Shopping 25, seguros e as áreas de alto risco

07 de novembro de 2024

Artigo escrito com apoio de Rodolfo Martins, superintendente técnico de Ramos Elementares da It’sSeg – Acrisure.

No dia 30 de outubro de 2024, um incêndio no Shopping 25, localizado no Brás, centro da capital paulista, destruiu ao menos 200 lojas. O fogo não deixou vítimas nem atingiu imóveis vizinhos, mas exigiu a evacuação da área.

As causas do incêndio estão em investigação. O Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB), documento que certifica o cumprimento das normas de segurança contra incêndios, estava vencido desde agosto de 2024.

Apesar da falta de um AVCB regularizado não exigir o fechamento imediato do edifício, o funcionamento do shopping deveria ocorrer apenas com a presença de bombeiros civis.

Shopping 25 e o cenário de alto risco

Áreas de alto risco, como o Brás, apresentam desafios para as seguradoras, que costumam adotar uma postura cautelosa ao avaliar a cobertura patrimonial nessas regiões.

Com uma grande concentração de imóveis antigos e um intenso fluxo de pessoas, essas áreas são especialmente vulneráveis a incêndios e incidentes relacionados, como sobrecarga elétrica e curto-circuito, que aumentam o risco de acidentes graves.

O Brás é conhecido por seu comércio popular e grande movimentação de mercadorias, o que frequentemente resulta em edificações adaptadas para suportar operações que podem exceder sua capacidade original.

Muitas construções na região carecem de sistemas protecionais adequados e enfrentam dificuldades para manter documentos obrigatórios atualizados, como o AVCB. Esses fatores demandam cada vez mais das seguradoras uma análise detalhada do risco.

Obstáculos para a cobertura

Quando o risco associado à propriedade é considerado muito alto, é comum que as seguradoras optem por não oferecer cobertura ou utilizem recursos como aumento do valor do seguro (majoração), franquias elevadas e condições mais restritivas para cobrir o imóvel.

No caso do Shopping 25, a localização, somada à atividade comercial e à ausência de sistemas protecionais e documentações atualizadas, provavelmente dificultou ou até mesmo inviabilizou a contratação do seguro.

Casos como esse nos lembram a necessidade urgente de uma abordagem proativa em relação à segurança, especialmente em áreas de alto risco como regiões com alta densidade de comércios populares ou de grande movimentação de carga.

Para proprietários, lojistas e gestores, a mensagem é clara: investir em infraestrutura é essencial não apenas para a conformidade legal, mas para a proteção de vidas e ativos.

O seguro patrimonial serve como o último recurso quando medidas preventivas falham, para proporcionar uma rede de segurança que ajude a restaurar a operação e a continuidade do negócio.

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