Microagressões verbais no trabalho: Quando a brincadeira passa do limite

02 de maio de 2024

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

“Que desperdício você ser lésbica”, “seu sotaque é engraçado”, “ela é uma negra bonita”, “pelo menos ele não dá pinta”. Essas falas, muitas vezes ditas em tom de brincadeira, são microagressões verbais.

As microagressões podem acontecer de forma evidente ou não, intencional ou inconsciente. Elas podem estar relacionadas à raça, gênero, orientação sexual, classe social ou qualquer outra característica pessoal.

De acordo com pesquisa da Preply, 30% das pessoas ignoram ou tentam mudar de assunto quando escutam piadas de mau gosto no trabalho, enquanto 19% ficam desconfortáveis, mas não falam nada. Outros 13% confrontam o autor da fala e expressam desaprovação.

Como lidar com microagressões verbais no trabalho?

A superintendente de marketing e integrante do comitê de diversidade e inclusão da It’sSeg, Amanda Favetti, diz que as microagressões impactam no clima, na sinergia e, consequentemente, na imagem da empresa como um todo.

“Quando tem uma pessoa no time que se sente ofendida por uma situação que o outro falou ou que o outro faz com certa recorrência, é importante que o líder tenha conhecimento dessa situação”, comenta.

Amanda ressalta ainda a relevância de fazer treinamentos com os líderes para abordarem esses episódios de forma assertiva. “Assim, os gestores conseguirão proporcionar não só um protocolo de como agir diante dessas situações, mas também saberão como desenvolver um ambiente emocionalmente seguro e responsável”.

Um canal de denúncias também pode ser uma opção para lidar com essas ocorrências, mas a plataforma precisa ser levada a sério. “O que é negativo para a empresa é ter esse canal, receber um depoimento e nada ser feito a respeito. Cai em descrédito”, comenta Amanda.

Quanto mais você se conscientizar das microagressões, mais capaz será de reconhecê-las em situações cotidianas. No entanto, decidir como e quando intervir é uma escolha pessoal.

  • Mantenha a calma: Lembre-se que a agressão diz mais sobre o agressor do que da vítima. Se sua escolha é confrontar, esteja preparado para argumentar com a pessoa e mantenha o diálogo com respeito.
  • Escolha o momento para responder: Considere o ambiente e avalie como criar um espaço seguro para a conversa (na presença de outras pessoas ou em particular).
  • Relação interpessoal: Se você não mantém uma relação de amizade com o autor da brincadeira, avalie como a pessoa costuma reagir a confrontos. Em alguns casos, pode ser necessário envolver colegas na conversa. Se for alguém próximo, é melhor ir direto ao ponto e deixar claro que não achou graça.
  • Relate a ocorrência: Converse com seu gestor imediato sobre a situação. Explique detalhadamente o que aconteceu, quem estava envolvido e o impacto que a microagressão teve. Solicite que a liderança tome as providências cabíveis para coibir esse tipo de comportamento.
  • Procure o canal de denúncias da empresa: Verifique se a sua empresa possui um canal específico para relatar incidentes de discriminação, assédio ou microagressões.
  • Busque suporte: Converse com colegas de confiança que possam testemunhar o ocorrido ou lhe dar apoio emocional. Busque orientação junto a profissionais de recursos humanos ou departamentos de diversidade e inclusão, se disponíveis. Cuide de sua saúde mental e não hesite em solicitar acompanhamento psicológico, se necessário.

Como medir a segurança psicológica no trabalho

E se você for o agente da microagressão?

O primeiro passo é reconhecer o erro. Falas que poderiam ser aceitas no passado, hoje já não são mais. Portanto, é necessário compreender que o mundo mudou.

  • Ouça e coloque-se no lugar do outro: Em conversas desconfortáveis, muitas vezes procuramos a oportunidade de falar em vez de ouvir, então escute a perspectiva do seu colega, mesmo que vocês tenham opiniões divergentes.
  • Peça desculpas: Depois de ouvir o outro, você pode expressar algo como: “Agora percebo que errei nesta situação e peço desculpas por isso”.
  • Mantenha-se informado: Conhecer diferentes visões, culturas e experiências de outras pessoas, amplia nossa consciência sobre a diversidade e a pluralidade de perspectivas. Isso nos torna mais sensíveis a potenciais microagressões que possam ofender ou ferir determinados grupos.
  • Aprenda para não repetir o erro: Conhecer outras perspectivas nos ajuda a desconstruir estereótipos e preconceitos que influenciam nossas interações verbais. Isso diminui a chance de proferirmos microagressões baseadas em suposições errôneas sobre determinados grupos.

Lidar com microagressões exige sensibilidade, educação e comprometimento. À medida que aumentamos nossa consciência e adotamos ações para promover uma sociedade mais inclusiva, podemos contribuir para um local de trabalho mais saudável e produtivo para todos.

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