Retorno ao trabalho: Como acolher um colaborador que passou por sofrimento emocional?

13 de dezembro de 2023

Tempo estimado de leitura: 3 minutos

A transição entre o período de sofrimento emocional e o retorno ao ambiente de trabalho pode ser desafiadora para qualquer pessoa. A complexidade dessa volta requer não apenas compreensão, mas também um acolhimento cuidadoso por parte dos colegas e da empresa.

“Um indivíduo que ficou afastado por motivos emocionais, muitas vezes, pode se sentir envergonhado, culpado, ter medo de ser mandado embora, justamente por achar que as pessoas ao seu redor vão interpretar como um sinal de fraqueza”, analisa Patrícia Weisman, psicóloga de promoção à saúde na Acrisure.

A profissional destaca também que essa visão sobre a saúde mental acontece devido ao fato da temática ainda ser pouco abordada nas organizações: “o sofrimento emocional é uma doença que pode trazer consequências físicas de saúde, como o enfraquecimento do sistema imunológico, cansaço e a falta de vigor. Ou seja, é uma porta que abre diversos caminhos”, diz.

Como reconhecer sofrimento emocional no ambiente de trabalho?

Como se dá o afastamento por questões emocionais?

É importante salientar que o sofrimento emocional pode ocasionar até mesmo acidentes de trabalho, caso o funcionário continue exercendo sua profissão com estafa mental. Isso ocorre por conta do cansaço físico que os quadros de ansiedade, depressão ou angústia podem manifestar em cada indivíduo.

Quando alguém solicita afastamento por questões emocionais, é necessário apresentar documentos médicos que comprovem a condição. A avaliação para benefícios previdenciários envolve a análise de um médico perito do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

O médico avalia a gravidade da condição, considerando relatórios médicos, exames, laudos e outros documentos fornecidos pelo segurado. Eles observam a incapacidade do indivíduo para realizar suas atividades laborais habituais e determinam se essa condição é temporária ou permanente.

É importante que a pessoa forneça toda a documentação médica necessária e siga os procedimentos estabelecidos pelo INSS para solicitar o afastamento. Em alguns casos, pode ser necessário passar por mais de uma avaliação médica para determinar a elegibilidade para o benefício previdenciário.

Por que monitorar afastamentos por saúde mental é importante para as empresas?

Assim como o aumento da preocupação das organizações com o emocional de sua população, os registros de funcionários com transtornos mentais também é crescente.

Em 2021, um levantamento da B2P com recorte de 331 mil trabalhadores no Brasil, mostrou que os problemas psicológicos foram o segundo maior motivo de afastamento, ficando atrás somente das doenças do sistema osteomuscular.

Já em 2022, o sistema do INSS revelou que 209.124 pessoas se afastaram de seus postos por transtornos psicológicos, quase 9 mil a mais em relação ao ano anterior.

Os dados evidenciam o contínuo monitoramento das organizações em relação ao assunto. Afinal, quando se proporciona um ambiente de trabalho seguro emocionalmente, a companhia também ganha.

Redução do estigma e apoio adequado

Acompanhar esses afastamentos também contribui para atenuar o estigma associado às doenças mentais. Quando as empresas reconhecem e abordam abertamente questões de saúde mental, criam um ambiente onde os colaboradores se sentem mais confortáveis em buscar ajuda e suporte.

Implementação de estratégias preventivas 

Ao identificar padrões nos afastamentos relacionados à saúde mental, as organizações podem desenvolver estratégias preventivas eficazes. Isso inclui programas de bem-estar, treinamentos de gestão de estresse e políticas que promovam um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal.

O papel das empresas no incentivo à saúde dos colaboradores

E quanto ao retorno para o ambiente de trabalho, como deve ser feito?

Depois do tempo afastado, é fundamental saber como reintegrar o colaborador de volta a equipe. Vale frisar que cada afastamento possui um tempo específico a depender do tipo de sofrimento que provocou a ausência no trabalho.

“O que pode fazer o colaborador se afastar é um quadro de depressão, o luto pela perda de alguém próximo, transtornos mentais gerada por uma dependência química, tentativa de suicídio, entre outros fatores”, salienta Patrícia.

A psicóloga comenta também que “às vezes a própria pessoa não quer que os colegas de trabalho fiquem sabendo do motivo que levou ao afastamento”. Sendo assim, entender o lado do trabalhador também é importante.

“Quando esse colaborador volta para o trabalho, é essencial agir com naturalidade – sem fazer perguntas, se manter à disposição, evitar tocar em assuntos que podem ser invasivos. O líder oferecer apoio é importante, mas é ainda mais essencial deixar a pessoa à vontade”, aconselha.

Além disso, a profissional alerta: “Dependência química também é uma doença, então ela precisa ser tratada. Ou seja, nesses casos, o afastamento deve ocorrer não só por conta do sofrimento emocional, mas para buscar tratamento”.

Contar com uma liderança capacitada para reconhecer esses sintomas se torna uma ação estratégica na construção de ambientes de trabalho mais saudáveis. Uma liderança que proporciona segurança mental e está disposta a abraçar as vulnerabilidades de sua equipe, certamente proporcionará melhorias no retorno de um colaborador que passou por sofrimento emocional.

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