A importância de não subestimar o Valor em Risco no Seguro Patrimonial

19 de agosto de 2024

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Ao contratar um seguro empresarial, o objetivo principal é proteger o patrimônio da empresa diante de situações imprevistas — como incêndios, roubos ou desastres naturais. No entanto, o que muitos gestores não percebem é que, se as informações declaradas na apólice não refletirem com precisão a realidade da empresa, essa proteção pode falhar no momento em que mais se precisa dela.

Imagine acionar o seguro após um grave incêndio e descobrir que a indenização será insuficiente para cobrir os prejuízos, simplesmente porque o valor em risco informado no contrato era inferior ao valor real dos bens segurados. Esse tipo de cenário, infelizmente comum, revela o quanto é essencial entender o que está sendo segurado — e por quanto.

Neste artigo, vamos explorar a importância de definir corretamente a quantia segurada, esclarecer o conceito de valor em risco e mostrar como esse cálculo influencia diretamente a eficácia da apólice. Afinal, um seguro bem estruturado começa com uma avaliação precisa do que realmente está em jogo.

O que é valor em risco?

O valor em risco representa o total de bens e ativos da empresa que estão cobertos por uma apólice de seguro. É a base sobre a qual a seguradora calcula tanto o valor do prêmio quanto o limite de indenização em caso de sinistro.

Durante a contratação do seguro patrimonial, o responsável pela apólice preenche um questionário com diversas informações — como o valor em risco estimado, histórico de sinistros, medidas de segurança adotadas e características da operação da empresa. Esses dados são essenciais para que a seguradora avalie o nível de exposição e determine as condições do contrato.

Risco Absoluto vs. Risco Relativo

O seguro patrimonial pode ser enquadrado em duas modalidades principais e a diferença entre elas impacta diretamente o valor da indenização.

No Risco Absoluto, o segurado será indenizado até o limite contratado na apólice, independentemente do valor em risco declarado, desde que o sinistro esteja coberto. É uma forma de proteção mais direta, geralmente aplicada a apólices com valores mais baixos (comum até R$ 2 milhões, podendo variar conforme a seguradora).

Já no Risco Relativo, o valor declarado assume papel central. A indenização será proporcional à relação entre o valor declarado e o valor real apurado em caso de sinistro. Ou seja, se a empresa subestimar o valor em risco, pode receber apenas uma parte da indenização, mesmo que a cobertura total esteja disponível.

A cláusula de rateio do risco relativo

Nos seguros enquadrados como risco relativo, costuma-se aplicar a chamada cláusula de rateio. Essa cláusula determina que, se for constatada uma diferença entre o valor em risco declarado e o valor real, a indenização será reduzida proporcionalmente.

Exemplo prático:

  • Valor em risco declarado: R$ 100 mil

  • Valor real apurado: R$ 200 mil

  • Prejuízo com sinistro: R$ 50 mil

Indenização = (Valor declarado ÷ Valor real) × Prejuízo
Indenização = (100.000 ÷ 200.000) × 50.000 = R$ 25 mil

Mesmo com uma cobertura suficiente para o valor do sinistro, a empresa receberia apenas metade, por ter declarado um valor em risco inferior ao real.

Por que algumas empresas subestimam o valor em risco?

Em muitos casos, a subdeclaração ocorre na tentativa de reduzir o custo do seguro. Outras vezes, é resultado de uma avaliação imprecisa dos ativos da empresa — o que também pode ocorrer por falta de atualização ou desconhecimento técnico.

Contudo, essa prática pode gerar consequências financeiras significativas. A indenização pode ser insuficiente para cobrir os prejuízos ou, em casos mais extremos, o pagamento pode ser negado se for identificado que as informações fornecidas eram inconsistentes com a realidade.

Quando a indenização pode ser negada

Além do valor em risco, a aderência às condições de segurança declaradas também é fundamental. Em casos como incêndios, por exemplo, se a empresa informou que possuía sistemas de prevenção que não estavam realmente em operação, a seguradora pode se recusar a indenizar, alegando descumprimento contratual.

Avaliação precisa: o melhor caminho para proteger seu negócio

Realizar uma avaliação precisa e periódica dos ativos da empresa é essencial para garantir que o valor em risco declarado esteja alinhado à realidade. Isso assegura que, em caso de sinistro, a empresa possa contar com uma indenização adequada e condições justas de recuperação.

Mais do que um requisito contratual, essa prática é uma medida de gestão inteligente, que protege o patrimônio, a continuidade das operações e a saúde financeira do negócio.

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