Mutações do coronavírus e vacina: o que sabemos até agora

07 de janeiro de 2021

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

No início de dezembro de 2020, a Organização Mundial de Saúde foi informada sobre a identificação de uma variante genética do SARS-CoV-2. Isso foi possível por meio do sequenciamento do material genético do vírus, que permite seu detalhamento.

Esse estudo foi realizado após observado, no Reino Unido, o aumento expressivo do número de casos de Covid-19. Retrospectivamente, observou-se que essa mutação já estava presente em amostras de setembro – e atualmente é encontrada em outros países.

Qual o impacto dessa mutação do coronavírus?

Essa mutação, especificamente, é capaz de se disseminar mais rápido entre as células do sistema respiratório. Entretanto, ainda não há relação com formas mais graves da doença.

Os exames diagnósticos ainda são confiáveis?

O exame de PCR é um teste que identifica mais de um segmento do material genético do coronavírus, o que aumenta sua confiabilidade. Se um dos segmentos sofreu mutação, outros provavelmente estarão preservados, permitindo o diagnóstico.

As mutações são capazes de reduzir a eficácia das vacinas?

Para produzir uma reação imune, as vacinas utilizam como antígeno a proteína S do SARS-CoV-2, que possui diversos segmentos. Caso um deles sofra mutação, outros estarão preservados, mantendo sua eficácia. Para que essas mudanças gerem impacto, reduzindo a eficácia da vacina, é necessário o acúmulo de diversas mutações.

Quais vacinas estão previstas para serem utilizadas no Brasil?

Até 1º de janeiro de 2021, nenhuma vacina teve seu pedido de registro ou uso emergencial solicitado frente à Anvisa. Portanto, seu uso ainda não está autorizado no Brasil. Espera-se que nas próximas semanas esses pedidos sejam entregues. Finalizado essa etapa, a liberação costuma ser rápida.

A rede privada terá vacina disponível?

A Associação Brasileira das Clínicas de Vacinas (ABCVAC) iniciou a negociação para a compra de vacinas e sua utilização no setor privado. Propõe-se o uso do imunizante Covaxin, liberado para uso emergencial na Índia em 03/01/21. O medicamento deve seguir as mesmas normas de liberação da Anvisa. Estima-se que o custo pode variar entre 10 e 50 dólares, dependendo do imunizante.

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Depois de vacinado, estarei dispensado do distanciamento social?

A vacinação pode apresentar dois efeitos: a prevenção contra qualquer forma de infecção pelo SARS-CoV-2 (melhor resposta imunológica), bem como proteger somente das formas graves da doença. Isso significa que, mesmo tendo recebido as duas doses da vacina, as medidas de proteção devem ser mantidas até que uma parcela maior da população esteja imunizada.

Diminuindo a circulação do vírus, reduz também as chances de adoecimento de pessoas não vacinadas, até que ocorra a imunidade de rebanho. Lembre-se que coronavírus, assim como o vírus da gripe, sofre mutação. Ou seja, uma nova dose de vacina pode ser necessária no futuro.

Escolas poderão retornar?

Para reduzir os danos causados pelo afastamento do ambiente escolar, foram elaboradas estratégias de retorno gradual, conforme o momento epidemiológico na região. No estado de São Paulo, o retorno às aulas está programado para 1º de fevereiro.

Se uma área estiver nas fases vermelha ou laranja, as escolas da educação básica, que atendem alunos da educação infantil até o ensino médio, poderão receber no máximo 35% dos alunos. Na fase amarela, as escolas ficam autorizadas a atender até 70% dos estudantes, e na verde 100%. Foram elaboradas recomendações sobre cuidados do ambiente escolar e avaliação de risco para retorno, tanto de alunos quanto de funcionários, priorizando atividades não presenciais aos grupos de risco.

Escrito por Naiane Ribeiro Lomes, infectologista e médica parceira da It’sSeg. Fontes: Anvisa, Centro de Controle e Prevenção de Doenças (EUA), ABCVAC, Governo do estado de São Paulo e Ministério da Educação.

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