A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) divulgou que, em 2024, o sistema de saúde suplementar brasileiro registrou 1,94 bilhão de procedimentos, englobando consultas médicas, exames, internações, terapias e atendimentos odontológicos – um crescimento de 0,3% em relação a 2023.
Embora o aumento pareça modesto, os dados revelam tendências importantes, especialmente no equilíbrio entre uso, custo e sustentabilidade dos planos.
Principais tendências de utilização
- Exames ambulatoriais continuam liderando em volume, com 1,18 bilhão de procedimentos – alta de 0,7% frente a 2023.
- Consultas médicas registraram 284,5 milhões de atendimentos, avanço de 3,3%, o que reforça o movimento de retomada da atenção primária pós-pandemia.
- Atendimentos multiprofissionais (fisioterapia, nutrição, psicologia, terapia ocupacional e fonoaudiologia) somaram 202,1 milhões, crescimento de 2,8%.
Por outro lado, houve queda em terapias ambulatoriais (-15,3%), internações (-1%) e procedimentos odontológicos (-2,7%) – possivelmente refletindo maior foco em prevenção e acompanhamento remoto.
Custo assistencial e impacto nos orçamentos empresariais
Apesar de representarem apenas 0,47% do total de procedimentos, as internações hospitalares concentram cerca de 40% das despesas assistenciais. Trata-se de um alerta relevante para empresas que buscam controlar sinistralidade e custos com saúde.
Consultas e exames, embora mais frequentes, possuem impacto financeiro proporcionalmente menor, o que reforça o papel da atenção primária e preventiva como estratégia de contenção de custos a longo prazo.
Padrões de uso por beneficiário
O comportamento dos beneficiários manteve-se estável em 2024:
- 5,5 consultas médicas por pessoa/ano, ainda abaixo do nível pré-pandemia (6 em 2019);
- 22,9 exames por beneficiário, ligeiramente inferior a 2023;
- 5,2 procedimentos odontológicos por beneficiário.
Desde 2019, apenas exames e atendimentos multiprofissionais apresentam crescimento contínuo, uma tendência que reforça o interesse crescente por saúde integrada e cuidados complementares.
O que esses dados significam para as empresas
Para profissionais de RH, Saúde e Benefícios, os números da ANS trazem um recado claro: a estabilidade do uso não elimina a necessidade de gestão ativa e inteligente dos planos corporativos.
Com o aumento da complexidade assistencial e dos custos hospitalares, modelos de gestão baseados em dados, prevenção e engajamento tornam-se diferenciais. Investir em programas de atenção primária, bem-estar e acompanhamento de crônicos ajuda a mitigar riscos e a sustentar a performance dos benefícios.
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Perspectivas do setor
Segundo a ANS, os indicadores reforçam a adaptação e a resiliência do setor de saúde suplementar no pós-pandemia. A estabilidade no volume de atendimentos, associada ao controle das despesas assistenciais, indica que o mercado está buscando equilíbrio entre acesso, qualidade e sustentabilidade – princípios também essenciais para a gestão corporativa de saúde.
Em síntese: o relatório da ANS reforça que gestão de saúde é gestão de riscos. Empresas que utilizam dados de utilização como base para suas decisões conseguem não apenas reduzir custos, mas também promover saúde, produtividade e engajamento entre seus colaboradores.