Os digital twins (gêmeos digitais) estão ganhando espaço como uma das tecnologias mais promissoras da saúde. São modelos virtuais que replicam sistemas, processos ou organismos humanos, integrando dados em tempo real para simular cenários, prever falhas e apoiar decisões mais precisas.
Ao combinar informações biométricas, históricos clínicos e indicadores de bem-estar, os gêmeos digitais se consolidam como ferramentas de prevenção, personalização do cuidado e apoio estratégico para a medicina baseada em evidências.
Mercado em expansão
O setor de digital twins em saúde cresce em ritmo acelerado. Em 2024, foi estimado em US$ 902,6 milhões, com projeção de atingir US$ 9 bilhões até 2034 (crescimento médio de 25,9% ao ano). Outra previsão indica avanço de US$ 2,7 bilhões em 2024 para US$ 4,5 bilhões em 2025, reforçando a rápida adoção.
Exemplos já estão em curso:
- Reino Unido: hospitais utilizam modelos digitais do coração para planejar cirurgias de alta complexidade.
- Índia: centros de pesquisa como o IIT Madras aplicam gêmeos digitais em simulações de procedimentos cirúrgicos, ampliando a segurança clínica.
No Brasil, a tecnologia ainda está em fase inicial, mas com perspectivas expressivas. Em 2022, o mercado movimentou US$ 5,6 milhões, com expectativa de alcançar US$ 273,5 milhões em 2025 e ultrapassar US$ 1,6 bilhão até 2031, sustentado por uma taxa de crescimento superior a 30% ao ano.
Esse avanço abre caminho para novas formas de prevenção, gestão de riscos e acompanhamento em saúde.
Digital Twins: aplicações e benefícios na saúde
O potencial dos gêmeos digitais se revela tanto nas aplicações práticas quanto nos ganhos associados ao seu uso.
- Ao integrar dados de dispositivos wearables, como frequência cardíaca, sono e níveis de estresse, os modelos digitais permitem análises preditivas. O benefício direto é a possibilidade de detectar alterações precoces e orientar intervenções antes que evoluam para quadros mais graves.
- A tecnologia favorece a identificação antecipada de riscos ligados a burnout, doenças cardiovasculares e metabólicas. Isso possibilita estratégias preventivas mais eficazes e, como consequência, reduz custos assistenciais e afastamentos.
- Campanhas de vacinação, ergonomia ou programas nutricionais podem ser testadas em ambientes virtuais antes de serem implementadas. Esse processo amplia a precisão na tomada de decisão, evita desperdícios e direciona investimentos para ações com maior impacto.
- Ao alinhar informações biométricas e clínicas ao perfil de cada indivíduo, os digital twins permitem planos de cuidado mais adequados às necessidades reais. Esse nível de personalização aumenta a adesão dos pacientes e reforça a confiança no acompanhamento oferecido.
Em síntese, o uso de gêmeos digitais traz ganhos que vão além da inovação tecnológica: promove prevenção orientada por dados, eleva a eficiência do sistema de saúde e fortalece a segurança dos indivíduos ao oferecer acompanhamento contínuo e centrado em evidências.
Desafios a superar
Apesar do potencial, alguns pontos críticos precisam ser considerados:
- Proteção de dados sensíveis, em linha com a LGPD.
- Consentimento ético e informado no uso de informações biométricas.
- Infraestrutura tecnológica adequada para coleta, integração e análise em tempo real.
De tendência a realidade em saúde
Os digital twins estão deixando de ser apenas uma promessa futurista e começam a se estabelecer como um instrumento estratégico para a medicina. Embora o uso em saúde corporativa ainda seja limitado, o avanço da tecnologia aponta para uma transformação significativa na forma de prevenir doenças, personalizar tratamentos e aumentar a eficiência do sistema de saúde.
O desafio será equilibrar inovação, segurança e ética, garantindo que os benefícios se traduzam em práticas acessíveis, sustentáveis e centradas no indivíduo.


