Fusões e aquisições no Brasil: Cenários, tendências e oportunidades, segundo nossos executivos

17 de abril de 2024

De acordo com a consultoria Dealogic, em 2023 o volume de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) anunciadas até 27 de dezembro chegou a R$234 bilhões, uma queda de 17% em comparação com o ano anterior. Várias particularidades ajudam a explicar este cenário, como mudanças econômicas, conflitos políticos ou até mesmo avanços tecnológicos.

“Percebo um retorno gradual da disponibilidade de capital para operações de M&A. Não significa, por si só, que estejam ocorrendo muito mais transações do que no ano passado, mas o interesse por essas operações voltou a crescer”, avalia o diretor de planejamento estratégico da It’sSeg, Danilo Seixas.

O executivo ressalta que algumas organizações estão se aproximando de assessores para entender melhor o quanto valem ou o quanto poderiam valer. “Não quer dizer, necessariamente, que estejam prontas ou dispostas a vender pelos preços que estão sendo praticados no mercado”, afirma.

Durante o período em que as negociações de M&A diminuíram, as empresas começaram a olhar para a eficácia operacional, assim poderiam crescer analisando aspectos internos. Essa é mais uma ótica de eficiência para obter resultados do que efetivamente crescimento.

 

Histórico ruim da companhia prejudica o processo de fusão e aquisição 

Como diversas corporações começaram a ter patamares financeiros decrescentes, em decorrência da oscilação econômica dos últimos três anos, as operações de M&A também ficaram comprometidas.

“Você precisa ter um histórico saudável de resultados para apresentar num processo de venda. Caso contrário, sua empresa não se provará tão atrativa para potenciais compradores. Foi exatamente isso que ocorreu nos anos adjacentes à pandemia. Como agora as organizações voltaram a recuperar o patamar de crescimento, a história para se contar durante o processo de venda ficou mais interessante”, aponta Danilo.

 

M&A no ramo de consultoria em seguros e planos de saúde 

Para um mercado ainda bastante pulverizado, o cenário é nebuloso, como menciona o CEO da It’sSeg, Thomaz Cabral.

“O setor de consultoria em seguros está longe de ser consolidado. Em todos os segmentos que existe uma certa pulverização, a tendência é de consolidação, como aconteceram com os bancos, com as agências de propaganda, com a indústria farmacêutica, entre outros”.

Para Thomaz, é natural que o processo de consolidação aconteça pelas mesmas razões que existiam antes: ganho de escala; poder de aquisição, negociação e investimento; e capacidade de atração e retenção de talentos. Além disso, o CEO destaca que, atualmente, as empresas estão buscando algo além do preço.

“O que é entregue de proposta de valor em estratégia, de conhecimento, de práticas de serviço? Isso varia. Nossa história, por exemplo, começou com três corretoras, mas não tinha departamento financeiro, RH, era quase tudo feito por um terceiro. A gente precisava criar e fortalecer essas seções para desenvolver os colaboradores, reter, engajar e, consequentemente, oferecer melhores oportunidades”, conta.

 

Fit cultural também precisa ser levando em consideração ao fazer uma operação de M&A 

Nem sempre duas companhias que se juntam possuem o mesmo produto ou a mesma cultura organizacional. No entanto, é importante que haja o mínimo de compatibilidade na forma como os negócios são conduzidos.

“Uma das coisas que sempre levei em consideração ao fazer uma associação, e inclusive deixo de fazer algumas operações por conta disso, é que você pode ter uma aquisição que agrega bastante valor financeiro, mas ela é absolutamente destruidora. Isso ocorre, porque não há uma conexão com a cultura, com as pessoas e pensamento”, Thomaz pontua.

Ainda de acordo com o executivo, “quando você faz a seleção da potencial compra, obviamente deve estudar a carteira, geografia, portfólio e sistemas, mas, fundamentalmente, precisa conferir se a cultura daquela empresa tem um alinhamento do que você acredita, se os valores são condizentes”.

 

Entenda os principais riscos reputacionais para as empresas

 

Associação aprovada, é hora de iniciar a integração entre as duas empresas 

Segundo Danilo Seixas, no princípio do processo de integração é importante estimular a troca de melhores práticas entre as empresas para depois realizar um planejamento de crescimento em conjunto.

“Pegando como exemplo o nosso caso, nós nunca permanecemos iguais depois de uma associação. A companhia sempre se transforma. Eventualmente realizamos o tombamento reverso de nossos sistemas e processos para o modelo da nova associada, caso fique entendido que a forma de servir o cliente seja mais bacana e gere maior valor”, revela.

Para Thomaz, durante o processo de integração “você precisa ter a humildade e discernimento, independentemente de quem está comprando e de quem está sendo comprado, de avaliar a melhor prática. Quem é a melhor pessoa, qual o melhor processo, o que eles têm de bom que podemos replicar aqui”.

O executivo reforça também que certas coisas são inegociáveis, como departamento financeiro ou política de recursos humanos, por exemplo. “Existem setores que quem comanda é quem está comprando. As demais áreas, cada caso é um caso”.

Contudo, as práticas de M&A variam de acordo com cada corporação, segmento ou porte da operação. Embora os patamares de fusões e aquisições estejam menores atualmente, com previsão de crescimento para 2024, é certo dizer que o mercado ficou bem mais competitivo. “Tem bastante gente querendo participar dessa disputa pelo processo de consolidação”, completa Thomaz.

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