O Guia Salarial 2026 da Michael Page aponta que o salário deixou de ser o principal fator de decisão na vida profissional. O que define permanência ou mudança de emprego é o chamado “salário emocional”: um conjunto de fatores intangíveis que proporcionam bem-estar, reconhecimento e propósito.
A pesquisa também revela que, após anos de volatilidade e reajustes pontuais, o País vive um momento de maturidade corporativa. As empresas mantêm faixas salariais estáveis, mas precisam investir em experiências de trabalho mais humanas.
O que é salário emocional
O termo “salário emocional” abrange tudo o que o dinheiro não compra, mas que influencia diretamente a satisfação e o desempenho de um profissional. Isso inclui reconhecimento, autonomia, flexibilidade de horário, equilíbrio entre vida pessoal e profissional, cultura organizacional e oportunidades de desenvolvimento.
O Guia Salarial 2026 mostra que a valorização dos aspectos não financeiros do trabalho é uma tendência consolidada. Apenas 5% dos profissionais brasileiros consideram seus pacotes de remuneração muito atrativos, enquanto 39% afirmam estar insatisfeitos com o que recebem, o índice mais alto da América Latina.
Ao mesmo tempo, 42% dos candidatos dizem valorizar benefícios flexíveis, reforçando que a satisfação no trabalho depende cada vez mais de fatores emocionais e de bem-estar, e não apenas do valor do salário.
O equilíbrio entre bem-estar e produtividade
A Michael Page aponta a correlação direta entre bem-estar e resultados: colaboradores satisfeitos emocionalmente são mais engajados e permanecem por mais tempo nas empresas.
Esse cenário tem levado as organizações a reformular políticas internas, apostando em benefícios personalizados, jornadas híbridas e planos de carreira com propósito.
O conceito de produtividade também mudou. Antes medido por horas trabalhadas, agora é associado à eficiência e à sensação de realização. Para muitos profissionais, ter autonomia e reconhecimento passou a ser mais importante do que metas ou bônus de curto prazo.
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As novas prioridades das empresas
O relatório mostra que, em 2025, a prioridade das empresas brasileiras migrou da contratação para a retenção de talentos.
Entre as estratégias mais citadas estão:
- Investimento em clima organizacional e cultura corporativa;
- Programas de saúde mental e equilíbrio emocional;
- Gestão mais horizontal, com feedbacks constantes;
- Reconhecimento não financeiro, como oportunidades de visibilidade e desenvolvimento.
Essas ações se tornaram decisivas na atração de talentos, especialmente entre as gerações mais jovens, que valorizam autenticidade e propósito acima de recompensas imediatas.
O futuro da remuneração
As empresas mais atraentes, segundo o estudo, são aquelas que promovem autonomia, aprendizado contínuo e pertencimento.
O Guia Salarial 2026 sinaliza que o futuro da remuneração será híbrido: metade financeiro, metade emocional. À medida que o trabalho se torna mais flexível e digital, cresce o valor de fatores como confiança, propósito e equilíbrio.


