Fiscalização Eletrônica: como o cruzamento de dados está transformando a Segurança do Trabalho

12 de novembro de 2025

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

A transformação digital chegou definitivamente à área de Segurança e Saúde do Trabalho (SST). A integração de sistemas e o uso de inteligência artificial (IA) na fiscalização estão redefinindo a forma como o Estado e as empresas previnem acidentes e gerenciam riscos.

O cruzamento de dados entre bases oficiais torna a fiscalização mais precisa, rápida e preventiva — um avanço essencial em um país que ainda registra números alarmantes de acidentes laborais. 

Cenário atual da segurança do trabalho 

De acordo com levantamento do Sindimetal RS, com base em dados do SmartLab de Trabalho Decente (OIT e MPT), o Brasil registrou 724.228 acidentes de trabalho em 2024, o maior número desde 2013.

Entre esses casos, 2.874 resultaram em mortes, o que reforça o desafio contínuo de promover ambientes laborais mais seguros e sustentáveis. 

A digitalização da fiscalização trabalhista 

O avanço da fiscalização eletrônica reflete uma estratégia mais moderna e integrada. O Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) vem ampliando o uso de ferramentas digitais e inteligência de dados para identificar irregularidades, planejar auditorias e orientar políticas de prevenção. 

Entre os principais pilares dessa transformação estão: 

  • eSocial – plataforma que consolida informações trabalhistas, previdenciárias e de segurança do trabalho, incluindo a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) de forma digital. 
  • Cruzamento de dados interinstitucionais – integração entre eSocial, FGTS, Receita Federal e o novo Domicílio Eletrônico Trabalhista (DET), permitindo o monitoramento automatizado de conformidade.  

Segundo dados divulgados em novembro de 2025, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) planeja destinar até 30% dos novos auditores à fiscalização eletrônica, com foco especial em riscos psicossociais e ergonomia.  

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Benefícios do cruzamento de dados para a SST 

  1. Redução da subnotificação

A integração entre os sistemas CAT e SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação) tende a reduzir discrepâncias e subnotificações, tornando o diagnóstico nacional mais confiável.  

  1. Fiscalização mais inteligente e direcionada

Com IA e análise preditiva, o MTE identifica padrões de risco e prioriza fiscalizações em empresas ou setores com maior incidência de afastamentos ou acidentes. A revisão da NR-1 reforça essa abordagem, exigindo o gerenciamento contínuo de riscos ocupacionais, inclusive psicossociais.  

  1. Cultura preventiva baseada em evidências

O cruzamento de dados permite antecipar riscos e orientar políticas públicas. A integração das Normas Regulamentadoras (NRs) ao eSocial está consolidando uma nova era de fiscalização digital e preventiva. 

Desafios da nova fiscalização eletrônica 

  • Qualidade e consistência dos dados: informações incorretas ou incompletas comprometem a análise e podem gerar autuações indevidas. 
  • Proteção de dados pessoais: a aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) é obrigatória em todo o processo de tratamento de informações trabalhistas. 
  • Integração entre órgãos públicos: interoperabilidade entre ministérios e sistemas distintos ainda é um desafio operacional e cultural. 
  • Capacitação das empresas: é essencial que empregadores atualizem seus sistemas internos e treinem equipes para lidar com auditorias digitais e gestão integrada de SST. 

O papel das empresas nessa nova realidade 

Organizações precisam adotar uma postura proativa diante dessa transformação. Algumas ações prioritárias incluem: 

  • Garantir consistência nas informações enviadas ao eSocial. 
  • Implantar sistemas de gestão integrados de SST e RH. 
  • Atualizar programas de gerenciamento de riscos (PGR) e políticas internas conforme as novas NRs. 
  • Promover auditorias internas digitais para prevenir inconformidades antes das fiscalizações oficiais. 

O cruzamento de dados, somado à inteligência artificial, traz mais transparência, eficiência e capacidade de prevenção. Ao mesmo tempo, exige maturidade na gestão da informação e compromisso ético com a proteção dos trabalhadores. 

 

 

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