De acordo com o Censo 2022, a população com 65 anos ou mais cresceu 57,4% em 12 anos e já soma 22,2 milhões de brasileiros. Se considerarmos todos com 60 anos ou mais, esse grupo já representa 15,6% da população, segundo o IBGE.
Com a idade média total atingindo 35,5 anos e projeções indicando que chegará a 48 anos até 2070, o impacto no mercado de trabalho é inevitável.
Profissionais 60+ querem trabalhar, mas enfrentam barreiras
Embora 22,3% das pessoas com 60+ estejam ativas no mercado de trabalho, muitas enfrentam dificuldades para continuar trabalhando. A maioria das empresas ainda prefere contratar profissionais com menos de 40 anos – é o que afirmam 72% dos gestores.
Além disso, 86% das empresas não oferecem planos de carreira para trabalhadores mais velhos, o que limita as oportunidades de crescimento e permanência dessa geração no mercado.
Benefícios que não acompanham as demandas etárias
À medida que cresce a presença de profissionais com 60+ no mercado de trabalho, muitas empresas ainda mantêm políticas de benefícios focadas exclusivamente em perfis mais jovens. Esse desalinhamento tem impacto direto na retenção e no engajamento da força de trabalho sênior.
Benefícios pouco personalizados e ausência de educação financeira voltada à transição de carreira são exemplos de práticas que não consideram as necessidades dessa faixa etária. Além disso, barreiras culturais como o preconceito etário seguem excluindo profissionais experientes de treinamentos, promoções e conversas estratégicas.
Para que equipes multigeracionais se transformem em vantagem competitiva, é preciso repensar as políticas da empresa com foco em inclusão, bem-estar de longo prazo e valorização da experiência.
Como adaptar benefícios para atrair e reter talentos seniores
Com base nas necessidades da força de trabalho sênior, três pilares devem orientar a adaptação das políticas e programas de benefícios nas empresas:
- Saúde personalizada
Profissionais mais velhos tendem a valorizar cuidados preventivos e o acompanhamento de condições crônicas. No entanto, muitos planos de saúde corporativos não oferecem cobertura adequada para esse perfil.
Inclua serviços como check-ups periódicos, reembolso de medicamentos, apoio psicológico e programas de bem-estar, equilibrando atratividade do benefício com sustentabilidade da apólice.
- Educação financeira
A chegada à fase pré-aposentadoria ainda encontra pouca orientação prática dentro das empresas. Programas de previdência, planejamento de aposentadoria e gestão de renda futura dão segurança aos colaboradores e evita desligamentos mal planejados.
- Combate ao etarismo
A exclusão de profissionais seniores de treinamentos, promoções ou decisões estratégicas ainda é comum – mesmo entre colaboradores com histórico sólido de entrega.
Criar uma cultura que valorize a experiência exige ações práticas: campanhas internas de conscientização, metas de diversidade geracional, programas de mentoria intergeracional e acesso igualitário a oportunidades de desenvolvimento. A inclusão etária precisa ser levada a sério.
Longevidade ativa é tendência global
Um estudo da Bain & Company projeta que mais de 150 milhões de empregos no mundo serão ocupados por pessoas com 55+ até 2030. Iniciativas como o Labora no Brasil e políticas públicas de países europeus reforçam que o futuro do trabalho é multigeracional.
Impactos positivos para as empresas
Com profissionais seniores cada vez mais presentes no mercado de trabalho, as empresas que adaptam suas políticas e programas de saúde colhem resultados:
– Redução de rotatividade e preservação da cultura organizacional
– Ambiente mais diverso e inovador com equipes multigeracionais
– Imagem corporativa fortalecida diante de investidores e clientes
Benefícios personalizados, ações de requalificação e combate ao etarismo se tornaram pilares de uma estratégia inteligente para um futuro em que envelhecer será o novo normal.