O avanço dos ataques cibernéticos transformou a segurança digital em prioridade. O tema deixou de ser exclusivo da área de TI para ocupar o centro das discussões sobre continuidade operacional, reputação e governança corporativa.
Segundo a IBM, o custo médio global de uma violação de dados atingiu US$ 4,44 milhões em 2024. Já o Allianz Risk Barometer 2025 aponta incidentes cibernéticos como o principal risco corporativo mundial, superando desastres naturais e falhas operacionais.
Empresas resilientes sabem que a questão não é “se” haverá um ataque, mas “quando”. E é nesse momento que o seguro cibernético faz toda a diferença.
Do incidente à retomada: o ciclo da gestão de sinistro
A atuação da corretora durante um sinistro cibernético exige agilidade, precisão e integração entre múltiplas áreas. O processo costuma envolver quatro etapas principais:
Ativação imediata e triagem do incidente
- O cliente comunica o evento e aciona o plano de resposta.
- A equipe técnica coordena o contato com a seguradora e os especialistas de resposta a incidentes, definindo prioridades e isolando os impactos iniciais.
Investigação e perícia forense digital
- Especialistas analisam a origem, o alcance e o vetor do ataque.
- A corretora orienta sobre medidas de contenção, coleta de evidências e conformidade com requisitos legais e regulatórios (como a LGPD).
Gestão de comunicação e mitigação de danos
- A corretora coordena a interface entre as frentes técnica, jurídica e de reputação.
- São acionados consultores de crise e comunicação, que auxiliam na elaboração de comunicados a clientes, parceiros e autoridades.
Recuperação e reporte final
- Envolve o restabelecimento dos sistemas e dados, avaliação de perdas e pagamento das indenizações.
- A corretora acompanha o processo de fechamento do sinistro e fornece insights para fortalecer a postura de segurança e prevenir novos incidentes.
Essa abordagem integrada reduz o tempo de inatividade enquanto mitiga impactos financeiros e reputacionais.
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Seguro cibernético como instrumento de governança
O processo de subscrição (etapa em que a seguradora avalia o perfil de risco da empresa antes da emissão da apólice) é, na prática, uma auditoria preventiva gratuita.
Por meio de questionários detalhados e entrevistas técnicas, a organização é levada a refletir sobre aspectos muitas vezes negligenciados no dia a dia:
- nível de maturidade dos controles de acesso;
- políticas de backup e criptografia;
- protocolos de resposta a incidentes;
- treinamentos de conscientização;
- governança de fornecedores e uso de nuvem;
- aderência à LGPD e outras normas regulatórias.
Essa metodologia estimula um diagnóstico realista da postura de segurança e evidencia lacunas que poderiam ampliar a exposição ao risco.
Empresas que tratam a subscrição como um exercício estratégico – e não apenas uma exigência contratual – saem do procedimento com um mapa claro de vulnerabilidades e prioridades de mitigação.
Muitas vezes, as recomendações feitas durante a análise do risco permitem fortalecer controles e políticas antes mesmo de qualquer incidente ocorrer, reduzindo não só a probabilidade de sinistro, mas também a potencial repercussão de um ataque.
Resiliência digital é uma construção contínua
Frameworks como o NIST Cybersecurity Framework e a ISO 31000 seguem como referências essenciais. No entanto, é a combinação entre prevenção, prontidão e gestão de sinistro bem estruturada que define o verdadeiro nível de maturidade cibernética.
Empresas maduras revisam periodicamente seus planos, treinam equipes e testam protocolos. Quando o imprevisto acontece, elas contam com processos claros, especialistas acionáveis e governança sólida – fatores que transformam um colapso operacional em uma crise controlada.


