Shadow data: o risco invisível que amplia o impacto dos incidentes cibernéticos

18 de dezembro de 2025

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

A transformação digital acelerou exponencialmente a criação, o uso e o compartilhamento de dados nas organizações. Em paralelo, ampliou um risco silencioso para a segurança da informação: o crescimento do shadow data. 

Diferentemente dos ataques cibernéticos tradicionais, esse risco não se origina apenas de ameaças externas, mas da falta de visibilidade interna, que amplia a superfície de ataque e dificulta a detecção e a resposta a incidentes.

O que é shadow data e por que ele se tornou um risco 

Shadow data refere-se a todo dado corporativo que existe fora dos sistemas oficialmente gerenciados pela empresa. Não se trata, necessariamente, de informações ocultas, mas de dados que circulam fora da governança institucional  sem classificação, monitoramento ou controles claros de acesso, retenção e descarte.  

Quando a organização não sabe exatamente onde seus dados estão, também não consegue dimensionar onde está exposta. 

Na prática, esse cenário é impulsionado pela busca por agilidade e produtividade. Arquivos armazenados em contas pessoais de nuvem, documentos compartilhados por canais não homologados, backups informais em dispositivos físicos e planilhas locais com dados sensíveis são exemplos recorrentes.  

O risco não está apenas na localização dessas informações, mas na ausência de rastreabilidade sobre quem pode acessá-las, copiá-las ou reutilizá-las. 

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IA generativa e a ampliação da exposição  

A adoção acelerada de ferramentas de IA generativa (ChatGPT, Copilot, Gemini etc.) adiciona uma nova camada de complexidade ao problema. Quando não há diretrizes claras, colaboradores passam a inserir relatórios internos, contratos, dados financeiros ou informações de clientes em plataformas públicas para análise ou apoio à decisão.  

Nesse processo, o dado sai do ambiente controlado da organização e passa a circular em ecossistemas externos, frequentemente sem garantias contratuais, políticas de retenção ou governança adequada. 

Esse movimento contribui diretamente para o crescimento do shadow data e amplia riscos regulatórios, operacionais e reputacionais, especialmente em setores altamente regulados ou intensivos em dados sensíveis. 

O custo real da falta de controle de dados 

Dados de mercado indicam que o custo médio de uma violação de dados permanece elevado, especialmente quando envolve vetores difíceis de detectar. 

Incidentes associados a pishing , credenciais comprometidas  e insiders  figuram entre os mais onerosos, com custos médios próximos ou superiores a US$ 4,8 milhões por ocorrência. Esses vetores exploram, justamente, falhas na gestão de dados, identidades e acessos  um ambiente típico onde o shadow data prospera. 

Tempo de resposta como fator crítico 

O impacto de um incidente cibernético não depende apenas do tipo de ataque, mas, sobretudo, do tempo necessário para identificá-lo e contê-lo 

Casos envolvendo credenciais roubadas ou engenharia social apresentam, em média, quase 300 dias entre a invasão inicial e a contenção, período em que o atacante permanece ativo no ambiente corporativo. 

Quando informações sensíveis estão dispersas em plataformas não homologadas ou ambientes mal configurados, esse intervalo tende a se alongar, ampliando perdas financeiras, exposição regulatória e impacto reputacional.  

Segurança da informação como decisão estratégica 

O avanço do shadow data reforça que a cibersegurança passou a ocupar um lugar central na estratégia de negócio. Hoje, trata-se de uma decisão que impacta diretamente a continuidade operacional, o compliance e o valor da organização. 

Nesse contexto, a pergunta-chave já não é se um incidente vai ocorrer, mas quando  e quão preparada a empresa estará para responder com velocidade, coordenação e resiliência.  

Organizações que equilibram inovação, controle e cultura digital conseguem reduzir a superfície de ataque, acelerar respostas e mitigar o custo total de uma violação. Em um ambiente cada vez mais orientado por dados, proteger a informação é proteger o próprio negócio.

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