Fazer uma mudança de vida, no sentido de adquirir bons hábitos e viver bem, depende de cada um. Como dizem os estudiosos, a verdadeira motivação é intrínseca, ou seja, ela vem de dentro de cada pessoa. Mas ela pode ser influenciada por alguns gatilhos. E é aí que a empresa pode ajudar.
Já está claro que a qualidade de vida do colaborador é um fator importante para o sucesso de uma companhia. Ele valoriza o salário, claro, mas principalmente trabalhar em algum lugar em que possa manter uma vida saudável física e emocionalmente. E valoriza empresas que promovam isto no seu dia a dia, tanto por meio de uma cultura saudável como por ações específicas. Embora muitas destas ações contem com uma grande participação e contribuam para o clima da empresa, nem sempre elas são eficazes, no sentido de engajar as pessoas nas mudanças de hábito esperadas: sair do sedentarismo, se alimentar bem, fazer exames preventivos etc. Nem sempre elas funcionam como gatilhos.
Para a psicóloga, coach de saúde e gerente de Promoção de Saúde da It’sSeg Seguros Inteligentes, Karina Stryjer, para provocar mudanças, é fundamental que as ações de promoção de saúde sejam pensadas e planejadas com base no momento da empresa e no perfil da população. O primeiro passo a ser dado pelo RH é a elaboração de um estudo preliminar. A consultoria deve ajudar neste diagnóstico, que envolve questões como:
/ Qual é o atual momento da empresa? Os negócios vão bem? Como está o volume de trabalho e de estresse?
/ Qual é o perfil do RH? Há profissionais disponíveis e orçamento compatível para um programa?
/ Qual é o perfil das lideranças e a cultura da empresa? O presidente entende a necessidade e prioriza o programa? A alta liderança é engajada?
/ É um momento de autorreflexão, em que a empresa, particularmente o RH e a alta gestão, toma consciência do seu estágio atual e de seu potencial de implementação de um programa.
Após esse estudo preliminar, vem a etapa do mapeamento. Os colaboradores devem responder a um questionário detalhado sobre seu perfil e seus hábitos de saúde. Alguns não se sentem à vontade e suspeitam que o mapeamento possa ser um mecanismo punitivo. Mas o intuito não é este. Ninguém é identificado e o usual é que seja feito pela consultoria e que o RH só tenha acesso aos percentuais. “A intenção é conhecer os pontos críticos de saúde daquela população e, com base neles, dar um norte às ações”, ressalta Karina.
O estudo preliminar juntamente com o mapeamento de saúde irão garantir que as ações implementadas façam sentido para aquele grupo, tendo assim maior propensão de engajamento e de impacto nos reais problemas.
O trabalho é grande e demanda dedicação de todos os envolvidos. É liderado pelo RH, mas deve engajar toda a empresa. O ideal é que a empresa forme um comitê de qualidade de vida, envolva as lideranças e defina, com base no estudo preliminar e mapeamento de saúde, qual será o foco da política, campanhas, ações e metas, para só então iniciar as ações. “Neste comitê todos participam de maneira sinérgica, elegendo indicadores que vão além daqueles que cercam apenas o percentual de sinistralidade da empresa. Isto é o que já passou. Vamos falar sobre prevenção. Vamos discutir o futuro. ”, destaca Karina.