável, produtivo e engajador.

A longo prazo, o investimento na saúde mental dos colaboradores se traduz em benefícios tangíveis para as empresas, consolidando-as como organizações que genuinamente se importam com o bem-estar de seus talentos.

› Escrito com apoio de

MARLENE CAPEL
Diretora geral da B2P – Acrisure

Agronegócio sob a sombra das mudanças climáticas e os desafios do mercado segurador
O agronegócio, um dos pilares da economia brasileira, enfrenta um cenário cada vez mais desafiador devido à intensificação dos eventos climáticos extremos. A frequência e a magnitude de fenômenos como enchentes, secas e incêndios florestais têm aumentado significativamente nos últimos anos, ameaçando a produção agrícola, a estabilidade financeira dos produtores e o futuro de toda a cadeia produtiva.
Impacto das mudanças climáticas no mercado segurador
As mudanças climáticas também impõem desafios expressivos ao mercado segurador, setor responsável por mitigar os impactos financeiros decorrentes de perdas agrícolas. Os efeitos mais evidentes incluem:

› Aumento da sinistralidade: o crescimento na ocorrência e severidade de eventos climáticos resulta em um volume maior de sinistros e, consequentemente, em maior pressão sobre a rentabilidade das seguradoras. Estudos indicam que, nos últimos 30 anos, a frequência desses eventos mais que dobrou no Brasil.

› Dificuldade na precificação de riscos: a imprevisibilidade do clima dificulta a avaliação precisa dos riscos, podendo levar a prêmios inadequados — seja por subavaliação ou superavaliação.

› Redução da capacidade de resseguro: grandes eventos climáticos em outras regiões, como furacões nos Estados Unidos ou secas na Austrália, afetam a capacidade financeira das resseguradoras globais, restringindo a oferta de cobertura no Brasil.

O papel dos produtores rurais
Os produtores rurais, peças-chave na cadeia produtiva, têm um papel crucial na adaptação do agronegócio às adversidades climáticas. A adoção de práticas que aumentem a resiliência das propriedades pode minimizar perdas e garantir a sustentabilidade do setor. Entre essas práticas estão:

› Diversificação de culturas: rotação e uso de variedades mais resistentes podem diminuir os riscos de perdas totais em situações climáticas adversas.

› Eficiência hídrica: a instalação de sistemas de irrigação modernos e otimizados é vital para manter a produtividade em períodos de seca.

› Conservação do solo: técnicas como plantio direto, cobertura vegetal e adubação verde melhoram a capacidade do solo de reter água e nutrientes.

› Monitoramento climático: tecnologias como sensores e imagens de satélite permitem decisões mais precisas, com base em dados em tempo real.

› Treinamento e simulações: capacitar equipes e realizar exercícios periódicos de evacuação melhora a resposta a emergências e minimiza perdas.

› Manutenção e inspeções regulares: inspeções regulares em fiações, equipamentos e máquinas reduzem riscos de acidentes.

› Detectores de fumaça e alarmes: detectores de fumaça, calor ou gases tóxicos, integrados a alarmes, garantem alertas rápidos e acionamento de emergências.

› Proteção contra vendaval: reforço de telhas, janelas e estruturas leves, além de barreiras como cercas e cortinas de vento, reduz danos de ventos fortes.

› Contratação de seguros agrícolas: o seguro é uma ferramenta essencial para mitigar os impactos financeiros de desastres climáticos.

Desafios e limitações
Apesar da eficácia dessas medidas, muitos produtores enfrentam barreiras para implementá-las, devido aos altos investimentos necessários em um cenário de margens de lucro cada vez mais apertadas.

O acesso ao crédito agrícola tornou-se um dos maiores desafios para os produtores rurais no contexto econômico atual. Com a taxa SELIC mantida em 12,25%, os custos de financiamento tornaram-se proibitivos, limitando a adoção de tecnologias voltadas à adaptação e à sustentabilidade. A Resolução 4.966 também contribuiu para agravar o problema, ao estabelecer critérios mais rigorosos para a concessão de crédito, dificultando ainda mais o acesso, especialmente para pequenos e médios produtores.

Outro fator que agrava a situação é a redução no orçamento do Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR). Em janeiro de 2025, seguradoras foram surpreendidas com a notícia de que R$ 67 milhões em subvenções não seriam pagos, comprometendo cerca de 10 mil apólices já contratadas. Após reação do setor agropecuário e negociações com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), foi anunciado um rearranjo orçamentário para garantir o pagamento dessas apólices no primeiro trimestre. No entanto, a medida implicará a subtração de recursos do orçamento anual, aumentando a incerteza futura.

Além disso, a exclusão do seguro rural como item obrigatório no orçamento federal gerou forte repercussão negativa. Essa decisão, aliada à instabilidade orçamentária, prejudica o planejamento de longo prazo, indispensável para produtores que enfrentam tanto os desafios climáticos quanto os econômicos.

Um futuro resiliente exige esforços conjuntos
O agronegócio vive um cenário difícil, marcado pela combinação de eventos climáticos extremos e dificuldades econômicas. Para garantir sua sustentabilidade e competitividade, é fundamental que produtores, governo, seguradoras e instituições financeiras trabalhem de forma integrada.

Somente com estratégias preventivas, planejamento consistente, apoio governamental robusto e soluções inovadoras será possível construir um agronegócio resiliente, capaz de enfrentar os desafios das mudanças climáticas e manter sua posição como motor da economia nacional.

› Escrito com apoio de

KARINA ANDRADE
Diretora de Ramos Elementares na It’sSeg – Acrisure

Saúde holística e sucesso empresarial: uma conexão indissociável no novo mundo do trabalho
A saúde holística, que abrange os aspectos físicos, mentais, emocionais e sociais do bem-estar, transcendeu a esfera pessoal e se tornou um fator crucial para o sucesso das empresas no cenário global. As evidências são contundentes: empresas que investem no bem-estar integral de seus colaboradores colhem frutos como maior produtividade, menor absenteísmo, atração e retenção de talentos, e uma cultura organizacional mais forte.
A importância da saúde holística no contexto empresarial é cada vez mais reconhecida por diversas razões:

› O relatório “Futuro do Trabalho 2025” do Fórum Econômico Mundial revela que o suporte à saúde e bem-estar dos funcionários se tornou uma ferramenta primordial para atrair talentos. A pesquisa aponta que 64% dos empregadores consideram essa estratégia para aumentar a disponibilidade de profissionais qualificados. Além disso, iniciativas de diversidade, equidade e inclusão também ganharam força, com 83% das empresas relatando a adoção de práticas nesse sentido.

› A pesquisa “ROI do Bem-Estar 2024” do Wellhub confirma a relevância dos investimentos em bem-estar corporativo. No Brasil, 99% das empresas que medem o retorno sobre o investimento em programas de bem-estar observaram resultados positivos. Além disso, 91% dos líderes de RH consideram esses programas cruciais para a aquisição de talentos e 95% notam uma redução significativa nos afastamentos e licenças médicas.

› O McKinsey Health Institute complementa esse cenário com dados mais específicos sobre a percepção dos funcionários em relação à sua saúde holística. A pesquisa, realizada em 30 países, incluindo o Brasil, mostra que os colaboradores com uma experiência de trabalho positiva tendem a apresentar melhor desempenho, maior inovação e uma saúde mais equilibrada. No entanto, a pesquisa também destaca disparidades entre países e grupos demográficos, com a Geração Z e funcionários de empresas menores apresentando pontuações mais baixas em saúde holística.

› O Brasil se destaca com resultados acima da média global, com 62% dos funcionários relatando pontuações positivas em saúde holística. No entanto, o país também enfrenta desafios como o burnout, com 16% dos trabalhadores relatando altos níveis de exaustão.

As mudanças sociais e econômicas que impulsionam essas tendências são variadas:

A pandemia de covid-19 acelerou a digitalização do trabalho e intensificou a necessidade de equilíbrio entre vida pessoal e profissional, colocando a saúde mental em destaque.

As pessoas estão vivendo mais e buscando uma vida mais longa e saudável, o que impacta diretamente suas escolhas profissionais.

As novas gerações valorizam empresas com propósito e que se preocupam com o bem-estar de seus colaboradores e da sociedade.

A competição global exige que as empresas invistam em seus colaboradores para se manterem competitivas.

Para as empresas brasileiras, as implicações são claras:

› A saúde holística é um investimento estratégico: ao promover o bem-estar de seus colaboradores, as empresas garantem maior engajamento, produtividade e retenção de talentos.

› É preciso personalizar as ações: as necessidades de cada grupo demográfico são diferentes, por isso é fundamental oferecer programas de bem-estar personalizados e inclusivos.

› O combate de fatores estressantes é urgente: a exaustão dos colaboradores impacta negativamente a saúde física e mental, além de reduzir a produtividade e aumentar os custos com saúde.

› A medição dos resultados é essencial: as empresas devem acompanhar os resultados de seus programas de bem-estar para avaliar sua eficácia e realizar ajustes quando necessário.

Em resumo, a saúde holística é um fator determinante para o sucesso das empresas no mundo contemporâneo. No entanto, para que as iniciativas sejam efetivas, é fundamental que as empresas adotem um comportamento ativo.

Isso significa ir além da oferta de programas e benefícios, buscando conhecer seus colaboradores de forma aprofundada. Pesquisas de clima e mapeamento da saúde populacional são ferramentas valiosas para identificar as necessidades e expectativas dos funcionários.

A liderança também desempenha um papel crucial nesse processo. Líderes engajados e comprometidos com o bem-estar de seus colaboradores são capazes de criar um ambiente de trabalho mais positivo e colaborativo.

Em um mundo cada vez mais competitivo e complexo, a saúde holística se posiciona como um diferencial estratégico para as empresas. Ao investir no bem-estar de seus colaboradores, as organizações não apenas contribuem para a construção de um futuro mais saudável e equitativo, mas também garantem sua própria sustentabilidade e crescimento a longo prazo.

› Escrito com apoio de

WALLACE DE SOUZA
Coordenador de promoção de saúde na It’sSeg – Acrisure

Rotas em risco: tensões geopolíticas e o futuro do seguro de transportes
O cenário geopolítico global encontra-se em um estado de constante fluxo, marcado por tensões e incertezas que reverberam diretamente no transporte de bens. Conflitos armados, sanções econômicas e instabilidade política em diversas regiões do mundo intensificam os riscos associados às operações logísticas, exigindo das operadoras uma adaptação contínua e a busca por soluções para mitigar os impactos.
Como conflitos afetam o transporte global
As regiões do Oriente Médio, Europa e Ásia concentram grande parte das tensões geopolíticas atuais. A escalada do conflito entre Israel e Palestina, a derrubada do governo de Bashar Al-Assad na Síria, a guerra na Ucrânia e as disputas territoriais na Ásia, como as tensões entre Taiwan e China, criam um ambiente de incerteza que afeta rotas comerciais e operações logísticas.

Oriente Médio: os ataques a embarcações no Mar Vermelho aumentaram em até 299% as tarifas de frete em rotas alternativas, usadas para evitar drones e mísseis na região. Além disso, o desvio tem aumentado os custos de transporte e prolongado o tempo de viagem em até 15 dias.

Europa: as sanções impostas à Rússia em resposta à guerra na Ucrânia provocaram a reconfiguração de rotas marítimas no Mar Negro e no Mar Báltico, além de elevar os custos de transporte de commodities como petróleo e gás.

Ásia: as tensões entre Taiwan e China, assim como a instabilidade entre Coreia do Norte e Coreia do Sul, representam uma ameaça constante para a segurança marítima e a estabilidade das cadeias de suprimentos na região.

Impactos nos seguros de transportes
A instabilidade geopolítica tem um impacto significativo nos seguros de transportes. Conflitos e incertezas políticas exigem a busca por rotas alternativas e medidas de segurança adicionais, elevando os custos logísticos e o valor das cargas seguradas.

Em regiões de alto risco, as seguradoras enfrentam restrições de cobertura e prêmios elevados, enquanto os sinistros tendem a ser complexos e de alto valor, exigindo gestão especializada. Por exemplo, o seguro para embarcações no corredor do Mar Negro ficou quatro vezes mais caro devido aos ataques na região.

Medidas para mitigar os riscos
Diante da volatilidade do cenário geopolítico, é recomendado que as empresas implementem medidas robustas de mitigação, como:

› Monitorar constantemente a situação geopolítica nas regiões e ajustar as rotas e as medidas de segurança conforme necessário.

› Buscar rotas alternativas para reduzir a dependência de áreas instáveis e minimizar os riscos de interrupção das operações.

› Estabelecer parcerias com agentes locais para obter informações sobre a situação da segurança e a regulamentação das regiões.

› Utilizar ferramentas de gestão de risco, como rastreamento de cargas e inteligência artificial para planejamento de rotas, a fim de otimizar as operações.

› Obter apólices de seguro que ofereçam proteção completa para riscos específicos, incluindo cobertura para guerra e atos terroristas.

Ao adotar as medidas mencionadas, as empresas podem minimizar os riscos, reduzir os custos com seguros e garantir a continuidade de suas operações.

Em resumo

Conflitos geopolíticos transformam o setor de transporte e exigindo novas soluções para a gestão de riscos. As empresas precisam se adaptar a esse novo cenário, investindo em tecnologia, diversificando suas operações e buscando parcerias estratégicas. As seguradoras, por sua vez, precisam desenvolver produtos e serviços mais personalizados e utilizar dados e análises para avaliar os riscos de forma mais precisa.

› Escrito com apoio de

DACIO MAROLATO
Gerente de transportes na It’sSeg – Acrisure

A importância da gestão de riscos na expansão da energia renovável no Brasil

O mercado de energia elétrica renovável no Brasil está em plena expansão, impulsionado por investimentos bilionários e um crescente compromisso com a sustentabilidade. O País aparece entre os 10 principais mercados globais de investimento em energias renováveis no relatório “Energy Transition Investment Trends” da BloombergNEF, com um total investido de US$ 30,4 bilhões em 2024.

Além disso, no último ano, o Brasil registrou recorde na quantidade de usinas instaladas. Ao todo, foram 301 novas plantas distribuídas entre 16 estados brasileiros, as quais contam com 91,13% de potência proveniente de fontes renováveis, – destaque para solar fotovoltaica (51,87%) e eólica (39,26%).

Esse cenário promissor, porém, também traz desafios complexos que exigem uma abordagem mais estruturada para o gerenciamento de riscos – seja em projetos de geração, transmissão ou distribuição.

› Riscos climáticos: o Brasil e o mundo estão cada vez mais exposto a eventos climáticos extremos, como secas, inundações, tempestades, ondas de calor, entre outros fenômenos capazes de afetar a geração, transmissão e distribuição de energia, além de danificar as instalações. Um estudo da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) aponta que a frequência de intempéries climáticas no País aumentou 250% nos últimos quatro anos. Portanto, é preciso avaliar a vulnerabilidade dos projetos a esses eventos e implementar medidas de proteção adequadas, como planos de contingência, sistemas protecionais e contratação adequada de apólices de seguro.

› Riscos operacionais: as instalações físicas de qualquer empresa por si só estão sujeitas a riscos do dia a dia de suas operações, como falhas de equipamentos, acidentes diversos, incêndios e explosões. Um levantamento feito pela Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica) revela que as falhas na rede de transmissão são a principal causa de paradas não programadas em parques eólicos no Brasil. Os gestores têm a responsabilidade de assegurar a implementação de medidas de segurança e manutenção preventiva, a fim de minimizar os riscos, além de contratar seguros contra eventuais perdas causadas por eventos súbitos e imprevistos.

› Riscos de Responsabilidade Civil: as empresas do setor de energia renovável podem ser responsabilizadas por danos a terceiros, como acidentes, poluição e impactos ambientais. Diversas fontes, incluindo estudos acadêmicos, artigos de especialistas e notícias do setor, apontam que os riscos de responsabilidade civil são um dos principais desafios para o setor de energia renovável no Brasil. Além da implementação de práticas de gestão ambiental e social para minimizar os efeitos financeiros de tais processos, a contratação correta de seguros de responsabilidade civil vem para preservar a continuidade do negócio e proteger as empresas contra esses riscos.

› Riscos Cibernéticos: com o processo de modernização e novas tecnologias, as indústrias do setor estão cada vez mais conectadas a sistemas digitais, o que as torna vulneráveis a ataques cibernéticos, que podem causar interrupções no fornecimento de energia, perdas de dados e perdas financeiras. Uma pesquisa da Deloitte revela que o setor de energia é um dos mais afetados por ataques cibernéticos no mundo. É urgente que medidas de cibersegurança sejam implementadas para proteger as instalações de tais ataques, bem como a contratação de seguros para cobrir eventuais perdas.

› Riscos Regulatórios: o mercado ainda enfrenta entraves regulatórios que estão longe de ser desprezíveis. As leis e regulamentações de energias renováveis, por serem tão complexas e ainda estarem sujeitas a mudanças, são um fator crucial, uma vez que a estabilidade é de grande importância para investidores e companhias. O fato de não haver coordenação entre órgãos governamentais pode prejudicar a sustentabilidade do setor. Para mitigar esse risco, é necessário acompanhar de perto as decisões dos órgãos reguladores e da Justiça, participar de debates públicos, buscar apoio de associações e contar com especialistas para garantir a conformidade com as normas vigentes.

› Riscos Financeiros: os projetos de energia por fontes renováveis requerem investimentos significativos e podem enfrentar riscos como a volatilidade de preços, fatores macro e microeconômicos, dificuldade de obtenção de crédito e a inadimplência de clientes. O levantamento da BloombergNEF (BNEF) aponta que o custo de financiamento é um dos principais desafios para a energia verde no Brasil. Para superar tais desafios, é preciso monitorar de perto os indicadores financeiros e implementar medidas de proteção com a diversificação de fontes de financiamento, inclusive utilizando o seguro de crédito para se proteger contra possíveis inadimplências por parte dos clientes.

Para minimizar os riscos e maximizar os benefícios do setor, recomendamos adotar uma abordagem proativa e abrangente, que inclua:

Identificar e avaliar os riscos em todas as fases do projeto, desde a concepção até a operação, utilizando metodologias adequadas e envolvendo especialistas em diferentes áreas.

Mapear os riscos para visualizá-los por categoria, probabilidade e impacto, facilitando a priorização das ações de mitigação.

Desenvolver estratégias de mitigação para cada risco identificado, que podem incluir a prevenção, a transferência (seguros), a aceitação e a redução dos riscos.

Implementar controles internos para garantir a eficácia das estratégias de mitigação, como políticas, procedimentos, planos de contingência, treinamentos e auditorias.

Monitorar continuamente os riscos e revisar as estratégias de mitigação em função das mudanças no mercado e nos projetos.

Comunicar os riscos e as estratégias de mitigação para as partes interessadas, como a alta administração, os investidores, os colaboradores e os órgãos reguladores.

De fato, a energia limpa no Brasil oferece um futuro promissor, mas é necessário que a gestão de riscos esteja preparada para enfrentar os desafios inerentes a esse setor. Quando geridos com rigor, é possível não apenas proteger seus investimentos, mas também garantir a continuidade de seus negócios e, claro, promover o crescimento sustentável de longo prazo do país.

› Escrito com apoio de

RODOLFO MARTINS
Superintendente técnico de Ramos Elementares na It’sSeg – Acrisure

Automatização no INSS: revolução na implantação de benefícios judiciais
A transformação digital no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) representa uma das maiores mudanças estruturais na gestão de benefícios previdenciários no Brasil. A implantação automática de benefícios judiciais, impulsionada pelo sistema INSSJUD, é mais um marco nessa evolução.

A medida, prevista na Portaria PRES/INSS nº 1.490, visa acelerar e dar mais segurança ao processamento de benefícios concedidos judicialmente, garantindo mais eficiência e redução de filas.

No entanto, além do entusiasmo com os avanços tecnológicos, é necessário um olhar crítico sobre seus impactos reais e os desafios que ainda precisam ser superados.

O que muda com a automatização?
A promessa de reduzir drasticamente o tempo de concessão de benefícios judiciais é, sem dúvida, um avanço significativo. Decisões que antes levavam meses para serem processadas agora podem ser executadas em minutos. Isso reduz a sobrecarga administrativa e garante que os segurados tenham acesso mais rápido aos seus direitos.

Entretanto, um ponto crucial que merece atenção é a confiabilidade do sistema no reconhecimento e interpretação das sentenças judiciais. Erros na automação podem levar à negativa indevida de benefícios ou à concessão equivocada, gerando um novo volume de contestações.

Atualmente, os tribunais regionais federais que já utilizam o INSSJUD são TRF-2 (Espírito Santo e Rio de Janeiro), TRF-3 (São Paulo e Mato Grosso do Sul), TRF-4 (Sul) e TRF-6 (Minas Gerais). O TRF-1 está em fase de testes no Amazonas, enquanto outros tribunais seguem ajustando seus sistemas.

Cabe ressaltar que a falta de uma implementação homogênea pode criar discrepâncias entre regiões, impactando a isonomia no atendimento aos segurados.

Principais benefícios da medida

Maior Segurança e Precisão: o novo sistema minimiza erros humanos e garante o cumprimento das decisões judiciais de forma mais eficiente e transparente.

› Desafogamento da Mão de Obra: ao reduzir o trabalho manual, os servidores do INSS podem se concentrar em outras demandas e no atendimento ao público.

› Modernização do INSS: a iniciativa faz parte de um plano maior de digitalização da Previdência Social, tornando o sistema mais ágil e eficiente para os segurados.

Impacto para os segurados

Para os segurados, a principal vantagem é a previsibilidade e rapidez no recebimento do benefício. No entanto, a automatização também exige que eles estejam atentos ao correto processamento de suas demandas. Eventuais falhas na leitura das sentenças podem gerar indeferimentos automáticos que precisarão ser contestados.
Impactos para as empresas
Para as empresas, o novo modelo também traz mudanças. O tempo reduzido na concessão de benefícios por incapacidade impacta diretamente a gestão de afastamentos. Com a agilidade na transição entre afastamento e concessão do benefício, as empresas podem reorganizar suas estratégias de gestão de pessoas, reduzindo impactos na folha de pagamento e otimizando a substituição temporária de funcionários.

Além disso, é fundamental que as empresas estejam atentas às novas diretrizes para solicitações e recursos administrativos, pois o processamento automatizado pode reduzir prazos para manifestações e exigir um acompanhamento mais rigoroso de decisões judiciais envolvendo seus colaboradores.

Desafios e expectativas
Embora a automatização traga diversas vantagens, também exige monitoramento contínuo para garantir que o sistema funcione corretamente e não gere inconsistências. O INSS continuará aprimorando seus processos e corrigindo eventuais falhas para garantir a plena eficácia do novo modelo.

Com essa nova medida, o Brasil avança na digitalização dos serviços públicos, beneficiando milhões de cidadãos que dependem da previdência para sua segurança e bem-estar.

› Escrito com apoio de

MARLENE CAPEL
Diretora geral da B2P – Acrisure

A dúbia revolução da IA: como proteger organizações em um cenário de riscos e inovação
A inteligência artificial (IA), especialmente em sua forma generativa, está revolucionando diversos setores, da medicina à indústria. Contudo, também se tornou uma arma poderosa nas mãos de cibercriminosos, configurando-se como uma das maiores ameaças à segurança cibernética global. A velocidade de evolução da IA impõe um dilema às organizações: como colher os benefícios da tecnologia sem comprometer a segurança?
IA generativa: um potencializador de ataques cibernéticos
A IA generativa, capaz de criar textos, imagens e outros conteúdos realistas, está amplificando a sofisticação e a escala dos ataques cibernéticos. Por exemplo, ataques de phishing tornaram-se mais persuasivos, com e-mails e mensagens hiperpersonalizados que enganam até os usuários mais atentos. Além disso, deepfakes (vídeos ou áudios falsos gerados com IA) são usados para difamar, manipular a opinião pública e incitar violência.

Cibercriminosos também empregam IA para automatizar tarefas maliciosas, como explorar vulnerabilidades e criar malware. Isso permite ataques em larga escala com maior eficiência e rapidez.

Lacunas entre adoção da IA e segurança cibernética

Muitas organizações reconhecem os riscos associados à IA, mas implementam essa tecnologia sem as devidas precauções. Esse paradoxo é impulsionado por fatores como a pressão para inovar, a falta de profissionais qualificados e a complexidade crescente da tecnologia, que dificulta a aplicação de medidas eficazes.

A regulamentação tem buscado reduzir essas lacunas. A União Europeia categoriza sistemas de IA por níveis de risco, incluindo a IA generativa como de alto risco. Nos Estados Unidos, iniciativas como a Ordem Executiva sobre IA do presidente Biden incentivam melhores práticas, enquanto países como China e Coreia do Sul desenvolvem legislações específicas.

No Brasil, o Projeto de Lei nº 2.338, de 2023, em análise na Câmara dos Deputados, visa estabelecer normas gerais para o uso responsável da IA, com foco em supervisão humana, transparência e mitigação de riscos.

Além disso, as habilidades humanas continuam sendo um elemento crucial para preencher essas lacunas. A capacidade de identificar ameaças, tomar decisões estratégicas e responder rapidamente complementa as regulamentações.

Enfrentando o desafio da cibersegurança

A IA generativa apresenta uma dualidade na cibersegurança. Por um lado, ela oferece um enorme potencial para melhorar a defesa, permitindo a detecção de ameaças com agilidade e a automatização de tarefas. Por outro, ela também pode ser utilizada para lançar ataques mais sofisticados e devastadores.

Para enfrentar esse desafio, as organizações precisam adotar uma abordagem multifacetada e proativa, baseada em cinco pilares:

1. gestão contínua de riscos: cibersegurança não é um destino, mas sim uma jornada. A ameaça de novos ataques exige o monitoramento constante das vulnerabilidades e atualização das medidas de segurança. A alta direção das empresas deve estar engajada em decidir como mitigar ou transferir riscos.

2. ameaças internas: funcionários podem, intencionalmente ou não, comprometer a segurança. É crucial identificar as atividades críticas da empresa, mapear os riscos e implementar medidas que abrandem tanto os ativos físicos quanto os digitais.

3. conscientização dos colaboradores: os funcionários também são a primeira linha de defesa contra os ataques cibernéticos. Investir em treinamentos e simulação de ataques reduz erros humanos e fortalece a postura de segurança.

4. evitar excesso de confiança: nenhuma organização está imune a ataques cibernéticos. A confiança excessiva pode gerar negligência e aumentar a vulnerabilidade da empresa.

5. segurança na cadeia de fornecedores: é preciso mapear todos os fornecedores que têm acesso a dados sensíveis e garantir que eles adotem medidas de segurança. Pequenas e médias empresas, por exemplo, são alvos frequentes de cibercriminosos, tanto por serem mais vulneráveis quanto por servirem como porta de entrada para grandes corporações.

A IA generativa, embora poderosa, exige um equilíbrio cuidadoso entre inovação e segurança. Ao combinar essas cinco dimensões, as organizações podem construir uma defesa cibernética sólida e resiliente, capaz de enfrentar os desafios atuais.

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