Como minimizar riscos do trabalho noturno à saúde

12 de maio de 2021

O trabalho noturno não é um fenômeno novo. Conforme as cidades progrediam, algumas necessidades exigiam cobertura em tempo integral, como transporte, segurança e hospitais. Mas foi com a invenção da lâmpada elétrica, no século 19, que começamos a ter acesso a serviços por 24 horas.

Há poucos dados oficiais, mas milhões de pessoas trabalham à noite. De acordo com um estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), estima-se que 8% da força de trabalho no Brasil tenha pelo menos um tipo de trabalho noturno.

A questão é que trocar o dia pela noite, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), está associado ao desenvolvimento de algumas doenças devido à inversão do ciclo circadiano. A seguir, explicamos melhor esta relação.

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Como o trabalho noturno induz alterações no ciclo circadiano

O ciclo circadiano funciona como um relógio biológico ao longo do dia, sendo influenciado principalmente pela luminosidade. Ele é responsável pelas variações diárias no metabolismo, incluindo a regulação dos horários de sono.

Os funcionários noturnos são expostos a níveis reduzidos de luz, mas como se deparam com a claridade natural da manhã no fim do turno, o relógio biológico sofre alterações, impactando as reações químicas que acontecem no corpo.

Efeitos do trabalho noturno no organismo

Mas quais efeitos o trabalho noturno pode ter no organismo? O mais evidente, sem dúvida, é o cansaço. Dificuldade de assimilar informações, lapsos de memória, mau humor constante e perda de empatia são algumas características da fadiga.

Em longo prazo, passar por cima do relógio biológico ativa genes relacionados ao estresse do retículo endoplasmático, uma pequena estrutura responsável por funções importantes nas células. Essa alteração impacta negativamente o metabolismo, aumentando o risco de desenvolver problemas cardiovasculares, obesidade e diabete tipo 2.

Trabalhar à noite também pode mudar a resposta do corpo ao estresse oxidativo. Isso significa que virar a noite pode causar efeitos como o envelhecimento precoce, um processo ligado a maior incidência de alguns tipos de câncer.

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Como gerenciar os riscos do trabalho noturno

Como se viu, trabalhar à noite contraria o ritmo biológico. Porém, para algumas atividades é essencial que existam turnos noturnos. Portanto, as medidas preventivas são recomendações que buscam equilibrar os efeitos adversos e cuidar do bem-estar das pessoas.

Essas medidas incluem a redução de turnos fixos noturnos. Caso isso não seja viável, uma alternativa são os turnos de rotação rápida, com sequências de noites trabalhadas menores – de duas a quatro noites consecutivas.

Outra dinâmica simples e também benéfica é fornecer alimentos apropriados para funcionários do turno da noite – quem já trabalhou na madrugada certamente teve dificuldade em encontrar opções saudáveis para se alimentar.

Para prevenir a sobrecarga psíquica e muscular, as pausas e intervalos de alimentação são fundamentais. Além de incentivar checkups de saúde periodicamente.

Vale lembrar que as normas reguladoras do trabalho noturno estão previstas na NR 17 – Ergonomia, da Secretaria de Inspeção do Trabalho, órgão do Ministério da Economia. O conjunto de práticas preventivas deve ser aplicado conforme o tipo de atividade realizada, considerando os riscos específicos de cada setor.

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