O SARS-CoV-2, famoso Coronavírus, é um vírus de RNA. Isso significa que seu material genético se encontra armazenado em uma única fita codificadora. O processo de replicação dessa fita não é perfeito e, à medida que alterações não reparadas acontecem, surgem as mutações.
Outros vírus, como da gripe e o HIV, também sofrem mudanças ao se multiplicar. O coronavírus, para se ter ideia, sofre modificações com metade da velocidade do vírus da gripe e apenas um quarto da velocidade do HIV. Ou seja, a taxa de mutação demonstra ser menor.
Mutações do coronavírus: o que elas significam?
Desde o início da pandemia, foram identificadas mais de 12 mil mutações no genoma do SARS-CoV-2. Boa parte delas não são capazes de alterar sua composição final, logo, não apresentam perigo. Já uma parcela menor dessas mutações é capaz de alterar a estrutura de proteínas que o compõem. Transformações como essa ajudaram o vírus a “saltar” de animais, como morcegos, para humanos.
Outra mutação, chamada D614G, altera a proteína Spike: presente na superfície do coronavírus, ela auxilia a entrada dele nas células e facilita seu reconhecimento pelo sistema imunológico. Essa mutação pode estar relacionada a uma identificação menor do vírus pelo nosso sistema imune, dificultando sua eliminação, e já é dominante no continente europeu e outros países desde abril de 2020.
Na Inglaterra, em dezembro, identificaram a N501Y, que gera uma nova alteração na proteína Spike, possivelmente, associada a maior transmissibilidade da doença, mas não a maior agressividade dela. Porém, essa relação ainda não está confirmada. A mutação foi encontrada em lugares com baixos níveis de isolamento social, o que pode ter facilitado a transmissão.
Mutações não são ameaça para vacinas
Apesar dessas mutações estarem relacionadas a Spike – alvo das principais vacinas contra a Covid-19 – a imunização tem na mira diversos segmentos da proteína, o que garante sua eficiência caso algum deles seja alterado. Entretanto, mutações podem se acumular, reduzindo a eficácia da vacina e demandando alterações. Semelhante ao que acontece com a vacina da gripe, que é adaptada anualmente.
Uma pesquisa, recentemente, identificou uma nova versão do SARS-CoV-2 no Rio de Janeiro, contendo cinco mutações em seu material genético. O estudo, que ainda passará por revisão, não confirma se a mudança torna o vírus mais agressivo ou contagioso. Mas, também, não há indícios de que o torne resistente às vacinas produzidas até o momento.
Tendo em vista que a vacinação, apesar de apresentar dados robustos de segurança e eficácia, ainda não está amplamente disponível, o distanciamento social e cuidados individuais (incluindo higienização frequente das mãos e uso de máscaras) seguem como as medidas mais efetivas para reduzir o número de casos da Covid-19.
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FONTES: Revista Nature, Revista The BM, CDC, Fiocruz