Mercado de resseguros pressiona precificação do seguro garantia

04 de dezembro de 2025

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

O encarecimento do resseguro internacional e a menor disposição de grandes players globais em assumir riscos no Brasil têm pressionado — de forma direta — a precificação do seguro garantia.

Seguradoras enfrentam custos mais altos na renovação de contratos e limites mais restritos, o que resulta em taxas maiores e processos de análise mais rigorosos para empresas que dependem da cobertura.

Em 2024, o movimento ganhou força: foram desembolsados R$ 26 bilhões em resseguros no país, alta de 4,4% sobre o ano anterior, segundo dados divulgados pela Veja.

Pressão internacional altera a precificação no Brasil

Desde 2023, resseguradores vêm revisando posições em mercados emergentes, reduzindo capacidade e aumentando o valor das renovações.

O Brasil — pela combinação de alta demanda, projetos de longo prazo e ambiente jurídico complexo — passou a receber atenção especial.

O efeito aparece primeiro no preço:

  • contratos proporcionais ficaram mais caros;
  • proteções de excesso de perdas tiveram aumento relevante;
  • e a margem para descontos praticamente desapareceu.

Operações antes rotineiras agora exigem análises mais profundas, sobretudo em setores sensíveis à volatilidade financeira.

Capacidade menor alonga prazos e exige fracionamento

A redução de exposição dos resseguradores também diminuiu limites por tomador nas seguradoras.
Em grandes projetos — como obras públicas, concessões e infraestrutura — já é comum dividir a emissão de garantias entre várias companhias para atingir o valor necessário.

Esse fracionamento alonga prazos e aumenta a complexidade da operação.

O Brasil consome hoje cerca de R$ 1,5 trilhão em capacidade de seguro garantia considerando apólices vigentes em diferentes segmentos, o que pressiona ainda mais a retrocessão internacional e exige planejamento cuidadoso das seguradoras sobre o uso de suas cotas.

Para o tomador, a consequência é direta: processos que antes levavam dias agora podem demorar semanas, dependendo da análise financeira e do volume de co-seguro necessário.

Endurecimento na análise vira rotina

Com a pressão internacional, seguradoras intensificaram seus critérios internos. Hoje, há exigência maior de:

  • demonstrações financeiras recentes,
  • análise profunda de liquidez,
  • avaliação rigorosa do endividamento,
  • histórico de judicialização,
  • e presença mais frequente de comitês de risco.

Empresas com balanços pressionados ou forte dependência de contratos públicos enfrentam barreiras mais altas para obter garantias.
O processo tornou-se mais técnico e menos flexível comercialmente.

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Demanda crescente agrava o desequilíbrio

A retomada de grandes projetos — especialmente ligados ao novo PAC — aumenta a necessidade de garantias ao longo de 2025.
Ao mesmo tempo, a capacidade internacional permanece estável ou reduzida.

A carteira de seguro garantia no Brasil mostra crescimento acelerado:

  • 2021: R$ 3,03 bilhões
  • 2022: R$ 3,55 bilhões
  • 2023: R$ 4,32 bilhões
  • 2024: R$ 5,08 bilhões
  • Até ago/2025: R$ 4,05 bilhões

O avanço reforça o descompasso entre oferta e demanda, criando um ambiente de preços elevados e maior seletividade das seguradoras.

Pressão contínua e necessidade de planejamento

A avaliação predominante no mercado é de que o hard market global deve continuar no curto e médio prazo.
Resseguradores seguem focados em metas de rentabilidade, o que limita a expansão da capacidade e mantém preços altos.

Para seguradoras, o desafio é equilibrar preço, risco e competitividade em um ambiente mais caro.
Para tomadores, a adaptação inclui:

  • fortalecer indicadores financeiros,
  • organizar documentação com antecedência,
  • e negociar garantias antes dos marcos críticos dos projetos.

O seguro garantia, historicamente sensível aos ciclos internacionais, deve permanecer em um cenário em que planejamento será determinante para empresas que dependem da modalidade.

 

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