Baixa adesão à vacinação alerta para volta da poliomielite no Brasil

10 de outubro de 2022

Tempo estimado de leitura: 2 minutos

No dia 24 de outubro de 2022 fará 28 anos que a poliomielite foi considerada erradicada no Brasil. O último caso da doença no país foi registrado em 1989, mas a certificação internacional chegou em 1994.

A eliminação do vírus em território nacional só foi possível por causa das campanhas de vacinação em massa com a vacina oral contra a pólio (VOP), conhecida popularmente como vacina da gotinha.

No entanto, o número de vacinas dadas no Brasil contra a pólio tem diminuído progressivamente nos últimos anos. Para se ter ideia, apenas 69,9% das crianças foram vacinadas em 2021 – percentual muito abaixo da meta do Ministério da Saúde de proteger 95% das crianças.

OPAS alerta para risco de transmissão da pólio

A queda da cobertura vacinal fez a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) listar o Brasil, junto com mais sete países da América Latina, como áreas de alto risco para a volta da doença.

“Embora o último caso confirmado de poliomielite na Região das Américas tenha ocorrido em 1991, a ameaça continua. Apesar dos esforços para sua erradicação, no momento, em alguns países asiáticos ainda existem crianças com paralisia permanente por este vírus. Devido ao seu risco de importação, o principal fator de risco para que crianças menores de 5 anos adquiram a doença é a baixa cobertura vacinal”, alerta informativo da OPAS.

Sobre a poliomielite

A poliomielite é uma doença contagiosa causada pelo poliovírus selvagem, transmitido por meio de água e alimentos contaminados ou por contato com uma pessoa infectada.

O vírus destrói partes do sistema nervoso, provocando paralisia permanente nas pernas ou braços. Entre as pessoas com a doença, 5% a 10% morrem por paralisia dos músculos respiratórios.

Atualmente, o esquema vacinal contra a pólio consiste na utilização da vacina intramuscular, chamada VIP, que deve ser aplicada aos 2, 4 e 6 meses de idade. A imunidade deve ser reforçada mais duas vezes com a vacina oral (VOP), quando a criança completar 15 meses e 4 anos.

“A vacina intramuscular, embora forneça proteção para quem a recebe, não tem capacidade de reproduzir o vírus no intestino. Isso evita a obtenção de imunidade intestinal, que é fornecida pela vacina oral”, explica a infectologista Naiane Lomes.

Em crianças vacinadas com a VOP, o vírus persiste no intestino por até seis semanas, sendo eliminado no meio ambiente pelas fezes. Assim, esse vírus atenuado pode atingir outras crianças suscetíveis e fornecer proteção contra a doença – o que é conhecido como imunidade de rebanho.

No Brasil, a vacinação contra a pólio é gratuita e está disponível nas Unidades Básicas de Saúde.

Ministério da Saúde nega caso de poliomielite no Pará

No dia 6 de outubro de 2022, viralizou nas redes sociais a divulgação de um possível caso de poliomielite no estado do Pará. Na verdade, tratava-se de um menino de 3 anos cujas fezes teriam o vírus que causa a poliomielite.

Em nota, o Ministério da Saúde negou que o vírus estivesse em circulação no país novamente.

Na investigação, foi constatado que a vacinação da criança estava errada. Ela não havia recebido as doses da VIP, mas tinha duas doses da VOP, o que vai contra o Programa Nacional de Imunizações. Leia mais sobre este caso.

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