Covid-19: Recomendações sobre o período de isolamento

14 de janeiro de 2022

Nas últimas semanas foi discutido por diversas instituições, entre elas, o Ministério da Saúde, a redução do período de isolamento de casos suspeitos ou confirmados de Covid-19. A mudança leva em conta dados sobre o período de transmissibilidade do vírus, adesão geral às medidas de segurança e o impacto socioeconômico do isolamento.

A seguir, a médica infectologista Naiane Ribeiro Lomes analisa as últimas atualizações. Acompanhe:

O que diz a OMS

A OMS (Organização Mundial da Saúde), em nota liberada em junho de 2020, orienta isolamento de 14 dias para indivíduos sintomáticos e de 10 dias para os assintomáticos. Esses prazos foram baseados em estudos realizados no início da pandemia, que mostravam a transmissão do coronavírus até nove dias após o começo dos sintomas em pacientes com quadro moderado.

Ao levar em consideração diferentes fatores, a OMS comentou, em reunião à imprensa realizada no dia 06 de janeiro de 2022, que o combate à pandemia inclui uma balança entre as metas relacionadas à prevenção, ao retorno às escolas e ao desenvolvimento econômico.

Neste contexto, estratégias de redução de quarentena com base em testagem podem ser empregadas – pesando o risco de suspender o isolamento de alguém que ainda pode transmitir o vírus e o beneficio de reduzir esse período entre aqueles que, possivelmente, já superaram o período de transmissibilidade.

O que diz o CDC

O CDC (Centro de Controle de Doenças, dos Estados Unidos), ao atualizar em dezembro de 2021 sua diretriz sobre o período de isolamento e reduzi-lo de 10 para 5 dias em indivíduos com melhora de sintomas, baseou-se em estudos que mostraram que a variante ômicron possui um pico de transmissibilidade nos primeiros dias da doença – o que justificaria diminuir a quarentena.

No Reino Unido, o período mínimo de isolamento foi reduzido para 7 dias, cabendo avaliação de sintomas e exame complementar. Como mitigação do risco de transmissão da Covid, essa medida deve ser aplicada apenas com o uso consistente de máscara nos dias subsequentes.

A escolha dessa estratégia, em detrimento do período mais conservador de isolamento, deve levar em consideração a adesão da população ao uso de máscaras e medidas de distanciamento físico entre pessoas; demanda por mão de obra; e impacto psicossocial de períodos prolongados de afastamento.

O que recomenda o Ministério da Saúde

O Ministério da Saúde empregou o período de recomendação de isolamento de 10 dias, embasado em notas prévias do CDC e com apoio da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).

Entretanto, na última semana foi emitida uma nota de atualização que reduz o tempo de isolamento para 5 ou 7 dias, conforme melhora dos sintomas e mediante testagem complementar. A nota do CDC justifica as atualizações num cenário de retorno às atividades econômicas e demanda por profissionais em diversas áreas. Contudo, deve ser ponderado que a onda atual, causada pela ômicron, eleva significativamente o número de casos devido a maior transmissibilidade da variante.

Em um cenário de término precoce do isolamento, com uma variante altamente contagiosa, o risco de aumento do número de casos da doença é real: apesar do pico de transmissão ocorrer nos primeiros dias, ao menos 10% dos pacientes ainda apresentam vírus viável após o sexto dia, por isso, vale ter cautela. A escassez de testes diagnósticos em algumas regiões do país, devido a alta demanda, pode dificultar a implementação adequada, o que aumentaria o número de indivíduos fora do isolamento que estão transmitindo o vírus.

A SBI, ao levar em consideração a escassez de serviço de testagem no Brasil, orienta isolamento de 7 ou 10 dias, conforme presença de sintomas respiratórios. Dispensa exames para avaliação do isolamento.

Ao decidir entre cada medida, alguns fatores devem ser pesados, entre eles, o risco de transmissão após o período inicial. O uso de máscaras e medidas de distanciamento podem tornar a estratégia uma opção aceitável em cenários específicos. Porém, é possível um evento não desejado: o abandono das medidas de isolamento e a redução da gravidade dos sintomas, vistos com frequência nessa última onda.

Não há uma estratégia perfeita para o controle do número de casos. Ao estender o período de isolamento e quarentena, ganha-se em segurança, mas perde-se em impacto socioeconômico. Ao reduzi-lo, recuperamos a produtividade, mas podemos impactar negativamente no controle de novos casos. Aderir a uma diretriz requer planejamento e organização, enquanto novos estudos devem fornecer, em breve, maiores informações sobre o período de transmissibilidade da nova variante.

Quanto ao período de quarentena para contactantes de casos suspeitos ou confirmados, não houve novo posicionamento no Brasil. Nova atualização referente ao tema pode ocorrer.

 

Quadro de orientações:

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