Governo estuda limitar taxas do VR e VA e ampliar flexibilidade no uso

03 de setembro de 2025

Tempo estimado de leitura: 2 minutos

O governo federal anunciou o pacote de medidas para reformular o uso do vale-refeição e vale-alimentação no Brasil. O objetivo é reduzir custos para trabalhadores e lojistas, ampliar a concorrência no setor e modernizar o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT). 

A proposta inclui: 

  • Criação de um teto de taxas próximo a 3,5% para operadoras de cartões, hoje superiores a 5% em muitos casos. 
  • Redução do prazo de repasse aos estabelecimentos, atualmente de até 60 dias. 
  • Portabilidade gratuita dos cartões de benefício, permitindo que trabalhadores troquem de operadora sem custos. 

Segundo o governo, a reformulação também busca conter os impactos da inflação alimentar e melhorar o fluxo financeiro de pequenos negócios. 

Por que a mudança é necessária 

Mais de 60% dos trabalhadores brasileiros precisam complementar o valor do vale-alimentação com o salário, segundo estudo recente. A demora na regulamentação — prevista desde a Lei 14.442/2022 — gerou frustração entre empresas e consumidores. A lei introduziu a portabilidade e a interoperabilidade no setor, mas a falta de normas práticas impediu sua aplicação. 

Com a regulamentação, a expectativa é ampliar a aceitação dos benefícios e garantir mais transparência nas operações. 

O que muda para cada público 

Trabalhadores 

  • Maior liberdade para escolher a operadora com melhor rede de aceitação. 
  • Transferência gratuita e integral do saldo acumulado. 
  • Possibilidade de cancelar e trocar de operadora a qualquer momento. 

Comerciantes 

  • Recebimento mais rápido, reduzindo o impacto no fluxo de caixa. 
  • Menores taxas, o que pode estimular a aceitação do benefício. 
  • Interoperabilidade, permitindo uso de uma única maquininha para todas as bandeiras. 

Empresas e operadoras 

  • Necessidade de revisão dos contratos para garantir conformidade com as novas regras. 
  • Proibição de práticas como rebates e descontos ocultos, já vedadas pela Portaria MTE nº 1.707/2024, que prevê multas de R$ 5 mil a R$ 50 mil e perda de incentivos fiscais em caso de irregularidades. 

Portabilidade: autonomia para o trabalhador 

A portabilidade gratuita é considerada um dos avanços mais importantes. Com ela, o trabalhador poderá migrar seu benefício para outra operadora sem custos, preservando todo o saldo acumulado. O processo será feito diretamente entre o trabalhador e a nova operadora, sem necessidade de intermediação do empregador. 

Além disso, a interoperabilidade deve eliminar barreiras para estabelecimentos, que hoje enfrentam dificuldades para aceitar múltiplas bandeiras. 

Próximos passos e prazos 

A regulamentação do PAT enfrenta atrasos desde 2022. Inicialmente prevista para 2023, a implementação da portabilidade foi adiada para 2024 e, agora, para início de 2026. Até lá, o Ministério do Trabalho e o Banco Central vão definir os detalhes técnicos, como prazos e procedimentos operacionais. 

As etapas incluem: 

  • Definição das regras pelo Ministério do Trabalho. 
  • Normas para transações no Sistema de Pagamentos Brasileiro, sob supervisão do Banco Central. 
  • Consultas públicas com entidades do setor, como ABBT, ABBC e ANR. 
  • Publicação do decreto final no primeiro semestre de 2026. 

Impacto econômico e desafios 

As mudanças prometem melhorar a competitividade, dar mais autonomia ao trabalhador e aliviar custos para lojistas, especialmente pequenos negócios. No entanto, entidades como a Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT) alertam para riscos de concentração de mercado em grandes operadoras, o que exigirá fiscalização para garantir equilíbrio no setor. 

Se implementadas com sucesso, as novas regras podem fortalecer o PAT, beneficiando cerca de 24 milhões de trabalhadores, sendo 20 milhões com renda de até cinco salários-mínimos, e garantindo acesso mais justo à alimentação. 

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