De acordo a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), 1,6 milhão de pessoas já perderam o plano de saúde de janeiro de 2015 a março de 2016 e, com o avanço das demissões, a expectativa é de que o número chegue a 3 milhões até o final deste ano, já que existe um intervalo de tempo entre a demissão do colaborador e o fim do contrato com o plano de saúde, que pode ser mantido de seis meses a dois anos após o rompimento com a empresa, dependendo de cada caso.
Ao cruzar informações da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) com o Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged), é possível constatar essa diferença. Segundo a Abramge, entre janeiro e março de 2016, 323 mil pessoas perderam o emprego, sendo que 617 mil vidas saíram dos planos de saúde privada. Em 2015, o número de desempregados, cerca de 1,5 milhão, superava o de benefícios cancelados, de 953,2 mil pessoas. Além disso, não se pode esquecer dos dependentes desses colaboradores, que também perdem o direito ao plano.
A performance do mercado de saúde suplementar está sendo a pior desde 2000, quando a ANS começou a registrar os dados do setor. A variação do custo médico-hospitalar atingiu 19,3%, de dezembro de 2014 até dezembro de 2015, de acordo com o Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), e parte desse aumento é decorrente da alta da inflação, que afetou todos os setores econômicos do País.
Impasse pelo reajuste em meio à crise
As operadoras de saúde estão em busca da aprovação da taxa de reajuste entre 18% e 20% para os planos corporativos, dependendo da sinistralidade do ano anterior: quanto mais alta, maior percentual de aumento, sendo 75% o valor de referência de sinistralidade.
Mas, diante do cenário de retração, a previsão é de que ainda ocorram longas discussões em relação ao reajuste, já que as empresas estão em corte de custos e enfrentando diversos processos trabalhistas de ex-funcionários que tentam manter o benefício após a demissão.
Para equilibrar os gastos, as empresas optam por planos mais básicos ou pelo modelo de coparticipação, no qual o colaborador assume parte do custo do procedimento médico.