Na gestão do benefício da sua empresa, mais um ponto de atenção

04 de abril de 2019

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Custos de exames médicos têm variação de até 1300% em laboratórios

Ao longo da minha carreira já participei de encontros, palestras e reuniões para falar sobre os impactos financeiros relacionados à gestão dos benefícios nas empresas. Também escrevi um pouco sobre isso em alguns artigos anteriores que falamos em como reduzir custos de saúde da empresa, sem sacrificar as pessoas ou sobre gestão estratégica em tempos de crise.

Mas, entre todos os itens que falamos diariamente em nossos clientes, um me chamou atenção em especial. No final do ano passado, fizemos na It’sSeg um estudo com 10 clientes que, juntos, somam mais de 20.000 vidas. No estudo, foram mapeados 113 redes de laboratórios em São Paulo e seis diferentes exames comumente solicitados pelos médicos e identificamos que os custos de exames em laboratórios de imagens e análises clínicas, atualmente, podem variar em até 1300% – dependendo do tipo de exame e prestador escolhido.

No exemplo mais discrepante, um exame de colesterol, cujo valor médio é de R$ 9,34, chega a custar R$ 131,64 em alguns laboratórios – ou seja, 1309% acima da média verificada. Estamos falando de um procedimento em que valor mínimo cobrado é de R$ 5,11.

Se levarmos em consideração que o impacto de exames simples e complexos no sinistro total dos contratos de planos de saúde corporativos pode chegar até 18%, mais do que nunca é importante acompanhar mais este ponto, atrelando ao perfil e às características de utilização dos colaboradores.

Precisamos falar com todos os elos da cadeia

Eu entendo que haja uma variação de valores, principalmente quando analisamos critérios como marca, qualidade, comodidade, protocolo e posição geográfica. Porém, mais uma vez, voltamos ao assunto de como nos comunicamos tão mal no mercado de seguros. Em outro artigo que escrevi já havia abordado que, cada vez mais, temos a obrigação de esclarecer a todos os elos da cadeia de saúde suplementar qual é o seu papel no sistema.

Aliás, precisamos esclarecer que é um sistema onde cada um tem um peso, uma importância e um impacto. Nem todos os beneficiários se sentem comprometidos a se cuidar e ter uma boa saúde. Também não entendem que a realização excessiva de exames, práticas indevidas e quebras de reembolso e idas desnecessárias ao pronto-socorro impactam a cadeia e, portanto, seu próprio bolso. O problema é que o bolso geralmente é o da empresa, e o beneficiário precisa ter a compreensão que as suas atitudes refletem discussões em torno da redução do benefício e, mais indiretamente, outros custos como o de pessoal.

Ligue os pontos

Temos no Brasil a cultura dos especialistas. Deixamos de ter um médico de família, de confiança e que conhece o nosso histórico. Isso afeta diretamente nossos cuidados em saúde, uma vez que cada médico especialista poderá pedir um novo exame, ou repetir um exame ainda na validade.

Some a diferença de valores de exames entre os prestadores com o fato de que alguns médicos brasileiros pedem exames demais e o resultado será, cada vez mais, a incapacidade de gerenciar os custos com a saúde. Não estamos julgando ou colocando a culpa dos exageros apenas nos médicos, sabemos das dificuldades diárias e o quanto estão pressionados por tempo para atender um alto volume de pacientes para que possam, ao final do dia, pagar suas despesas com o consultório.

Porém, a realização excessiva de exames e a inclusão de novas tecnologias, que não substituem as já existentes, resulta no desperdício alarmante que existe hoje no setor. Além de aumentar os custos de saúde, sem trazer o devido retorno na evolução de tratamentos, expõe os pacientes a riscos desnecessários, como o excesso de radiação.

Lembre-se, não existe uma bala de prata para redução de custos

O mapeamento de risco, a adoção de uma modelo de atenção primária e o acompanhamento contínuo do paciente podem incrementar os resultados clínicos, reduzir o desperdício com exames e aumentar a qualidade e eficiência do serviço prestado.

Mas, não existe uma única solução. Você já se perguntou qual é a sua estratégia para gestão dos riscos da sua saúde e da saúde da sua empresa? É preciso expandir a discussão em torno dos custos para a dimensão da cadeia de saúde suplementar e compreender que é necessário fazer efetivamente o envolvimento de todos os elos dessa cadeia. Portanto, faça a sua parte!

Thomaz Cabral de Menezes

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