O que o mercado precisa entender agora com a alta de riscos ambientais

17 de julho de 2025

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

O One Team, evento promovido pela It’sSeg Acrisure, fomentou o debate sobre os impactos financeiros e regulatórios das mudanças climáticas, com destaque para casos reais de sinistros no Brasil e a evolução das apólices de responsabilidade civil e cobertura ambiental.

O painel Impacto das Mudanças Climáticas nos Seguros reforçou a necessidade de evoluir na prevenção, no rigor técnico das coberturas e no preparo estratégico frente aos riscos climáticos crescentes. A discussão contou com a participação de Tiago Santana (Head of Risk Engineering da Zurich), Nathália Gallinari (Diretora Executiva de Casualty da AIG) e Luis Nagamine (General Manager da Matsui), sob a mediação de Karina Andrade, Vice-Presidente de Riscos Corporativos da It’sSeg Acrisure.

Apesar dos avanços tecnológicos e das melhorias em infraestrutura terem contribuído para reduzir a letalidade de muitos desastres, os prejuízos materiais continuam em alta. No Brasil, país que convive com sua rica biodiversidade e uma série de fragilidades estruturais, o sinal de alerta é ainda mais urgente.

O peso financeiro dos riscos ambientais

Segundo dados apresentados no painel, os riscos ambientais vêm se multiplicando, exigindo atenção redobrada das empresas, seguradoras e gestores de risco.

O número de desastres registrados tem uma tendência de aumento contínuo desde 1980, impulsionado por eventos climatológicos (temperaturas extremas, secas, incêndios florestais), hidrológicos (inundações, movimentos de massa) e meteorológicos (tempestades). Isso significa um risco crescente e contínuo de sinistros relacionados ao clima.

A “temperatura” do negócio está subindo

As indenizações seguradas por eventos relacionados ao clima também têm mostrado um crescimento substancial desde 1970, com picos notáveis em anos recentesA média móvel de 10 anos das perdas seguradas totais (incluindo terremotos/tsunamis e eventos causados pelo homem) também demonstra uma tendência de alta. Ou seja, o custo de gerenciamento de riscos climáticos está se tornando cada vez mais relevante.

A melhoria na resiliência das construções e nos sistemas de alerta, embora não reduza o número de eventos, pode impactar a severidade das perdas, o que, de certa forma, impacta indiretamente os custos associados a sinistros.

Gestão de riscos e seguros especializados

Ao longo do painel, foi reforçada a relevância de adotar uma abordagem integrada de gestão de riscos. Eventos recentes no Brasil demonstram como incidentes podem rapidamente se desdobrar em múltiplos danos: contaminação ambiental, incêndios, paralisações e responsabilização civil.

Nesse contexto, os seguros atuam de forma complementar. Enquanto o seguro ambiental cobre custos de remediação, limpeza e monitoramento contínuo — aspectos críticos diante de danos ecológicos — a apólice de responsabilidade civil garante a proteção contra reivindicações de terceiros, incluindo comunidades vizinhas ou prestadores impactados.

Também foi enfatizada a necessidade de uma leitura técnica e coordenada das coberturas, já que muitos riscos são interdependentes. Um único incidente pode acionar diferentes apólices, e a falta de alinhamento entre elas pode resultar em lacunas críticas de proteção.

O desafio da cobertura

Apesar da crescente exposição, ainda são poucas as empresas brasileiras com proteção adequada. Apenas 12% das companhias listadas no Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) da B3 contam com um seguro ambiental estruturado. E mesmo entre aquelas que possuem apólices, falhas na interpretação das cláusulas ou a ausência de uma gestão ambiental ativa dificultam o acionamento efetivo da cobertura.

As proteções contratadas seguem, em grande parte, limitadas à Responsabilidade Civil Ambiental (RCA), que cobre apenas os custos financeiros decorrentes de danos causados pelas operações da empresa. Em 2024, as indenizações ambientais cresceram mais de 120%, segundo o Ministério do Meio Ambiente — um indicativo claro da urgência em ampliar o escopo das apólices.

Como avançar na proteção?

Os especialistas reunidos no painel apontaram caminhos para uma atuação mais preparada e resiliente:

  • Realizar o mapeamento técnico dos riscos ambientais da operação;

  • Integrar as coberturas de seguro ambiental e responsabilidade civil, garantindo sinergia entre as apólices;

  • Implementar planos de resposta a desastres climáticos e realizar simulações periódicas;

  • Capacitar as áreas de compliance e jurídica em gestão de riscos ambientais.

A exposição ambiental não se restringe a setores industriais: ela atravessa cadeias produtivas e afeta negócios de todos os portes. O seguro ambiental e de responsabilidade civil, antes vistos como diferenciais, assumem agora o papel de ferramenta essencial para garantir a continuidade e a reputação corporativa em cenários de riscos climáticos crescentes.

 

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