História do algodão no Brasil e desafios tecnológicos na produção

25 de novembro de 2021

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O algodão é a quarta cultura mais importante da agricultura brasileira, depois da soja, cana de açúcar e milho. Mas antes da chegada dos portugueses, povos indígenas já dominavam o cultivo da planta no Brasil, sendo capazes de colher, fiar, tecer e tingir tecidos feitos com suas fibras.

A produção do algodão para o comércio externo começou só no século 18, na região nordeste – com destaque para o estado do Maranhão que, em 1760, exportou as primeiras sacas do produto para a Europa. Rapidamente, o país se tornou um dos maiores produtores mundiais, impulsionado pela demanda inglesa e norte-americana.

Até então, os produtores se dedicavam ao plantio do algodão arbóreo perene, de fibras mais longas. O cultivo da espécie herbácea, de fibra mais curta, começou em São Paulo, que se firmou como centro produtor por um período. Os altos custos das terras e a concorrência de outras culturas, entretanto, incentivaram novas áreas de plantio como Mato Grosso e Goiás.

No final da década de 90, com a mecanização do cultivo e desenvolvimento de novas tecnologias para o controle de pragas e doenças, a produtividade da cultura deu um salto, e a pluma brasileira voltou a ter destaque no mercado internacional.

Atualmente, o algodão é produzido por mais de 60 países – e entre os cinco maiores produtores está o Brasil, ao lado da China, Índia, EUA e Paquistão. Estima-se que o comércio da fibra movimenta no mundo, anualmente, cerca de 12 bilhões de dólares e envolve mais de 350 milhões de pessoas em sua produção, desde as fazendas até a embalagem.

Perspectivas da produção de algodão no Brasil

O cenário interno é favorável, pois estamos entre os maiores consumidores de algodão no planeta. A demanda mundial também tem aumentado gradativamente desde a década de 1950. Para o chefe-geral da Embrapa Algodão, Liv Severino, as perspectivas da produção para os próximos anos são promissoras:

“Do lado da demanda, a elevação da renda e da população, principalmente na Ásia, e a tendência mundial de consumo de produtos naturais, em substituição aos materiais plásticos sintéticos, impulsionarão o consumo das fibras naturais. Do lado da oferta, o Brasil dispõe de terra e tecnologia para atender ao aumento do consumo mundial de algodão. A qualidade do produto, os avanços nos métodos para controle de pragas e doenças tropicais, a obtenção de variedades mais produtivas, o desenvolvimento de sistemas eficientes de produção e a destacada organização da cadeia produtiva dos produtores brasileiros são fatores decisivos para a conquista dos mercados nacional e internacional”, avalia.

Desafios da agricultura tropical

Por estar situado em ambiente tropical, o Brasil tem algumas vantagens competitivas em relação às regiões produtoras de ambiente temperado. Uma delas é a possibilidade de explorar economicamente a terra ao longo de todo ano, enquanto nas regiões temperadas a agricultura é pouco significativa na estação fria. Outra vantagem é o ciclo reduzido das culturas, que ocorre de forma mais rápida devido às temperaturas elevadas.

Por outro lado, a agricultura tropical possui desafios que não são observados nas regiões temperadas, como a intensidade e severidade do ataque de pragas, de doenças e plantas daninhas, favorecendo perdas econômicas ao produtor. Com o aumento das pragas, aumenta também o número de aplicações de defensivos, e consequentemente, a resistência de insetos, plantas daninhas e microrganismos.

O ritmo rápido de surgimento de populações resistentes aos insumos e às técnicas de manejo disponíveis causam o aumento dos custos de produção, além de maior complexidade no sistema produtivo. Essa é uma preocupação constante dos agricultores, pois enquanto os custos sobem a cada ano, os preços dos produtos agrícolas não aumentam de forma proporcional, o que ameaça a rentabilidade da atividade.

A solução para a sustentabilidade do cultivo de algodão no Brasil, segundo pesquisadores da Embrapa, é o aumento da biodiversidade nos sistemas produtivos por meio da rotação de culturas e do controle biológico, de modo a reduzir os danos causados pelas pragas.

Além do manejo em campo durante o ciclo da cultura, a colheita e o armazenamento do algodão são fases importantes para a manutenção da qualidade do produto, que deverá atender ao crescente e exigente mercado consumidor. E isso começa com um planejamento adequado e seguro desde a lavoura.

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