Até o momento, o Brasil computa mais de 14 milhões de pessoas recuperadas da Covid-19. Em graus variados, muitos desses casos, apesar de resolvida a infecção inicial, ainda apresentam alguma repercussão da doença. Esse fenômeno é chamado síndrome pós-Covid. Estudos indicam que 80% dos recuperados sentem, até quatro meses depois do fim da infecção, ao menos um sintoma.
As sequelas deixadas pelo coronavírus já atingem 1,4 milhão de brasileiros. A preocupação de médicos e cientistas é com a possibilidade de faltar ambulatórios e profissionais de saúde para atender a todos. Entre os problemas estão arritmia, depressão, perda de memória, falta de ar, fadiga, dores musculares e perda de cabelo.
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O que é Síndrome Pós-Covid
Depois de infectado pelo coronavírus e resolvida a infecção inicial, passados 21 dias do início dos sintomas, uma série de queixas persistentes incapacitam o pleno retorno às atividades diárias, em graus variados. Também podem surgir sintomas novos, que não estavam presentes no início.
Estas alterações, de intensidade variável, podem acometer até 80% dos indivíduos que tiveram Covid-19, persistindo por semanas a meses. Desses, 30% podem precisar de reinternação e até 10% evoluem a óbito. Pacientes que apresentaram formas graves da doença, com necessidade de internação em unidade de terapia intensiva ou de ventilação mecânica, podem desenvolver sintomas ou complicações relacionados a essas medidas terapêuticas, mas há melhora com reabilitação.
Quais são os sintomas?
A Síndrome Pós-Covid é multissistêmica, por isso, apresenta sintomas variados que contribuem para a sensação de cansaço, dores no corpo e dificuldade em realizar tarefas cotidianas. As queixas mais comuns são:
- respiratórios (tosse, respiração curta, falta de ar);
- neuropsiquiátricas (insônia, falta de concentração, dor de cabeça, depressão);
- dermatológica (queda de cabelo);
- metabólica (descontrole de doenças de base, como diabetes ou doenças da tireoide);
- autonômicas (alterações súbitas de pressão, mudança na frequência cardíaca).
Muitos desses sintomas, em avaliação inicial, podem passar despercebidos. A persistência, associada ao impacto na qualidade de vida, ajuda a levantar a suspeita para a síndrome decorrente da Covid.
Como detectar a síndrome pós-Covid
A identificação dos sintomas apresentados pelo paciente é parte fundamental da avaliação da síndrome pós-Covid, assim como um exame clínico detalhado. A ausência de informações sobre o tema e o diagnóstico de somatização (quando um sintoma físico se faz presente, mas a causa é psicológica) ou doença psiquiátrica podem dificultar o seguimento adequado desses casos. Mas algumas ferramentas podem ser utilizadas para ajudar, por exemplo:
- Exames complementares para identificar alterações que demandem tratamento especifico, como anemia ou disfunção pulmonar e cardíaca. Avaliar a presença de descompensações provocadas por doenças preexistentes também é peça chave.
- Em complemento, avaliação psicossocial é mandatória. A pandemia afetou o suporte social e financeiro de diversas famílias, o que pode repercutir na recuperação psíquica. Rede de suporte, presença de perdas familiares em decorrência do vírus, internação prolongada, stress pós-traumático associado e instabilidade no emprego também são determinantes no bem-estar físico e mental.
Qual é o tratamento?
O tratamento da síndrome pós-Covid geralmente é feito com medicamentos para reduzir sequelas, como alterações cardíacas ou pulmonares. Outros remédios podem ser usados de maneira direcionada, para controle dos sintomas.
Faz parte da reabilitação o retorno gradual às atividades, seja presencial ou remotamente. Suporte psicossocial, que pode incluir acompanhamento psicoterapêutico especializado, compreensão e respeito também são partes fundamentais da recuperação.