No início do ano passado, o Relatório de Riscos Globais do Fórum Econômico Mundial trouxe um levantamento das principais preocupações de líderes corporativos para 2023. Entre os pontos de atenção estavam os riscos climáticos, as tensões geopolíticas, além do avanço de ataques cibernéticos.
No decorrer do ano, conseguimos analisar os tópicos que realmente se concretizaram, impactando não apenas as empresas como também o setor de seguros.
Conflito entre Rússia e Ucrânia
O relatório foi taxativo ao mencionar que, ao longo de 2023, disputas políticas poderiam acontecer. “Os líderes estão atentos à tensão entre Rússia e Ucrânia. Os desdobramentos desse acontecimento poderão impactar diversos cenários, incluindo o custo de vida”, informou o documento.
O setor de seguros também fica apreensivo com as perdas financeiras que uma guerra pode ocasionar. Quando existe um conflito em determinada área, os riscos associados às operações comerciais no local são iminentes. Ou seja, os desdobramentos podem afetar, por exemplo, a forma como o Seguro de Transportes é comercializado.
Entre os principais motivos desse impacto está o aumento da incidência de sinistros. Cresce a probabilidade de danos e perdas de cargas devido a bombardeios, sabotagem ou pilhagem.
Ataques cibernéticos
O relatório “Tendências de Segurança Cibernética 2023: As últimas ameaças e as melhores práticas de mitigação de riscos” mostra que os ataques de hackers tinham se estabilizado em 2022, mas cresceram novamente a nível global em 2023.
A falta de conhecimento técnico, a ausência de medidas de adequação à LGPD e o baixo nível de investimentos em segurança da informação têm sido um facilitador para a ocorrência de crimes cibernéticos.
Diante disso, o mercado mundial de Seguro Cibernético tem crescido de forma acelerada. Como consequência, as seguradoras trabalham na calibragem do processo de aceitação de riscos e na composição dos produtos, em termos de coberturas e limites.
O seguro cobre, fundamentalmente, o ressarcimento de custos relativos a incidentes com dados pessoais e confidenciais sob responsabilidade da companhia, incluindo situações com terceiros como vazamento, roubo, sequestro, extravio ou deleção de: pastas de dados de clientes, informações de meios de pagamento utilizados, condições de saúde de funcionários, contratos comerciais particulares, fórmulas secretas, codificação de sistemas, parte de sistemas operacionais que inviabilizam a condução dos negócios, entre outros.
Riscos climáticos
Em paralelo às tensões geopolíticas, outro risco chamou a atenção em 2023: as mudanças climáticas. No Brasil, temos o mercado agrícola, uma indústria a céu aberto que, entre outros aspectos, depende do clima para prosperar. No entanto, as alterações nas condições de risco de uma determinada região impactam a contratação do Seguro Rural.
Em outras palavras, caso a área de cultivo ou a operação agrícola apresentar um histórico de riscos muito altos, como frequentes eventos climáticos extremos, pragas resistentes ou outras situações que aumentem significativamente a probabilidade de perda, a seguradora pode recusar a cobertura.
“Recentemente nós tivemos duas grandes frustrações de safra, onde experimentamos prejuízos altíssimos, muito maiores do que aquilo que foi pago de prêmio. Por isso, o mercado ainda está se adaptando, algumas seguradoras estão se reorganizando no sentido de desenharem melhor os seus seguros”, explica Karina Andrade, diretora de Ramos Elementares da It’sSeg, em bate-papo no videocast Núcleo Agro Seguro.
O que esperar em 2024?
Prever o futuro é sempre desafiador, mas com base em tendências e análises podemos especular algumas possibilidades.
Tensões Geopolíticas
É difícil indicar uma redução significativa nas tensões em todo o mundo. Conflitos existentes, rivalidades entre nações e disputas por recursos estratégicos podem persistir ou até mesmo se intensificar, impactando a estabilidade global e afetando mercados financeiros.
É fundamental revisar cuidadosamente a apólice de seguro de transporte para entender quais eventos estão cobertos ou excluídos. Em casos de áreas de alto risco, as seguradoras podem oferecer cobertura específica para guerra e risco político, porém, isso pode envolver custos adicionais e condições especiais.
Ataques Cibernéticos
A tendência é que esses incidentes sigam como uma ameaça significativa. Com a crescente interconectividade e dependência da tecnologia, é provável que haja um aumento na sofisticação e na frequência desses ataques.
Ao mesmo tempo, não podemos omitir a criatividade e a inventividade dos criminosos, que trabalham continuamente na sofisticação dos mecanismos de invasão, seja na intrusão técnica de plataformas físicas e software, ou na manipulação de usuários por engenharia social.
Por esse motivo, antes de contratar o seguro cibernético, é importante investir em ferramentas que dificultam as ações desses criminosos, tais como:
- Firewall e Antivírus
- Múltiplo Fator de Autenticação (MFA)
- Protocolo de Desktop Remoto (RDP)
- Detecção e Resposta de Endpoint (EDR)
- Planejamento de Resposta a Incidentes
Riscos Climáticos
É esperado que desastres naturais, como furacões, incêndios florestais, inundações e secas, persistam devido às mudanças climáticas. Isso pode aumentar a pressão sobre as seguradoras para desenvolverem novos produtos e modelos de avaliação de riscos mais sofisticados para lidar com esses eventos extremos.
“No caso do setor agrícola, é importante lembrar que a recusa de uma seguradora em assumir um risco não significa necessariamente que outras seguradoras também recusaram. Além disso, é fundamental que o produtor rural veja o seguro como um investimento e não como um custo. Nós temos esse processo educacional, que ocorreu de forma acelerada em vista das perdas nas safras de 2021 e 2022, então as pessoas ficaram mais atentas à questão do risco”, avalia a diretora de Ramos Elementares da It’sSeg.
