Maioria dos RHs vê impacto positivo após investir em bem-estar

14 de setembro de 2023

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

Uma pesquisa da Robert Half, consultoria de Recursos Humanos, publicada neste ano, revelou que 89% das companhias reconhecem que bons resultados estão diretamente ligados à motivação e à felicidade dos colaboradores.

No entanto, o efeito de um investimento em iniciativas de bem-estar nas empresas não se dá apenas na produtividade. Um estudo global do Gympass, feito com 2 mil líderes que investiram em programas de qualidade de vida, apontou que a produtividade é apenas uma consequência de outras melhorias, como o aumento da satisfação dos funcionários e a redução dos problemas de saúde.

No relatório, 78% das lideranças afirmam que os programas trazem redução nos custos de assistência médica, enquanto 85% observam um número menor de ausências no trabalho. No geral, 90% das organizações viram um retorno sobre o investimento (ROI) positivo.

Cresce a procura por cargos que monitoram o bem-estar corporativo

Diante disso, algumas corporações passaram a investir em funções específicas para monitorar o bem-estar no ambiente de trabalho. O cargo de Chief Happiness Officer (CHO) – traduzido para o português como “diretor de felicidade”, ou de “bem-estar” –, vem ganhando destaque.

Segundo o Instituto Feliciência, organização que oferece formação para CHO no Brasil, a procura cresceu cerca de 35% em 2023, seguindo uma curva ascendente desde o início do oferecimento do curso.

Já a Reconnect Happiness at Work certificou 365 pessoas desde novembro de 2020. Renata Rivetti, fundadora e diretora da companhia, comenta que as aulas tiveram demanda desde o começo, mas hoje a diferença é que as organizações estão enviando colaboradores.

“Antes era muito uma busca pessoal, hoje a gente vê as empresas entendendo a importância do tema e enviando funcionários para fazer a certificação”, diz.

Por outro lado, a profissional comenta que no Brasil ainda não existem muitos cargos de CHO. “O que eu percebo no mercado brasileiro é que ainda estamos aprendendo a trabalhar o tema da felicidade corporativa”.

O conceito do cargo de CHO surgiu em 2003, por meio da The Woohoo Partnership, comunidade internacional dedicada a melhorar a maneira de trabalho de diferentes profissionais do mercado. A empresa criou um curso para formar pessoas para se tornarem diretores de bem-estar, prometendo a elas uma compreensão aprofundada da ciência e da teoria da felicidade no trabalho.

Ser um Chief Happiness pode ser uma oportunidade profissional

Juliana Chiavassa, psicóloga e jornalista, conta que ouviu falar sobre essa oportunidade profissional muito tempo atrás, mas apenas recentemente buscou a certificação, num momento em que se via bastante interessada no tema de saúde e bem-estar no trabalho. A partir de então, a psicóloga começou a prestar esse tipo de serviço a diversas empresas. 

“É possível fazer pequenas ações que vão melhorar muito a vida dos colaboradores. Basicamente, é preciso ter bons relacionamentos no trabalho e reconhecimento sobre o que se faz”, comenta, acrescentando que “não é algo mirabolante para as empresas” ou que demande muito dinheiro. 

Segundo Chiavassa, um dos resultados que ela observou após atender uma empresa foi a diminuição da ausência dos funcionários com atestado de ansiedade.

“De maneira geral, as empresas estão buscando muito isso, a saúde mental, o bem-estar dos colaboradores – seja físico ou emocional. Isso se tornou um dos pontos chaves para as empresas reterem talentos.” 

Ela comenta ainda que não existe uma fórmula pronta para resolver os problemas de todas as companhias, é preciso entender uma a uma e buscar alternativas. “É ouvir o que as pessoas precisam, eu não posso ter a mesma dinâmica para todos os setores”, comenta.

Por que um Chief Happiness é importante?

Para Carla Furtado, diretora do Instituto Feliciência, há uma lacuna na maioria das organizações para aquilo que se sabe cientificamente fazer imensa diferença no ambiente de trabalho: a felicidade e a infelicidade. 

“Empresas não fazem pessoas felizes, mas são responsáveis por condições psicossociais que podem favorecer sofrimento e até adoecimento, mas também podem ampliar o bem-estar e a felicidade. Se sabemos disso, devemos constituir e sustentar ambientes mais seguros psicologicamente e com condições favoráveis”, diz.

Quem pode ser Chief Happiness?

Qualquer pessoa pode se tornar um CHO desde que procure um curso para obter a certificação. Geralmente, a especialização dura poucos dias e é ministrada por psicólogos e outros especialistas do mercado de trabalho. 

Furtado, do Instituto Feliciência, comenta que um CHO devidamente qualificado em suas áreas é capaz de colaborar estrategicamente e de maneira transversal na organização. 

“Ele apoia a alta gestão, é capaz de orientar a tomada de decisão com base em dados para questões de ‘Gente & Gestão’. É também um catalisador dos esforços de prevenção de sofrimento psicossocial no trabalho e promoção do bem-estar e da felicidade. Trabalha conjuntamente com times como RH, SSMST e ESG. Isso para mencionar apenas parte do escopo em nível estratégico há ainda inúmeras possibilidades tático-operacionais.”

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