O preço invisível das Doenças Crônicas: como sua empresa pode agir

14 de junho de 2025

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT) representam um desafio crescente para a saúde global e, consequentemente, para o ambiente corporativo. De acordo com o Fórum Econômico Mundial, o prejuízo global estimado até 2030 pode chegar a US$ 47 trilhões devido a essas condições. Para as empresas, isso se manifesta em custos elevados com plano de saúde, absenteísmo e, muitas vezes, em uma perda silenciosa de produtividade.

Imagine um colaborador que está presente fisicamente, mas sua performance é comprometida por fadiga, dores constantes ou desafios emocionais decorrentes de uma DCNT. Essa “presenteísmo” — estar presente, mas não produtivo — é um fenômeno comum e ilustra o impacto invisível dessas doenças no desempenho organizacional.

Para aprofundar esse tema e discutir estratégias eficazes, reunimos um time de especialistas: Thiago França, enfermeiro e coordenador de saúde; Ricardo Akamine, médico; e Jaqueane Santana, enfermeira.

O que são as DCNT e por que elas preocupam as empresas?

As DCNT são condições de longa duração, progressão lenta e causas multifatoriais, exigindo acompanhamento contínuo. As mais prevalentes incluem:

  • Hipertensão arterial
  • Diabetes Mellitus
  • Asma
  • Doenças relacionadas ao tabagismo
  • Obesidade
  • Problemas de saúde mental, como transtornos depressivos e ansiedade generalizada

Ricardo Akamine ressalta uma mudança no perfil dessas doenças: “Hoje, fatores como o sedentarismo e a sobrecarga emocional são mais determinantes na sua propagação.”

Além dos impactos na produtividade individual, os custos associados às DCNT são expressivos. Isso inclui despesas com atendimentos médicos, internações e medicações de alto custo. Akamine destaca um dado alarmante: “A aplicação do Princípio de Pareto mostra que de 5% a 25% dos pacientes crônicos são responsáveis por cerca de 80% dos gastos em saúde.” Isso evidencia a urgência de uma gestão proativa por parte das empresas.

O papel das empresas: do reconhecimento ao acompanhamento

As empresas têm um papel fundamental na mitigação desses riscos. Jaqueane Santana enfatiza a importância de reconhecer o perfil de saúde dos colaboradores. Ela sugere um ponto de partida pragmático: “Não há problema em começar com pouco, mapeando três doenças, por exemplo, desde que esse ‘pouco’ seja bem estruturado.”

Para iniciar esse mapeamento, o primeiro passo é realizar um diagnóstico populacional detalhado. Isso envolve a coleta e análise de dados como:

  • Faixa etária e gênero
  • Hábitos de vida
  • Condições de saúde mais prevalentes, utilizando fontes como exames periódicos, relatórios do plano de saúde, atestados médicos e questionários internos de bem-estar.

Com essas informações, a empresa pode identificar as doenças mais incidentes e os principais fatores de risco em sua população. O próximo passo é estruturar programas personalizados de gestão de saúde, alinhados ao perfil identificado, que devem incluir:

  • Definição clara de prioridades e metas de saúde.
  • Desenvolvimento de ações focadas em prevenção, acompanhamento e promoção de hábitos saudáveis.
  • Ajuste das políticas internas conforme a natureza das funções. Por exemplo, colaboradores em setores operacionais podem demandar maior atenção a doenças osteomusculares, enquanto funções administrativas podem exigir foco em saúde mental.

Comunicação e Engajamento: fatores críticos para o sucesso

A eficácia de qualquer programa de saúde está diretamente ligada à sua comunicação e engajamento. Jaqueane alerta: “Às vezes, dois colaboradores se cruzam na empresa e um pergunta ‘Você participa do programa de saúde?’, e o outro responde ‘Que programa é esse?’. Isso não pode acontecer. A adesão depende de uma comunicação clara e eficaz.”

Isso significa ir além de simples comunicados. É crucial desenvolver uma estratégia contínua que utilize múltiplos canais e formatos para realmente alcançar e envolver os colaboradores: e-mails, murais, aplicativos internos, rodas de conversa, campanhas temáticas e workshops interativos.

Além disso, a adaptação contínua é fundamental: “Todos os programas precisam de ajustes; é preciso recalcular a rota observando as necessidades reais”, ressalta Jaqueane. Um programa de gestão de DCNT deve ser personalizado, levando em conta as especificidades de cada organização e o perfil de saúde único de seus colaboradores, garantindo relevância e sustentabilidade a longo prazo.

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