A cada dois anos a ANS atualiza seu Rol de procedimentos, uma relação do atendimento mínimo que deve ser oferecido aos beneficiários. Se por um lado, há a expectativa para saber quais exames e tratamentos terão cobertura, afinal a atualização é feita com base nas demandas dos consumidores, por outro, há grande preocupação com o impacto financeiro que essas inserções podem causar.
De acordo com a própria agência reguladora, as atualizações podem causar um incremento de custos de 0,5% a 1,5% nas despesas assistenciais. Mas o estudo “Estimativas de Custo e Impacto de Tecnologia na Despesa Assistencial”, da FenaSaúde, chegou a porcentagens significativamente maiores.
Se 16 dos 26 itens propostos na atualização, entre medicamentos, terapias e exames, forem incorporados à cobertura obrigatória dos planos de saúde, as despesas devem aumentar cerca de 4%. Um custo extra de R$ 5,4 bilhões em relação as despesas de 2016.
O mercado está preparado?
A crise e o desemprego afetaram em cheio o setor de saúde suplementar, que viu o número de beneficiários nos planos assistência médico-hospitalar cair 1,5 milhão desde o início da recessão. Mesmo assim, o volume de utilização e custo de saúde não recuaram.
Pelo contrário. O VCMH, índice que mede a inflação médica-hospitalar, foi de 19% para 19,4% no último ano. Entre as causas estão o envelhecimento da população, aumento das doenças crônicas, fraudes, desperdícios e a incorporação de novas tecnologias sem o devido critério de avaliação.
A questão é se será sustentável absorver mais este custo. Afinal, a conta tem que fechar e, não são só as operadoras que arcam com isso. O impacto dessas mudanças atinge todos os elos da cadeia de saúde suplementar. Todos pagam a conta.
A análise de custo-efetividade de tecnologias e do impacto financeiro precisa se tornar realidade. Isso já acontece no SUS, com a Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Ministério da Saúde e em outros países, como Japão, Reino Unido, Austrália e EUA com as metas de Avaliação de Tecnologia em Saúde (ATS). E, se queremos tornar o mercado de saúde nacional mais sustentável, também deveria acontecer na saúde suplementar.