Dúvidas sobre a vacinação contra covid-19 no Brasil – parte II

20 de setembro de 2021

Até o momento, não há disponível um medicamento específico para tratar a covid-19. Por isso, medidas de prevenção são peça-chave no controle de novos casos.

Medidas comportamentais, como distanciamento social e uso de máscaras, podem apresentar menores chances de êxito, devido a questões econômicas, culturais e de aceitação. Dessa forma, precauções que sejam menos impactadas por ações individuais e que tenham maior consistência em longo prazo são fundamentais.

Assim, uma das estratégias é a vacinação. Essa medida, conforme aumenta o número de indivíduos imunizados, e associada a ações comportamentais, tem se mostrado efetiva na redução das taxas de hospitalização, casos graves e óbitos por coronavírus. Isso tem permitido um retorno progressivo das atividades habituais, como o funcionamento de estabelecimentos comerciais, de lazer e escritórios.

No entanto, a eficácia dos imunizantes continua sendo uma questão para algumas pessoas, devido a campanhas de desinformação na internet, e o assunto ainda gera dúvidas. Por essa razão, chamamos a médica infectologista da It’sSeg, Naiane Ribeiro Lomes, para responder a três perguntas frequentes a respeito da vacinação contra a covid-19.

Continue a leitura!

Perguntas sobre a vacinação contra covid-19

1. Sabemos o quanto as vacinas são efetivas?

Cerca de 42% da população mundial já recebeu, pelo menos, uma dose de imunizante contra a covid-19. No Brasil, 33% das pessoas já foram parcialmente vacinadas e outros 32% já estão completamente imunizados. Os imunizantes Sinovac/Butantan e Fiocruz/Astrazeneca correspondem a 33% e 44%, respectivamente, das doses aplicadas no país. Enquanto que os imunizantes Pfizer/Biontech e Janssen, cujas liberações ocorreram em um segundo momento, correspondem aos 21,6% das doses restantes.

Considerando a efetividade das vacinas, ou seja, a capacidade de reduzir desfechos adversos – como hospitalização e morte – o estudo mais robusto no Brasil, atualmente, analisou as vacinas Sinovac/Butantan e Fiocruz/Astrazeneca. Foram avaliados quase 60,5 milhões de indivíduos imunizados e foi observado uma redução da mortalidade em 90% e 74%, respectivamente.

Contudo, o efeito protetor dessas vacinas decai com a idade, sendo significativamente menor na população acima de 90 anos. Nesse grupo específico, a efetividade foi de 70% e 35% para os citados imunizantes, na devida ordem.

2. Existe uma vacina melhor do que a outra?

A leitura inicial dos números citados anteriormente pode trazer a impressão de “superioridade” de uma determinada vacina, o que pode levar a decisão de escolher um imunizante em detrimento de outro. Entretanto, o controle da pandemia, que inclui proteção individual e redução de risco coletivo, é composto de fatores como:

  • Percentual da população imunizada: indivíduos imunizados têm chance maior de apresentar formas mais brandas da doença, com menos presença do vírus no sangue e, consequentemente, menor chance de transmissão aos que ainda não estão vacinados;
  • Velocidade em que ocorre a imunização: quanto mais rápido um alto percentual de pessoas é imunizado, a circulação do coronavírus diminui, o que reduz também o surgimento de variantes;
  • Redução do risco de formas graves da doença: essa taxa é similar entre os imunizantes disponíveis para a maioria da população;
  • Manutenção de medidas de proteção: o que inclui uso de máscaras, mesmo entre os vacinados.

Sendo assim, a prioridade agora é obter o maior número de indivíduos vacinados no menor tempo possível, independentemente do imunizante utilizado.

3. Tomei duas doses da vacina, preciso tomar a terceira?

A necessidade de doses adicionais para a população geral (sem problemas de saúde) ou de reforços periódicos, como acontece com a vacina contra a gripe, segue em discussão. No Brasil, o estudo mencionado embasou a utilização de uma dose de reforço entre idosos, grupo de risco em que a efetividade das vacinas é menor, além de indivíduos com alteração no sistema imune – como transplantados, em quimioterapia ou que fazem uso de remédios que diminuem a imunidade.

Atualmente, a decisão de imunizar esses grupos ocorre conforme evolução local da pandemia e, ainda, a disponibilidade dos imunizantes em cada país. Reino Unido e Estados unidos, por exemplo, planejam estender a dose de reforço para toda população em momento oportuno.

A principal razão para a dose de reforço na população geral são estudos que apontam queda da concentração de anticorpos contra o coronavírus com o passar do tempo, o que pode estar relacionado a redução da proteção. O surgimento de variantes mais resistentes a alguns componentes da vacina também foram relevantes para essa decisão.

A OMS (Organização Mundial de Saúde) ressalta a importância de aguardar estudos mais completos, com dados “da vida real”, para definir pela revacinação ampla, visto a desigualdade da distribuição dos imunizantes no mundo.

Share
ARTIGOS RELACIONADOS

INSCREVA-SE E RECEBA NOSSA NEWSLETTER SEMANAL

    AO INFORMAR MEUS DADOS, EU CONCORDO COM A POLÍTICA DE PRIVACIDADE E COM OS TERMOS DE USO

    PROMETEMOS NÃO UTILIZAR SUAS INFORMAÇÕES DE CONTATO PARA ENVIAR QUALQUER TIPO DE SPAM

    VOLTAR PARA A HOME