Como o mercado plant-based pode mudar a indústria alimentícia

30 de março de 2021

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Com a estimativa de crescimento da população mundial, seguida por mudanças de comportamento, a indústria de alimentos mira em um novo perfil de consumidor. Para muitos pode parecer impossível imaginar um prato sem carne, mas tendências mundiais mostram que alimentos de origem vegetal, sobretudo a proteína, estão em ascensão.

Tendências da indústria alimentícia

Os conceitos de vegetarianismo e veganismo não são novos, mas ainda causam confusão. Enquanto o primeiro elimina a carne da dieta e restringe seus derivados, o segundo transcende a comida e é uma filosofia de vida, na qual nenhum produto de origem animal é consumido (inclusive no vestuário e na higiene).

Há também outras duas vertentes que tem ganhado espaço na mesa dos consumidores: a plant-based, que se trata de uma alimentação baseada em alimentos naturais, orgânicos e sustentáveis; e a dieta flexitariana, que busca reduzir o consumo de carne, embora, esporadicamente (e em proporções menores) inclua alimentos de origem animal.

Segundo pesquisa do GFI Brasil em parceria com o IBOPE, realizada em 2020, 49% dos brasileiros declaram ter reduzido o consumo de carne, sendo que 39% afirmam consumir alternativas vegetais pelo menos três vezes por semana.

As razões para o consumo de produtos feitos a partir de ingredientes vegetais acompanham tanto um aumento da população vegetariana quanto o maior envolvimento com questões ambientais e preocupação com a saúde. A procura também é motivada por intolerâncias ou alergias relacionadas ao leite animal.

Gigantes como Mantiqueira, Marfrig, JBS, Fazenda Futuro, Danone, Nestlé e Unilever já começaram a investir neste novo consumidor. Em 2019, pela primeira vez no Brasil, uma série de produtos foram lançados para atender às demandas desse mercado, entre eles estão ovos, hambúrgueres, nuggets, maionese, leites e derivados vegetais.

Mudanças no agro

O aumento da população mundial também é um fator importante no incentivo à indústria. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, até 2050, teremos 9,8 bilhões de habitantes no planeta e 66% estarão no meio urbano. Na América Latina, esse percentual será de 86%. Isso significa maior demanda de alimentos e escassez de recursos naturais, principalmente de água.

Associado ao crescimento populacional, soma-se a mudança de comportamento dos consumidores. As pessoas procuram, cada vez mais, produtos naturais e sustentáveis.

Para Raquel Casselli, gerente do The Good Food Institute, vale ressaltar o potencial do Brasil, líder na produção de grãos, em criar proteínas e ingredientes voltados para esse mercado, inclusive com maior valor agregado.

“A maioria dos lançamentos de carnes vegetais utiliza soja e ervilha na sua composição, como fonte proteica. Isso mostra que o produtor de grãos pode ter maior rentabilidade tanto por causa da demanda pela commodity, quanto pela oportunidade de agregar valor no processamento e venda de um produto minimamente manufaturado, com melhores margens”, sugere Raquel, acrescentando que é possível estudar a diversificação da matéria-prima olhando para as potências, como o feijão.

O consultor em agronegócio Carlos Cogo explica que a tendência mundial do consumo baseado em vegetais deve remodelar a indústria do alimento. O uso de produtos e nutrientes vegetais com alto teor de proteína (soja, trigo, ervilhas, grão-de-bico, girassol, etc.) irá migrar para a produção de plant-based.

A demanda por proteína vegetal tende a favorecer fazendas familiares, comenta Cogo. “A agricultura familiar tem perfil para se beneficiar dessa tendência, pois está preparada para produzir vegetais de forma diversificada e, se necessário, em menor escala”, lembra.

Ainda segundo o consultor, consumidores das gerações X e Y tendem a escolher marcas e alimentos provenientes de fontes sustentáveis. A sinalização, portanto, é de que a indústria tenha mais engajamento consciente sobre como a comida é produzida. O consumo estará mais voltado para a saúde e o bem-estar, valorizando produtos naturais e orgânicos.

A coordenadora do Itt Nutrifor, Renata Ramos, vislumbra que a indústria da carne terá de se remodelar para agregar valor ao produto, reforçando a saudabilidade. “A cadeia da carne terá que ser sustentável. Mesmo que o consumidor queira uma proteína a partir de grão de bico, por exemplo, se a indústria gera muito resíduo, o consumidor não vai comprar. Portanto, a empresa precisa ser transparente e isso vem junto com o produto”, analisa a pesquisadora.

 

Fontes: Revista Globo Rural, Jornal VS, GFI Brasil

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