Os efeitos da espiritualidade na promoção da saúde

02 de fevereiro de 2021

Os efeitos da espiritualidade na saúde vêm sendo avaliados há anos, demonstrando sua relação com vários aspectos do bem-estar físico e mental.

A espiritualidade pode ser definida como uma propensão a buscar propósito para a vida por meio de conceitos que transcendem o tangível: um sentido de conexão com algo maior que si próprio, que pode ou não incluir a religião.

Embora os mecanismos de como os valores espirituais agem no organismo ainda sejam desconhecidos, estudos já comprovam que a espiritualidade tem efeitos positivos sobre quem passa por algum sofrimento – seja físico, emocional ou mental. A Organização Mundial da Saúde, inclusive, reconheceu oficialmente e inseriu a espiritualidade entre os aspectos para avaliar a qualidade de vida.

O impacto da espiritualidade na saúde mental e física

De acordo com estudos científicos, a espiritualidade fornece recursos para lidar com o estresse, que podem aumentar a frequência de emoções positivas e reduzir a probabilidade de distúrbios emocionais como depressão, transtorno de ansiedade, suicídio e abuso de drogas, o que a alçou a fator de promoção da saúde.

Ao entender que sua vida está sob controle de algo ou alguém maior, fora de seu domínio, a pessoa tende a enfrentar o sofrimento de forma mais positiva. A certeza de um suporte “além” faz com que a angústia diminua, e os sentimentos favoráveis trazem conforto. Essas crenças também ajudam a normalizar a perda e a mudança.

Mas suas vantagens não se limitam à saúde mental. Cultivar a espiritualidade já tem sido objeto de muitas pesquisas que a associam à prevenção de enfermidades como doença arterial coronariana, hipertensão, AVC (acidente vascular cerebral), Alzheimer e demência, funções imunológica e endócrina, câncer, dor e melhora da longevidade.

A espiritualidade aparece como fator preventivo mesmo quando se considera as causas das doenças, afirma o cardiologista Álvaro Avezum, diretor da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do estado de São Paulo). Ele explica que o processo de adoecimento, seja cardiovascular ou por câncer, passa pela má adaptação da sociedade no estilo de vida, começando com o sedentarismo, alimentação não saudável e tabagismo. Aqui entra a espiritualidade: comportamentos que têm o potencial de prejudicar o corpo são, geralmente, desencorajados.

Além disso, atitudes negativas como raiva e estresse liberam hormônios nocivos à saúde. Tais sentimentos aumentam a descarga de substâncias como cortisol, que baixam a imunidade e propiciam o surgimento de condições que a pessoa já está predisposta a ter – o que pode variar de problemas no coração até gastrite, úlcera e desordens psicológicas.

De acordo com um dos maiores pesquisadores sobre o tema, o psiquiatra Harold G. Koenig, ao reduzir o estresse e as emoções negativas, aumentar o apoio social e afetar positivamente os comportamentos de saúde, a espiritualidade pode ter um impacto favorável em uma série de doenças e na resposta do tratamento.

Espiritualidade no ambiente corporativo

De certa forma, a espiritualidade é inerente ao ser humano, e sendo as empresas compostas por pessoas, o mundo corporativo não é espiritualmente neutro. O foco das organizações deve ser o bem-estar coletivo e o reconhecimento de que os trabalhadores possuem uma vida que nutre e é nutrida pelo significado do trabalho que realizam, dentro da comunidade onde estão inseridos.

O percurso para a espiritualidade no ambiente corporativo pode começar com o incentivo a práticas como meditação, ioga, comunicação não violenta, programas de autodesenvolvimento, entre outras. Essas atividades estimulam o vínculo afetivo e a relação de fraternidade entre os funcionários. Também, em vez de encorajar a competição, é preciso estabelecer a ideia de somar esforços e construir redes de solidariedade.

Entretanto, vale ressaltar que, apesar de todas as vantagens, a espiritualidade não deve ser encarada como uma substituição dos cuidados médicos. Mas pode ser vista como uma aliada, capaz de potencializar o bem-estar e a qualidade de vida.

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Fontes: Harold Koenig, Revista de Psiquiatria Clínica, UOL/Viva Bem e Estadão.

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