Como seguirá a campanha de vacinação contra a Covid-19

26 de janeiro de 2021

Iniciada em 18 de janeiro de 2021, a campanha de vacinação contra Covid-19 no Brasil tem como prioridade os grupos com maior chance de exposição ao vírus e de adoecimento: os idosos e pessoas com deficiência em instituições de longa permanência, a população indígena e quilombola, os trabalhadores da saúde e pessoas com mais de 75 anos.

Entretanto, com a escassez de vacinas e de insumos para fabricação local, permanece a dúvida: como seguirá a campanha?

Adiamento da 2ª dose da vacina

Conforme registro feito junto à ANVISA, os dados de eficácia das vacinas distribuídas pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz são baseados na realização de duas doses, aplicadas com intervalo de duas a quatro semanas.

Porém, ao levar em consideração o aumento expressivo do número de casos nas últimas semanas em diversos países, aliado a escassez de imunizantes, alguns governos (incluindo França e Estados Unidos) levantaram a hipótese de postergar a segunda dose.

Essa estratégia, por unanimidade, não é a ideal. No entanto, tem como ponto positivo aumentar o percentual de indivíduos imunizados, ainda que parcialmente, visando diminuir as taxas de internações e mortes, mesmo que de maneira temporária.

A realização da segunda dose seria adiada, não suspensa. Nesse cenário, foram levantados dois eventuais impactos negativos: a discordância de informação, uma vez que campanhas massivas ratificam a importância de um esquema vacinal completo; e a falsa sensação de segurança decorrente da imunização parcial, com uma parcela da população que não completará o esquema num segundo momento.

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Depois dos grupos de maior risco, de quem é a vez?

No Brasil, o Plano Nacional de Vacinação tem como próximas prioridades: pessoas de 60 a 74 anos, pessoas com comorbidades e deficiência grave permanente, moradores de rua, população privada de liberdade e funcionários dessas instituições, trabalhadores da educação do ensino básico e superior, forças de segurança, forças armadas e trabalhadores do transporte – abarcando empregados do transporte público, linhas aéreas, transporte metroviário, rodoviário e aquaviário.

Depois da vacinação dos grupos prioritários, uma possibilidade é a vacinação conforme faixa etária, que não requer relatórios médicos acerca de comorbidades ou comprovante de trabalho relacionado à maior exposição ao vírus.

Outra alternativa é priorizar a população em regiões com maior número de casos ou de mortes associadas à Covid-19. Essas áreas, com frequência, possuem menor renda e maior dificuldade de aplicação de medidas preventivas, além de escassos serviços de saúde.

As vacinas disponíveis ainda são eficazes?

Recentemente, variantes do coronavírus foram identificadas no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil. Pesquisas têm levantado a hipótese dessas variações estarem relacionadas à disseminação mais fácil do vírus ou a quadros mais graves da doença.

Apesar de ainda não haver comprovação, medidas de segurança foram implementadas, como o fechamento de fronteiras e lockdown em algumas regiões. A França também orientou a população geral a substituir as máscaras de tecido pelas cirúrgicas. No Brasil, segue a recomendação de máscaras de tecido em três camadas.

Com o aumento do número de brasileiros vacinados, novos estudos poderão avaliar se a resposta imune gerada pela vacina é capaz de neutralizar a variante identificada no Amazonas. Por enquanto, segue a certeza de que as medidas de precaução continuam como pilar na prevenção de novos casos.

Escrito por Naiane Ribeiro Lomes, médica infectologista e consultora da It’sSeg. Referências: JN Learning, JAMA Network, New York Times, Reuters, Nature.

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