Porque a sua empresa pode ser o próximo alvo de ataques cibernéticos

14 de julho de 2025

Tempo estimado de leitura: 5 minutos

O Brasil vive uma silenciosa epidemia corporativa: o crescimento alarmante dos ataques cibernéticos. Enquanto o número de incidentes aumenta, a maioria das empresas ainda falha em reconhecer e mitigar os riscos digitais. Segundo levantamento da IPNews, 58% das organizações brasileiras omitem que foram vítimas de ciberataques e 75% sequer possuem seguro cibernético.

A omissão e a falta de proteção resultam em vazamento de dados, paralisações operacionais, danos à reputação e prejuízos financeiros, que, em alguns casos, pode até comprometer a sobrevivência do negócio.

Mas por que tantas empresas continuam vulneráveis mesmo diante de estatísticas tão claras?

Empresas expostas: quando a omissão se torna um risco estratégico

Uma pesquisa divulgada pelo Opice Blum Advogados aponta que 79% das empresas brasileiras estão expostas a ataques cibernéticos, muitas sem qualquer estrutura mínima de proteção. Mesmo assim, o nível de investimento em cibersegurança permanece abaixo do esperado.

Ainda na mesma pesquisa, três em cada quatro empresas não contam com seguro cibernético, essa ausência pode comprometer toda a operação.

A falta de preparo não se limita à tecnologia. Em muitas empresas, a responsabilidade pela segurança digital é negligenciada, sem liderança clara ou algum plano de resposta a incidentes e é nesse vácuo organizacional que as vulnerabilidades se acumulam.

A maioria dos executivos mantém a crença do “não vai acontecer comigo”, até que o primeiro ataque mostre o custo dessa ilusão.

Imagem e valor de mercado em jogo

O impacto de um ciberataque vai muito além da perda de dados ou da paralização de sistemas. A confiança dos clientes, investidores e parceiros pode ser abalada em questão de horas.  De acordo com recentes pesquisas, crises reputacionais causadas por falhas de segurança podem reduzir o valor de mercado de em até 27%.

Além disso, os custos de resposta a incidentes estão em alta. Empresas vítimas de ataques enfrentam despesas com consultorias técnicas, multas regulatórias, ações judiciais e investimentos emergenciais em segurança.

Muitas vezes, a ausência de um plano prévio de gestão de riscos transforma o incidente em uma escalada incontrolável de danos financeiros e institucionais.

A nova geração de ameaças: inteligência artificial como arma dos ataques cibernéticos

Os ataques cibernéticos estão cada vez mais sofisticados e, agora, também automatizados. Com o avanço da inteligência artificial generativa, cibercriminosos têm desenvolvido métodos mais rápidos, personalizados e difíceis de detectar.

Pesquisas recentes apontam o crescimento dos chamados deepfakes, phishing por voz sintética e tentativas de engenharia social conduzidas por bots inteligentes. A combinação entre IA e vazamento de dados expande exponencialmente a capacidade de manipulação e invasão.

O “Relatório de Inteligência de Ameaças 2025: Identidade Remota sob Ataque”, da iProov alerta para o aumento de ataques que exploram identidade remota e autenticações digitais — pontos críticos em modelos de trabalho híbrido e remoto. Esses golpes, muitas vezes silenciosos e altamente direcionados, se aproveitam de brechas em processos e da ausência de autenticações multifator eficazes.

A consequência é um ambiente corporativo ainda mais frágil, onde a tecnologia virou aliada tanto da inovação quanto do crime digital.

O limbo da cibersegurança: quando ninguém assume o risco

Em muitas organizações, a cibersegurança ainda é tratada como um tema exclusivamente técnico e não como uma questão estratégica. Isso cria um “limbo institucional”, onde nenhuma área se responsabiliza integralmente pela prevenção, a resposta e continuidade de negócios diante de um incidente digital.

Enquanto setores de TI tentam agir com recursos ilimitados, as lideranças corporativas frequentemente subestimam a complexidade dos riscos ou evitam investir por desconhecimento.

Essa desconexão se torna perigosa: sem governança clara, orçamento adequado e engajamento da alta gestão, a empresa parece vulnerável, mesmo que possua ferramentas tecnológicas. Em última instância, a segurança cibernética depende de decisões humanas, processos bem definidos e cultura voltada à prevenção.

O papel da ANPD e a pressão da LGPD

Diante da escalada de ataques cibernéticos, a legislação brasileira tem avançado para exigir mais responsabilidades das empresas. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) já prevê penalidades severas para o vazamento de informações pessoais, o que inclui não apenas os dados de clientes, mas também de funcionários, fornecedores e parceiros.

Em abril de 2024, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) publicou a Resolução nº 15, que detalha procedimentos para a comunicação de incidentes de segurança. A norma exige que empresas notifiquem prontamente as autoridades e os titulares afetados, além de manterem registro e evidências das falhas ocorridas.

Esse movimento sinaliza uma virada: o tempo da impunidade digital está acabando e ignorar a proteção de dados deixou de ser apenas um risco operacional — agora é também um passivo jurídico relevante.

Seguro cibernético: proteção ignorada por 75% das empresas

Mesmo diante de um cenário repleto de ameaças, três em cada quatro empresas ainda não contrataram seguro cibernético. O dado revela mais do que uma questão financeira, ele nos mostra um problema de maturidade organizacional. Em muitos casos, as empresas desconhecem as coberturas disponíveis, subestimam os ricos e acreditam que o TI interno será suficiente para conter danos.

Além disso, há mitos que ainda persistem: a ideia de que o seguro é caro demais, burocráticos ou “só serve para grandes corporações”. Na prática, o mercado tem evoluído com modelos flexíveis e personalizáveis, que incluem desde cobertura de resgates por ransomware até serviços de resposta a incidentes, forense digital e comunicação de crise.

A ausência desse tipo de proteção revela uma visão de curto prazo, na qual o custo de contratar parece maior do que reparar. Até que a realidade prove o contrário.

O que o mundo já entendeu (e o Brasil ainda hesita) sobre ataques cibernéticos

Durante a RSA Conference 2025, um dos maiores eventos globais sobre cibersegurança, especialistas reforçaram a necessidade urgente de integrar segurança digital à estratégia de negócio. As discussões não giraram mais de “se” ataques ocorrerão, mas quando e como reagir com agilidade. Entre os destaques estavam o uso de inteligência artificial para a defesa ativa, planos de resiliência corporativa e a importância de simular incidentes reais, algo que ainda é raro nas empresas brasileiras.

Enquanto isso, no Brasil, muitos setores ainda enxergam a cibersegurança como um custo isolado de TI, sem envolvimento direto da alta liderança. O resultado é um atraso perigoso frente às tendências globais. O tempo da reação está se esgotando e a preparação precisa começar agora.

Os primeiros passos para sair da zona de risco

Proteger a sua empresa contra ciberataques não exige grandes revoluções tecnológicas, mas sim decisões conscientes e estruturadas.  Algumas medidas fundamentais para começar a sair da zona de vulnerabilidade:

  • Mapeie os ativos digitais mais críticos (sistemas, dados, acessos).
  • Implemente autenticação multifator (MFA) em todas as áreas sensíveis.
  • Realize simulações de ataque (pentest ou phishing controlado) para identificar brechas reais.
  • Capacite líderes e colaboradores sobre boas práticas de segurança e resposta a incidentes.
  • Crie um plano de contingência com backups, responsabilidades, fornecedores de resposta rápida.
  • Contrate um seguro cibernético com cobertura alinhada ao seu perfil de risco.
  • Monitoramento constante, a cibersegurança não é evento, é processo contínuo.

A cibersegurança deixou de ser uma preocupação restrita ao universo da tecnologia ela se tornou um indicador direto de resiliência empresarial. Em um cenário onde as ameaças evoluem mais rápido que as defesas, insistir na inércia é assumir um risco silencioso, porém crescente.

Enquanto o mundo avança em proteção digital com inteligência, planejamento e antecipação, parte significativa das empresas brasileiras ainda opera no escuro, espero que nada aconteça. Mas a conta está chegando — e não virá apenas em bytes, mas em reputação, valor e sobrevivência.

 

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