O tema ESG começou a se intensificar recentemente no Brasil. No último ano, discussões acerca do assunto em redes sociais cresceram mais de 7 vezes, segundo relatório do Pacto Global da ONU (Organização das Nações Unidas). No setor empresarial, 84% dos representantes afirmaram que o interesse sobre os critérios ESG aumentou em 2020.
Além da questão ética e do compromisso social, conquistar novos mercados, reduzir riscos e acessar crédito mais barato são algumas vantagens para empresas com essa estratégia, na qual bons resultados financeiros e desenvolvimento sustentável caminham juntos.
No RH, a adoção de conceitos ESG é um reflexo da preocupação social e também da necessidade de mudança cultural nas empresas, do comportamento de suas lideranças e funcionários. A seguir, entenda o que isso significa e como a área pode atuar estrategicamente.
O que a sigla ESG quer dizer sobre uma empresa?
ESG é uma sigla em inglês para environmental, social and governance. São as práticas ambientais, sociais e de governança de uma organização. O termo foi cunhado pelo secretário-geral da ONU Kofi Annan em uma publicação do Pacto Global, em 2004, sobre como integrar esses três fatores no mercado de capitais.
Contudo, o pensamento de um desenvolvimento sustentável, no qual os negócios criassem valor para todas as partes interessadas, havia começado a ganhar força alguns anos antes, com o filósofo Edward Freeman em seu livro “Strategic Management: A Stakeholder Approach”. E a própria Organização das Nações Unidas contribuiu para a conversa, em 1987, apontando a importância de suprir as necessidades atuais sem afetar as futuras gerações.
Basicamente, ESG é o olhar do setor financeiro para essas questões. Com as empresas sendo acompanhadas de perto por investidores e consumidores cada vez mais atentos, além do resultado financeiro, seu compromisso socioambiental ganha evidência: torna-se indicativo de maior competitividade e maior resiliência, seja no mercado interno ou externo.
Quais são os critérios ESG?
De modo simplista, é dito que estar em conformidade com as práticas ESG significa agir para minimizar impactos negativos na sociedade e potencializar os positivos, assim como equacionar prejuízos já provocados.
São esperadas iniciativas de combate às ameaças ambientais (Environmental), pensando principalmente nos impactos de longo prazo. Mais do que obedecer às normas e leis, essas empresas integram a sustentabilidade à estratégia de negócios.
A esfera Social tem a ver com criar um valor compartilhado, no qual clientes, colaboradores, fornecedores e até as comunidades onde estão inseridas sejam contempladas. Eliminar práticas de discriminação no emprego, não violar direitos humanos e assegurar o bem-estar de todos são pontos importantes.
Da governança (Governance) são esperadas transparência, ética e responsabilidade ao tomar decisões em assuntos como Pessoas, Remuneração e Risco. Há ainda a preocupação com a formação das próximas lideranças e criação de mecanismos internos de compliance.
Como o RH faz parte disso?
No Brasil, os parâmetros ESG estão em seu estágio inicial. Essa abordagem, contudo, está evoluindo. É nítido que empresas que não consideram questões ambientais e sociais estão mais expostas a impactos negativos, no curto e longo prazo.
Porém, sem a participação efetiva do RH nenhuma estratégia de ESG é viável. Ela exige mudança de cultura, demanda políticas de diversidade e inclusão, formação de novos líderes, identificação de novas competências e o desenho de políticas de remuneração variável condicionada aos índices de sustentabilidade, social e governança.
Os líderes e conselhos de administração são o elo de integração dessa agenda no planejamento e rotina de todos os colaboradores – que por sua vez, são fundamentais para transmitir a cultura da empresa não só aos clientes, mas às pessoas que estão a sua volta.