No dia 16 de março, a Microsoft divulgou seu relatório anual de tendências do trabalho. Intitulado “Grandes Expectativas: permitindo que o trabalho híbrido funcione”, a pesquisa deixa evidente que a experiência vivida nos últimos dois anos mudou fundamentalmente a forma como as pessoas definem o papel do trabalho em suas vidas.
Para ajudar os líderes a lidar com essas mudanças, o Índice de Tendências do Trabalho de 2022 descreve cinco descobertas de um estudo com 31.000 pessoas, de 31 países — incluindo Brasil, Argentina, Colômbia e México na América Latina — em conjunto com uma análise de trilhões de sinais de produtividade do Microsoft 365 e tendências no LinkedIn. Acompanhe:
1. Os funcionários têm uma nova equação sobre o que “vale a pena”
A pandemia reformulou as prioridades dos funcionários. Do total de trabalhadores entrevistados, 53% dizem que são mais propensos a priorizar sua saúde e bem-estar sobre o trabalho do que antes da pandemia. O percentual de funcionários latino-americanos é maior, com 70% deles priorizando sua saúde e bem-estar. No Brasil, o número aumenta para 71%.
Os dados também mostram que a força de trabalho continua em transição. Muitos funcionários híbridos estão considerando uma mudança para remoto, enquanto ainda mais funcionários remotos consideram uma mudança para híbrido nos próximos meses. Ao mesmo tempo, 43% dos funcionários estão propensos a mudar de emprego — ligeiramente acima de 41% em relação a 2021.
Além do pagamento, os quatro principais aspectos do trabalho que as pessoas consideram “muito importantes” para a empresa fornecer são: cultura positiva (46%), benefícios de saúde mental/bem-estar (42%), senso de propósito/significado (40%) e horário de trabalho flexível (38%). A geração Z lista o feedback positivo/reconhecimento como sua quarta prioridade.
2. Gestores sentem-se presos entre as expectativas da liderança e dos funcionários
Mais da metade dos gestores entrevistados (54%) sente que a liderança em sua empresa está fora de sintonia com as expectativas dos funcionários. E 74% dizem que não têm a influência ou recursos necessários para fazer mudanças em nome de sua equipe.
De acordo com o estudo, a fonte dessa tensão está relacionada ao retorno do trabalho presencial. Metade dos gestores dizem que sua empresa está planejando voltar ao escritório em tempo integral nos próximos 12 meses, mas a maioria dos funcionários (58% entre os brasileiros) prefere a flexibilidade do modelo remoto e híbrido.
“Não há como apagar a experiência vivida e o impacto duradouro dos últimos dois anos. Capacitar os gestores para se adaptarem às novas expectativas dos funcionários ajuda a preparar as empresas para o sucesso no longo prazo”, diz Jared Spataro, vice-presidente executivo na Microsoft.
3. Os líderes precisam fazer com que o escritório valha a pena
O terceiro ponto-chave da pesquisa aborda a necessidade de reimaginar o papel do escritório para garantir que o tempo juntos seja intencional. Mais de um terço (38%) dos funcionários híbridos dizem que seu maior desafio é saber quando e por que ir ao escritório. No entanto, poucas empresas (apenas 28%) estabeleceram acordos para definir claramente as novas normas.
Outro dado relevante é que 43% dos funcionários remotos e 44% dos funcionários híbridos dizem que não se sentem incluídos nas reuniões. Esse resultado indica que, embora as empresas estejam progredindo nos investimentos em espaço e tecnologia, há trabalho a ser feito em relação à cultura.
O estudo conclui que os líderes devem estabelecer o porquê e quando ir ao escritório. “Isso significa definir o propósito da colaboração pessoal, criar acordos de equipe sobre quando se reunir pessoalmente, definir a etiqueta de reunião híbrida e repensar como o espaço pode desempenhar um papel de apoio”.
4. Trabalho flexível não precisa significar “sempre ativo”
Embora as reuniões estejam em alta no geral, elas estão ficando mais curtas e mais destinadas a uma finalidade específica. Os padrões de produtividade no Outlook mostram que as reuniões com menos de 15 minutos, agora, representam a maioria (60%). Os dados também indicam a mudança para o trabalho assíncrono como parte do novo normal.
“Como todos estão trabalhando em horários e lugares diferentes, é importante mudar o máximo de trabalho possível para ser assíncrono, e realmente intencional quando as pessoas estiverem juntas”, diz Jaime Teevan, cientista-chefe da Microsoft.
5. A reconstrução do capital social é diferente num mundo híbrido
Um dos aspectos mais sentidos do trabalho remoto e híbrido é o impacto que ele teve nos relacionamentos. Apenas metade dos trabalhadores remotos entrevistados dizem ter um relacionamento próspero com sua equipe direta, e menos ainda têm um relacionamento forte com pessoas de fora da equipe.
Com 51% do total de trabalhadores híbridos considerando uma mudança para o modelo totalmente remoto no próximo ano, sendo 58% na América Latina e o mesmo número no Brasil, as empresas não podem depender apenas do escritório para recuperar o capital social que perderam nos últimos dois anos.
“Quando o equilíbrio entre vida profissional e pessoal está fora de controle, a maioria das pessoas corta a construção de relacionamentos para assuntos mais urgentes”, diz Constance Hadley, psicóloga organizacional que estuda relacionamentos no local de trabalho. “Independentemente do status remoto, construir relacionamentos ainda parecerá um luxo que os trabalhadores não podem pagar, a menos que haja uma mudança na forma como o tempo é priorizado e valorizado pelos gestores.”