O que te faz mudar?

20 de setembro de 2017

Mudar um hábito é sempre difícil, mesmo que o comportamento em questão seja prejudicial a nós de alguma forma. Fumar, comer mal, comprar compulsivamente ou passar o tempo livre no sofá podem causar dano à nossa saúde, ao nosso bolso ou à nossa felicidade, mas são prazerosos e abrir mão deste prazer nem sempre é uma opção considerada.

Os estudiosos afirmam que para mudar é preciso estar intrinsecamente motivado, ou seja, é preciso sentir uma motivação que vem de nós mesmos.

Mas como ficar motivado para a mudança? Segundo James Prochaska e Carlo Diclemente, que desenvolveram uma ampla revisão acadêmica sobre o assunto, consolidando diversas teorias, existe um tempo certo para a motivação aparecer. Uma pessoa que ainda não está consciente dos efeitos negativos do seu mau hábito nunca estará intrinsecamente motivada a mudar. É preciso enxergar o impacto daquele comportamento na sua vida. Isto normalmente é um processo gradual, ativado ou acelerado por algum gatilho.

Gatilhos motivacionais

O gatilho é aquele estalo que te faz mudar. É quando temos uma visão muito clara sobre a dimensão e o impacto do mau hábito. Os gatilhos podem surgir em momentos e de formas diferentes para cada um. Para a life coach Galah Sauz foi o cheiro. Fumante desde os 13 anos, no começo o cigarro era como um estilo de vida. Depois de vários anúncios de mudanças malsucedidas, Galah finalmente conseguiu. O cheiro do cigarro passou a incomodar tanto que ela disse a si mesma “Chega, não preciso de algo que me faz mal”.

Quando o geólogo Itamar Brancaleon começou a engordar, muitas pessoas comentaram, mas ele não achava isso tão grave, já que sofreu com o “efeito sanfona” a vida toda. O estalo veio quando um dia, ao se olhar no espelho, ele “percebeu” que estava 55 kg acima do peso. As roupas já não serviam e ele não se reconhecia. Era preciso mudar. Os quilos a mais não surgiram do dia para noite, assim como também não seriam eliminados tão rápido. Ele precisou de foco e motivação para ter sucesso nesse processo.

Em alguns casos, nosso próprio corpo age como gatilho e nos alerta que é hora de mudar. Com uma rotina de trabalho de 16 horas diárias, a psicóloga e empreendedora Renata Fabrini já estava acostumada ao estresse das inúmeras reuniões e viagens. Até que um dia seu corpo não aguentou. Em um congresso nos Estados Unidos, ela simplesmente apagou e ficou cerca de uma hora inconsciente. Depois disso, ela aceitou que não dava mais para continuar no mesmo ritmo. O tempo na sua agenda para a família, Yoga, cursos e amigos passou a ser sagrado.

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O que nos incentiva a mudar?

Quando falamos em autocuidado, em mudanças verdadeiras e perenes, precisamos de uma motivação intrínseca e de um gatilho que a acione. Ao não suportar o próprio cheiro, não se reconhecer no espelho ou sofrer com uma reação do próprio corpo ao estresse, o gatilho surgiu internamente para nossos entrevistados. A vontade de mudar veio deles mesmos.

Isso não quer dizer que quem está de fora não pode ajudar. Pode ajudar, sim, e pode, inclusive, influenciar o processo de mudança. Empresas e órgãos públicos, por exemplo, podem incentivar as mudanças por meio de programas de promoção de saúde que levem as pessoas a refletirem sobre seus hábitos e a se cuidarem de forma preventiva. Vários são os estímulos capazes de despertar o gatilho da mudança, vamos falar de alguns deles abaixo.

Você está pronto para a mudança?

Nos anos 70, Prochaska e Diclemente chegaram à conclusão de que, para mudar e ter sucesso nesta empreitada, uma pessoa normalmente passa por cinco fases ou níveis de motivação, denominados como “estágios motivacionais”. São eles:

1. Pré-contemplação: neste momento a pessoa não enxerga seu comportamento como algo ruim, não tem a intenção de mudar ou está relutante. Ou seja, não está pronta.

2. Contemplação: mudar começa a ser um pensamento recorrente, há a conscientização do risco, mas ainda faltam forças para dar o primeiro passo. Por isso, nesta fase é comum encontrar motivos que justifiquem o mau hábito e coloquem em cheque a necessidade de mudar.

3. Preparação: com o apoio das pessoas mais próximas ou de algum especialista, a insegurança vai ficando para trás. Essa é a hora de pensar na estratégia da mudança para torná-la concreta.

4. Ação: é quando acontece o primeiro passo de fato. No caso dos nossos conhecidos lá de cima, o cigarro fica de lado e os finais de semana passam a ser para o descanso e lazer, não mais para trabalho. Essa fase exige muita determinação e apoio. O medo de não conseguir é grande. O importante é que a vontade de mudar seja maior.

5. Manutenção: depois de começar, o desafio é manter os novos hábitos. Ter disciplina é fundamental para não ter recaídas e o que mais ajuda nesse momento é ver os primeiros resultados.

Esses estágios se aplicam a todos os processos de mudança: adotar hábitos de alimentação saudáveis, praticar exercícios para perda de peso ou apenas para ter mais qualidade de vida, abandonar vícios ou reduzir os níveis de estresse.

Os especialistas dizem que não é possível queimar etapas. Todos nós passamos por todas estas fases, desde o reconhecimento do problema, passando pela aceitação da necessidade de mudar até o enfrentamento do desafio.

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