Estratégias de segurança para o transporte de carnes 

21 de dezembro de 2022

O transporte de carnes demanda uma logística eficiente e específica para este tipo de produto. Desde o carregamento do “boi em pé”, como é conhecido o deslocamento dos animais ainda vivos, até a condução de cortes já refrigerados, existem particularidades como o controle de temperatura em tempo real. 

Mas quais os riscos envolvidos neste transporte? Como o produtor, o frigorífico e o comprador podem estar seguros durante o carregamento? Continue a leitura e entenda como proteger seu produto.

Como funciona o transporte de carnes no Brasil? 

Para entender o gerenciamento de riscos no transporte de carnes, é preciso saber como funciona essa logística no Brasil. Há uma categoria primária deste deslocamento que diz respeito ao transporte do “boi em pé”.

A partir do abate, a carne já em cortes é levada aos centros de distribuição, onde são direcionadas aos supermercados, açougues e outros estabelecimentos. No carregamento do boi vivo, por exemplo, há risco de acidentes, portanto, é preciso estar atento às condições do transporte.

Já no deslocamento da carne semi-processada, o grande risco é a perda da qualidade por falta de controle da temperatura. Existe também a possibilidade de roubos potencializados pela região onde o material está sendo transportado.

Quais coberturas o seguro oferece em cada uma dessas etapas? 

De acordo com Dácio Ventura, gerente técnico dos seguros de transportes da It’sSeg, “quando falamos em transportar o ‘boi em pé’, do produtor rural até o abatedouro, aplica-se a cobertura de animais vivos”. 

“É um serviço que assegura desde o exato momento em que você coloca o boi no caminhão até a chegada no abatedouro. Nesta categoria geralmente os bois vão em pé, em gaiolas de grande proporção. Chegando lá, o abatedouro libera o documento de aceite, portanto, acaba ali o risco do transporte do animal vivo”, completa.

Vale lembrar que a cobertura varia de 50 a 200 mil reais de limite para transporte do boi em pé. Este tipo de seguro também pode ser aplicável na importação e exportação.

“Um ponto de atenção que deve ser negociado previamente é a cobertura para perda decorrente de morte ocorrida dentro dos 30 dias após o término da viagem, e que tenha sido causada por acidente, doença ou moléstia durante a vigência do contrato”, relata o gerente. 

Mercadoria processada

Quando acontece o transporte deste tipo de carga, as coberturas possuem outras categorias. Neste caso, existem 4 tipos:

  • Cobertura restrita para cargas resfriadas  
  • Cobertura ampla para cargas resfriadas 
  • Cobertura restrita para cargas congeladas 
  • Cobertura ampla para cargas congeladas 

No caso das coberturas restritas, há suporte para situações de acidentes e incêndio. Para cargas resfriadas, o serviço também cobre a deterioração causada pelo descongelamento devido a paralisação das máquinas frigoríficas. Aqui, observa-se a franquia de 24 horas após a paralisação do equipamento antes de que o seguro seja acionado.

“Se após essas 24 horas o equipamento continuar paralisado e der algum dano na mercadoria, é por conta e risco da seguradora”, Dacio explica.

Quem pode contratar o seguro durante este trajeto? 

Até aqui, tanto o produtor da carne quanto o comprador (que neste caso é o frigorífico) podem contratar o seguro. Desta etapa em diante, o frigorífico também pode contratar o seguro para transportar a carga até as redes de supermercados, por exemplo.

Além disso, o comprador pode contratar uma cobertura que cubra todo o transporte da carne até o destino final, dentro ou fora do Brasil.

Tecnologias e os benefícios para o transporte de carnes 

Se tratando de logística, a tecnologia vem como uma forte ferramenta para otimização de tempo e recursos. Por exemplo, quando uma gerenciadora de riscos é contratada, no caso de frotas refrigeradas, há um controle em tempo real da temperatura do baú. Caso seja observado um comportamento indesejado no clima do caminhão, ela informa o responsável pela carga que deve tomar providências dentro do plano de contingência. 

Da mesma forma que a temperatura é controlada, o motorista também é monitorado pela gerenciadora de seguro (quando este produto é contratado). A partir disso, “a gerenciadora mede o desempenho do motorista e ajuda a diminuir o risco de sinistralidade”, informa Tony Geraldes, consultor de gerenciamento de riscos da It’sSeg.

Como funciona a análise do seguro por parte da corretora? 

Diante de tantos fatores de risco aos quais o transporte de cargas está exposto, é preciso fazer uma gestão que vai muito além do seguro. A contratação é o primeiro passo para medidas mais amplas e abrangentes a fim de diminuir a sinistralidade do transporte e otimizar os recursos da empresa.

“Muitos clientes tomam a gestão de risco como custo. Não é custo, é investimento. Se o interessado enxerga como custo, vamos ter problema. Ele tem que procurar entender o que ele pode fazer de diferente para diminuir os riscos dele com sinistros nas cargas”, reitera Tony.

Antes da contratação do seguro, a corretora solicita o preenchimento de um questionário de análise de risco, que vai pontuar toda ação do contratante e do transporte a ser segurado. 

“Em cima deste questionário e do resultado do seguro (relação dos sinistros que houver) a corretora consegue entender o que foi acidente, o que foi roubo, o que foi perda de temperatura, quais praças contabilizaram mais sinistros, observar se ele teve muita severidade (quando tem grandes perdas), e se teve muita frequência”, completa.

Gestão de risco e política de prevenção de acidentes 

Para manter a qualidade do material, a empresa não pode ficar refém da sorte enquanto grande parte da sua fortuna está sobre quatro rodas. É preciso desenvolver de forma inteligente um programa de gerenciamento de risco

É neste ponto que Tony destaca a importância de ações básicas: “A receita é você, desde o início, conhecer e treinar o seu motorista, porque quem faz a operação de logística é ele. É preciso treiná-lo adequadamente e de acordo com a sua necessidade. Não é somente contar com a apólice de seguros. Você precisa fazer a sua gestão de risco”.

Com isso, mais do que ter bons motoristas e boas gerenciadoras, o próprio contratante do seguro precisa querer fazer o programa de gerenciamento de risco. É importante acreditar também que estas ações são a virada de chave para aumentar a eficiência e segurança logística da sua organização.

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