Brasil enfrenta casos de intoxicação por metanol associado a bebidas alcoólicas adulteradas

08 de outubro de 2025

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

O Brasil vive um momento de alerta sanitário devido a um surto de intoxicação por metanol — substância industrial altamente tóxica — em decorrência do consumo de bebidas alcoólicas adulteradas. Até o momento, 24 casos foram confirmados em todo o país, com mais de 230 em investigação. Dos casos confirmados, cinco mortes já foram atestadas, todas no estado de São Paulo. Outros 11 óbitos seguem em apuração.

Quadro epidemiológico

  • São Paulo lidera disparadamente nas notificações: entre os casos confirmados e os em investigação, mais de 70% concentram-se lá.

  • Há suspeitas distribuídas em estados como Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Paraíba e outros.

  • O Ministério da Saúde instalou uma Sala de Situação para monitoramento nacional da crise.

O que se sabe até agora

  • Número de notificações: há centenas de notificações de casos suspeitos. Por exemplo, no boletim mais recente são 259 notificações, com 24 confirmados.

  • Mortes: cinco mortes confirmadas até agora em São Paulo, outras estão sendo verificadas em diferentes estados.

  • Investigação laboratorial: para confirmar os casos, são utilizados exames que detectam metanol no organismo. Estados e municípios com laboratórios menos equipados têm recebido apoio do governo federal, com referência para órgãos como Unicamp e Fiocruz.

Sintomas e riscos da intoxicação por metanol

A intoxicação por metanol é grave. Seus metabólitos (formal­deído, ácido fórmico) causam lesões que podem ser irreversíveis. Os sintomas costumam aparecer entre 6 e 24 horas após a ingestão, e incluem:

  • Visão borrada ou turva, podendo progredir para cegueira.

  • Náuseas, vômitos, dor abdominal.

  • Confusão mental, fraqueza, tontura.

  • Em casos graves: depressão respiratória, coma ou morte.

O diagnóstico rápido e o início precoce do tratamento são determinantes para evitar danos permanentes.

O que as autoridades estão fazendo

  • Notificação imediata de todos os casos suspeitos aos órgãos de saúde locais e ao CIEVS (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde).

  • Aquisição e distribuição de antídotos: etanol farmacêutico e fomepizol (este último ainda pouco disponível, mas sendo negociado em estoque estratégico).

  • Intensificação de inspeções sanitárias e fiscalização de venda de bebidas alcoólicas para detectar produtos adulterados.

  • Alertas públicos para evitar o consumo de bebidas de procedência duvidosa, especialmente destilados incolores, bebidas compradas de forma informal ou sem nota fiscal.

O que resta investigar

  • Origem da adulteração: se houve fabricação clandestina, se bebidas de bastidores ou de vendedores ambulantes foram adulteradas.

  • Responsabilidade legal: empresas, bares ou indivíduos envolvidos na cadeia de distribuição podem responder criminalmente se for comprovada culpa ou omissão.

  • Capilaridade da distribuição de bebidas afetadas: além de São Paulo, verificar se outros estados já consumiram mercadorias contaminadas.

  • Eficiência dos laboratórios estaduais para testes, para agilizar confirmações e delimitar o risco.

Repercussão social e recomendações

Em meio ao medo crescente, moradores estão compartilhando casos de pessoas que perderam a visão temporariamente ou tiveram sintomas graves após consumir bebidas em locais comuns como bares. A Secretaria Estadual da Saúde e vigilâncias sanitárias locais já fecham estabelecimentos suspeitos.

Recomendações:

  • Não consumir bebidas de origem desconhecida, sem nota fiscal ou procedência clara.

  • Em festas ou bares, recusar bebidas de vendedores ambulantes ou distribuidores informais.

  • Na suspeita de intoxicação, buscar atendimento médico urgente.

  • Guardar embalagem ou rótulo da bebida consumida, se possível, para facilitar investigação.

O atual surto de intoxicação por metanol evidencia falhas graves no controle e fiscalização da produção e da venda de bebidas alcoólicas. O Estado deve reforçar ações de vigilância sanitária, fortalecer laboratórios, garantir acesso a antídotos e responsabilizar legalmente quem comercializa bebidas adulteradas.

Enquanto isso, a população deve redobrar os cuidados: uma decisão consciente pode salvar vidas, inclusive a sua.

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