Nos últimos anos, o ESG – sigla para Environmental, Social and Governance (Ambiental, Social e Governança) – deixou de ser apenas uma pauta de sustentabilidade para se tornar um pilar nas relações de trabalho.
Atualmente, o tema começa a ganhar espaço nas negociações sindicais e acordos coletivos, exigindo que os departamentos de Recursos Humanos atuem de forma mais proativa e alinhada às novas demandas sociais.
ESG vai além do marketing
O conceito de ESG reúne práticas que garantem responsabilidade ambiental, compromisso social e transparência na governança. Se antes esses princípios apareciam restritos a relatórios de sustentabilidade, agora eles influenciam políticas internas, cláusulas contratuais e benefícios previstos em convenções coletivas.
Para o RH, isso significa que as negociações com sindicatos podem incluir temas como:
- Políticas de diversidade e inclusão
- Redução da pegada de carbono no ambiente de trabalho
- Benefícios voltados à saúde mental e bem-estar
- Programas de governança e compliance trabalhista
- Ações contra assédio moral e sexual
O papel estratégico do RH
O RH atua como ponte entre a alta gestão e os representantes sindicais, traduzindo os compromissos ESG em propostas concretas que possam ser incorporadas aos acordos coletivos. Para isso, é essencial:
- Mapear demandas internas que dialoguem com práticas ESG.
- Analisar tendências e benchmarks de empresas do mesmo setor.
- Negociar com base em dados, apresentando indicadores e metas que comprovem o impacto positivo das mudanças.
- Antecipar pautas para prevenir conflitos e construir acordos colaborativos.
Essa abordagem fortalece a imagem institucional, melhora o clima organizacional e contribui para atrair e reter talentos, especialmente entre as novas gerações, mais engajadas com causas sociais e ambientais.
ESG como diferencial competitivo nas negociações
Ao inserir metas e práticas ESG nos acordos coletivos, a empresa demonstra compromisso real com a sustentabilidade e o bem-estar social, agregando valor para colaboradores e posicionando-se como referência no mercado.
Exemplos de cláusulas possíveis incluem:
- Licença parental estendida para homens e mulheres;
- Incentivos para transporte sustentável (bicicletas, transporte público, caronas);
- Programas de capacitação com foco em diversidade e inclusão;
- Planos de saúde ampliados, com cobertura para terapias, saúde mental e dependentes;
- Políticas de reciclagem e uso consciente de recursos no ambiente de trabalho.
Contudo, nem todo compromisso ESG pode ser livremente negociado. Vincular metas de segurança do trabalho à remuneração variável ou à PLR, por exemplo, pode gerar conflitos legais, já que se trata de uma obrigação prevista em normas regulamentadoras.
O futuro das negociações sindicais com ESG
A tendência é que os acordos coletivos passem a incluir metas e indicadores ESG, garantindo monitoramento e transparência. Sindicatos mais preparados para essas pautas tendem a fortalecer seu papel, defendendo não apenas salários e benefícios, mas também qualidade de vida e impacto social das empresas.
O ESG está se consolidando como parte essencial das negociações sindicais. Nesse cenário, o RH deixa de ser apenas executor de políticas e passa a atuar como agente de transformação. Empresas que incorporam práticas ESG aos acordos coletivos não apenas atendem às demandas sociais e ambientais, mas também fortalecem confiança, engajamento e reputação da marca.