A necessidade de repensar os processos da cadeia de alimentos, focando em uma produção mais sustentável, não é uma discussão nova. As mudanças climáticas e o crescimento da demanda global por alimentos já mostravam a importância dessa pauta. Contudo, apesar da resiliência do setor, a pandemia mostrou fragilidades no sistema.
Existe uma urgência clara de ação conjunta, em direção a objetivos de sustentabilidade. E para isso, a inovação pode ser uma grande aliada, como indica o relatório “From Farmgate to Plate: Top Food & Ag Innovation Trends for 2021”, lançado pelo FoodBytes!, uma iniciativa do Rabobank de colaboração entre empresas de alimentos e do agro.
A pesquisa indica os aspectos que irão guiar a cadeia de produção de alimentos por um caminho ainda mais sustentável. São eles:
Cadeias de suprimentos sustentáveis
A compra de produtos em grandes quantidades no início da crise da Covid-19 provocou um efeito cascata: estoques acabaram, causando aumento nos preços e gerando desperdícios. Isso foi um alerta de oportunidade para a indústria ter mais agilidade e capacidade de resposta.
A pandemia ainda gerou visibilidade sobre a origem dos alimentos, demandando uma relação entre custo e conscientização (cost-consciousness) e produtos sustentáveis. Com isso, o relatório aponta há três tendências para acompanhar:
- Tecnologias de rastreabilidade: soluções de blockchain mais sofisticadas e outras ferramentas que ajudam a rastrear alimentos com transparência ao longo da cadeia;
- Melhor saúde animal: os consumidores estão mais atentos a produtos de origem animal, demandando novas formas para reduzir o impacto ambiental nas pastagens;
- Produtos reciclados: o uso ou reaproveitamento de ingredientes que seriam descartados contribuem para a redução das pegadas de carbono.
Melhor gerenciamento de recursos
Governos e consumidores estão cada vez mais pressionando as empresas para investirem na redução das emissões de carbono. O FoodBytes! prevê aumento em 2021 nas seguintes áreas:
- Sequestro de carbono: por meio de decisões sustentáveis de compra, os consumidores têm debatido a agricultura regenerativa como forma de reduzir as pegadas de carbono. Espera-se um impulso nas tecnologias de apoio à saúde do solo como caminho para o sequestro de carbono.
- Redução do uso de água: a escassez de água tem aumentado o interesse em tecnologias agrícolas que geram dados de consumo e auxiliam em tomadas de decisões para o uso mais eficiente dos recursos.
- Redução do desperdício: a redução do desperdício é uma tarefa a ser realizada ao longo de toda a cadeia e as empresas estão definindo objetivos ambiciosos contra o desperdício — por razões ambientais e econômicas.
- Embalagens sustentáveis: a economia circular e a colaboração com o varejo serão aspectos chave para as empresas. Em 2021, espera-se inovações de design, materiais alternativos e modelos de negócios reutilizáveis de baixo custo.
A próxima fronteira da nutrição
Além da sustentabilidade, a qualidade nutritiva tornou-se uma questão de extrema relevância para os consumidores, que avaliam qual impacto os alimentos terão em sua saúde.
A tecnologia será fundamental no desenvolvimento de produtos, na demanda por novos ingredientes e melhor compreensão do valor nutricional dos alimentos. Estarão em alta:
- Alimentos como remédios: consumidores buscam por alimentos que tragam benefícios à saúde, seja no apoio ao envelhecimento ou para estimular a imunidade, nutrindo corpo e mente.
- Além das proteínas vegetais: a procura por alimentos plant-based segue em ascensão. Mas o interesse tem ido além das proteínas vegetais. As empresas estão explorando outros nutrientes das plantas, como as fibras.
- Biotecnologia e alimentos: a busca por alimentos mais saudáveis e sustentáveis deve aumentar a biotecnologia alimentar, com soluções como edição de genes e genomas, fermentação e agricultura celular.