Como preparar a sucessão familiar nas fazendas

03 de março de 2021

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

No Brasil, como no mundo, grande parte da produção agropecuária é feita por empresas familiares. Seja grande, médio ou pequeno, esses empreendimentos têm papel significativo no desenvolvimento econômico do país.

No entanto, segundo dados do IBGE, de cada 100 empresas familiares brasileiras, 30% chegam na segunda geração e apenas 5% na terceira geração. Os números comprovam que muitas não conseguem sobreviver a essa passagem ou chegam lá com muita dificuldade.

Mesmo nas fazendas familiares de maior porte, a discussão sobre sucessão é rara e também difícil. Para contribuir com a continuidade dessas empresas, é necessário discutir abertamente esse processo.

Motivos que influenciam os jovens a permanecer ou não no campo

As propriedades rurais, hoje, estão mais organizadas e dispõem de tecnologia, possibilitando acesso à educação e renda mais estável. Contudo, isso nem sempre é suficiente para garantir a permanência dos jovens na agricultura. Eles ainda enfrentam problemas relacionados ao lazer, assim como a falta de rendimento salarial.

Estudos indicam que a decisão do jovem pela permanência na propriedade está relacionada a sua autonomia. Além disso, o ambiente familiar e as condições socioeconômicas também são elementos importantes, pois possibilitam a ele desenvolver seus projetos pessoais.

Mas, independentemente de herança, renda ou autonomia, o ponto mais relevante para a decisão de ficar é o gosto pelas atividades agrícolas. Sem vocação, ele opta por sair.

Como preparar herdeiros para assumir o negócio?

Para evitar danos ao patrimônio ou mesmo emocionais, é crucial entender a sucessão familiar como um processo que requer planejamento, dado que se trata de uma ferramenta essencial para a longevidade do negócio, apesar das particularidades de cada família.

O ideal é que o processo sucessório seja desenvolvido de forma gradual, em etapas estruturadas, que começam pela identificação do potencial sucessor, passam pela sua preparação para a gestão e terminam na transferência do patrimônio. Tal estrutura exige comunicação entre os familiares, sendo capaz de estabelecer regras que norteiem a sucessão, para formar uma visão comum do negócio e do seu futuro.

Desafios da sucessão familiar no agronegócio

  • Aspectos críticos da transferência patrimonial

Entre os pilares do processo sucessório, a transferência patrimonial tende a ser o mais difícil, por vários fatores. A comunicação é um deles, porque pressupõe a exposição de princípios e valores individuais, no intuito de que sejam definidos objetivos e funções que permitam a sustentabilidade do empreendimento. O diálogo é o primeiro passo para que, no futuro, conflitos sejam evitados e a harmonia da família seja mantida.

O fato de residirem na propriedade é outro fator, já que, por vezes, dificulta que os agricultores separem o que é patrimônio pessoal do que é patrimônio da empresa. Por esse motivo, é comum que a divisão de terra aconteça de forma imparcial e igualitária, o que pode colocar em risco o futuro do negócio familiar.

  • Aspectos críticos da transferência de gestão

Na transição da gestão é fundamental que as duas ou mais gerações trabalhem em conjunto. Questionamentos sobre remuneração, comprometimento, estilo de vida, entre outros, irão surgir ao longo do caminho. Por isso, bom relacionamento interpessoal e cooperação são necessários, para possibilitar a divisão da carga de trabalho e tomada de decisões.

A comunicação será, novamente, primordial para estabelecer regras e propósitos que irão orientar a conduta familiar e a liderança. Além da resolução de questões operacionais, mais do que nunca, com a acirrada competitividade do mercado, é preciso reconhecer que fazendas familiares são empresas e, sendo assim, devem ser administradas como tais.

A sucessão só faz sentido se houver estratégia

A transferência de uma empresa familiar para a geração seguinte deve acompanhar um plano de negócios, que antecipe tendências de mercado e estabeleça medidas para alcançar suas metas, com a intenção de preparar a fazenda para demandas futuras. Adoção de novas tecnologias, certificações de processos produtivos e cuidados com o meio ambiente, por exemplo, são alguns assuntos que já estão em voga na agropecuária moderna.

A sucessão representa a possibilidade de renovação da fazenda familiar, sendo comprovadamente uma motivação para a expansão do negócio. Nas famílias com dificuldade para identificar um potencial sucessor, a tendência é que os investimentos cessem ou mesmo retrocedam. Naturalmente, a expectativa de expansão deve estar no escopo do plano estratégico.

 

Referências: Ipea, IBGE, UFFS.

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