O Brasil vive um momento de alerta sanitário devido a um surto de intoxicação por metanol — substância industrial altamente tóxica — em decorrência do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Até o momento, 24 casos foram confirmados em todo o país, com mais de 230 em investigação. Dos casos confirmados, cinco mortes já foram atestadas, todas no estado de São Paulo. Outros 11 óbitos seguem em apuração.
Quadro epidemiológico
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São Paulo lidera disparadamente nas notificações: entre os casos confirmados e os em investigação, mais de 70% concentram-se lá.
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Há suspeitas distribuídas em estados como Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Paraíba e outros.
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O Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação para monitoramento nacional da crise.
O que se sabe até agora
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Número de notificações: há centenas de notificações de casos suspeitos. Por exemplo, no boletim mais recente são 259 notificações, com 24 confirmados.
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Mortes: cinco mortes confirmadas até agora em São Paulo, outras estão sendo verificadas em diferentes estados.
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Investigação laboratorial: para confirmar os casos, são utilizados exames que detectam metanol no organismo. Estados e municípios com laboratórios menos equipados têm recebido apoio do governo federal, com referência para órgãos como Unicamp e Fiocruz.
Sintomas e riscos da intoxicação por metanol
A intoxicação por metanol é grave. Seus metabólitos (formaldeído, ácido fórmico) causam lesões que podem ser irreversíveis. Os sintomas costumam aparecer entre 6 e 24 horas após a ingestão, e incluem:
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Visão borrada ou turva, podendo progredir para cegueira.
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Náuseas, vômitos, dor abdominal.
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Confusão mental, fraqueza, tontura.
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Em casos graves: depressão respiratória, coma ou morte.
O diagnóstico rápido e o início precoce do tratamento são determinantes para evitar danos permanentes.
O que as autoridades estão fazendo
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Notificação imediata de todos os casos suspeitos aos órgãos de saúde locais e ao CIEVS (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde).
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Aquisição e distribuição de antídotos: etanol farmacêutico e fomepizol (este último ainda pouco disponível, mas sendo negociado em estoque estratégico).
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Intensificação de inspeções sanitárias e fiscalização de venda de bebidas alcoólicas para detectar produtos adulterados.
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Alertas públicos para evitar o consumo de bebidas de procedência duvidosa, especialmente destilados incolores, bebidas compradas de forma informal ou sem nota fiscal.
O que resta investigar
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Origem da adulteração: se houve fabricação clandestina, se bebidas de bastidores ou de vendedores ambulantes foram adulteradas.
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Responsabilidade legal: empresas, bares ou indivíduos envolvidos na cadeia de distribuição podem responder criminalmente se for comprovada culpa ou omissão.
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Capilaridade da distribuição de bebidas afetadas: além de São Paulo, verificar se outros estados já consumiram mercadorias contaminadas.
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Eficiência dos laboratórios estaduais para testes, para agilizar confirmações e delimitar o risco.
Repercussão social e recomendações
Em meio ao medo crescente, moradores estão compartilhando casos de pessoas que perderam a visão temporariamente ou tiveram sintomas graves após consumir bebidas em locais comuns como bares. A Secretaria Estadual da Saúde e vigilâncias sanitárias locais já fecham estabelecimentos suspeitos.
Recomendações:
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Não consumir bebidas de origem desconhecida, sem nota fiscal ou procedência clara.
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Em festas ou bares, recusar bebidas de vendedores ambulantes ou distribuidores informais.
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Na suspeita de intoxicação, buscar atendimento médico urgente.
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Guardar embalagem ou rótulo da bebida consumida, se possível, para facilitar investigação.
O atual surto de intoxicação por metanol evidencia falhas graves no controle e fiscalização da produção e da venda de bebidas alcoólicas. O Estado deve reforçar ações de vigilância sanitária, fortalecer laboratórios, garantir acesso a antídotos e responsabilizar legalmente quem comercializa bebidas adulteradas.
Enquanto isso, a população deve redobrar os cuidados: uma decisão consciente pode salvar vidas, inclusive a sua.