Retorno do El Niño: como a previsão de temperaturas recordes pode impactar o agronegócio?

28 de maio de 2023

Tempo estimado de leitura: 2 minutos

De acordo com cientistas climáticos, o mundo pode quebrar um novo recorde de temperatura média em 2023 ou 2024, impulsionado pelo retorno antecipado do fenômeno El Niño.

“Após três anos do padrão La Niña, que geralmente reduz ligeiramente as temperaturas globais, o planeta experimentará um retorno ao El Niño, a contraparte mais quente”, destaca Carlo Buontempo, diretor do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus da União Europeia.

Durante o El Niño, os ventos que sopram para o oeste ao longo do Equador diminuem e a água quente é empurrada para o leste, criando temperaturas mais quentes na superfície do oceano.

“Esse evento climático é normalmente associado a temperaturas recordes em nível global. Ainda não se sabe se isso acontecerá em 2023 ou 2024”, afirma o diretor.

O ano mais quente já registrado no mundo até agora foi 2016, coincidindo com um forte El Niño – embora a mudança climática tenha alimentado temperaturas extremas mesmo em anos sem o fenômeno.

O fim do La Niña e o retorno do El Niño para a agricultura no Brasil

 

Após três anos de inúmeros problemas para a produção agrícola do Brasil, o fenômeno climático La Niña oficialmente terminou. A confirmação foi divulgada recentemente pela Administração Oceânica e Atmosférica (NOAA).

“O sistema de oceano-atmosfera do Pacífico tropical passou para neutro, permitindo que a NOAA emitisse o “Aviso final sobre La Niña”, informa o boletim.

Os impactos desse evento foram irreversíveis para o agronegócio brasileiro. Além da seca e temperaturas mais elevadas no Sul, que influenciaram diretamente na safra de grãos, na alimentação para o setor de granjeiros e até mesmo no abastecimento para a população, os três anos de La Niña trouxeram efeitos negativos nas últimas safras de café, laranja e hortifruti de modo geral. Todos os setores ainda buscam uma recuperação efetiva para voltar à normalidade na produção.

Previsões e impactos do El Niño

 

A partir de agora, segundo a NOAA, as atenções se voltam para o retorno do El Niño no Brasil. A ocorrência pode alterar o regime de chuvas já no segundo semestre de 2023.

“Muitos de nossos modelos climáticos de computador estão prevendo uma transição para o El Niño ainda este ano, com chances em torno de 60% já no outono”, afirma a última análise.

O NOAA destacou ainda que os próximos meses serão determinantes para a confirmação do fenômeno climático. O período atual é, de acordo com a publicação, justamente quando os modelos têm mais dificuldade em fazer previsões precisas.

Em terras brasileiras, se tratando de um fenômeno clássico, as regiões que mais sentem a influência do El Niño são o Sul e Nordeste. Na região Sul, a tendência é de chuvas mais frequentes e abundantes, enquanto no setor nordestino as precipitações tendem a ser abaixo da média, com grande possibilidade de secas e estiagens. Ou seja, a expectativa é de um cenário totalmente diferente do observado nos últimos anos.

Reflexos do fenômeno em outros países

 

Olhando para os nossos vizinhos argentinos e uruguaios, a condição climática também deve mudar bastante, uma vez que ambos os países passaram por seca generalizada ao longo dos últimos anos, resultando em grandes quebras de safra. Segundo o Servicio Meteorológico Nacional (SMN), o mês de março foi marcado por muito calor, mas com retorno gradual das chuvas. Em outras palavras, página virada e com boas perspectivas.

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