O retorno das atividades cotidianas, como shoppings, restaurantes e academias, traz novamente à tona o impacto do coronavírus. A nova rotina, ainda que com restrições, permitiu a ressocialização e a reabertura de postos de trabalho, com possível impacto positivo na economia.
Para os trabalhadores, que permaneceram em atividade essencial ou estão retornando ao escritório, vale uma avaliação. É importante ressaltar que o risco de transmissão existe não somente durante o trabalho em si, mas também em algumas ações correlatas, como o uso de espaços comuns da empresa e o deslocamento para o trabalho.
Nesse cenário, medidas de prevenção devem abraçar o maior número de riscos possíveis, dentro e fora do ambiente profissional. Para isso, é imperativo ter um olhar cuidadoso na percepção dos funcionários em relação a eles mesmos, ao ambiente e seu novo papel. Medidas de isolamento, overdose de noticias (verídicas ou não) e incertezas em relação ao futuro levaram a um aumento expressivo de ansiedade, distúrbios do sono e depressão.
Critérios para avaliar o retorno das atividades
Entre as orientações da OMS (Organização Mundial de Saúde) e do CDC (Centro de Controle de Doenças – EUA), o retorno ao ambiente de trabalho deve respeitar a situação epidemiológica local e adotar medidas de prevenção.
As instituições também concordam que as chances de complicações e morte entre os indivíduos não é igual. Há um acréscimo importante entre aqueles com mais de 60 anos ou doenças associadas (obesidade, hipertensão, diabetes, etc).
Cabe, então, avaliar a decisão do retorno com as seguintes perguntas:
- Como está a saúde do funcionário?
- A atividade que ele desempenha tem alta taxa de exposição ao vírus?
As camadas do risco ocupacional nos orientam acerca de quais medidas necessitam ser implementadas para uma atividade segura: uso de máscaras, adaptação do local para torná-lo menos ocupado ou utilização de barreiras físicas, como as paredes de acrílico e escudos faciais. Mas a avaliação da atividade em si também é fundamental.
Pessoas em contato constante com outras pessoas ou deslocamentos frequentes, como vendedores, profissionais da saúde ou equipes de manutenção, têm risco maior de exposição ao vírus em comparação com trabalhadores de escritório, por exemplo.
Avaliando o indivíduo, lançamos um olhar mais cauteloso a outro grupo
Indivíduos que são produtivos economicamente e demandam reinserção, independentemente da idade ou problemas de saúde: como estratégia de mitigação de riscos, foi recomendado realocar essas pessoas em tarefas ou setores com menos exposição, além de permitir a jornada de trabalho flexível.
Para os mais jovens e com comorbidade controlada (duas ou mais doenças relacionadas), um retorno gradual parece ser uma estratégia aceitável, respeitando limitações e riscos. Entre os indivíduos com mais de 60 anos ou com doenças graves, adiar o retorno para reduzir desfechos desfavoráveis pode ser prudente.
Nesse sentido, uma avaliação integrada das equipes de Saúde Ocupacional e Recursos Humanos é extremamente relevante para identificar e alocar essas populações. Como alternativa há o retorno gradual, que demanda um contingente menor, facilitando a análise de cada caso e, ainda, a reavaliação de protocolos implementados na empresa.
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