No início de 2023, o relatório “Setor de Saúde no Brasil”, elaborado pela Fitch Ratings, uma das maiores agências de classificação dos riscos de crédito, previa que as operadoras de saúde teriam dificuldade em melhorar seus lucros. Como explicação para este cenário, o levantamento apontava as difíceis negociações sobre preços e altos custos no setor.
Marcio Tosi, diretor executivo das áreas técnica e de gestão médica da It’sSeg, confirma essa previsão. “O ano passado foi um dos mais difíceis e complexos em termos de negociação de reajustes, explicado pelos resultados negativos e insatisfatórios das operadoras nos últimos anos”, avalia.
Para 2024, em razão dos índices médios de reajuste aplicados em 2023 e da consequente recuperação nos níveis de sinistralidade das operadoras, há a expectativa de uma ligeira melhora nas negociações. No entanto, a inflação médica pode se manter em níveis similares.
É preciso ressaltar que ainda há muitas incertezas quanto ao cenário econômico do país neste ano, o que afeta diretamente as expectativas do mercado”, assinala Tosi.
O que esperar das fraudes nos planos de saúde?
As fraudes, principalmente em reembolsos, atingiram níveis insustentáveis para as operadoras. Segundo a pesquisa do Instituto de Estudos da Saúde Suplementar (IESS), cerca de R$28 bilhões são gastos, anualmente, em decorrência dessas práticas ilegais.
O desenvolvimento de soluções que auxiliem no controle e diminuição das fraudes deve continuar como prioridade. O diretor executivo das áreas técnica e de gestão médica da It’sSeg afirma ser esperado a criação e ampliação de novas tecnologias para esse objetivo. Desde a implantação de modelos mais burocráticos para as solicitações de reembolsos, tais como comprovação médica dos pedidos, preenchimentos de formulários e comprovante de pagamento; até as mais robustas, como o reconhecimento do usuário (facial, biométrico, da íris, entre outros).
Contudo, esses novos métodos de combate às fraudes, embora sejam essenciais, terão reflexo direto na percepção e satisfação dos usuários de planos de saúde. “À vista disso, é necessário que as operadoras e os gestores de RH estabeleçam um plano eficiente de comunicação para que todos estejam cientes dos possíveis impactos nos pedidos e prazos de pagamento”, diz.
Produtos mais restritos e acessíveis
Planos com redes credenciadas menores ou acesso verticalizado sempre fizeram parte de um nicho específico de mercado. Porém, como forma de diminuir os custos e oferecer mais possibilidades aos clientes, essas modalidades passaram a fazer parte de todos os modelos de operadoras, inclusive daquelas que oferecem produtos mais sofisticados.
Segundo Marcio Tosi, a aquisição de prestadores, a construção de redes próprias, as negociações de exclusividade com grupos específicos, entre outras ações recentes, sugerem que, a curto prazo, teremos diversos novos produtos com acesso restrito e custos mais acessíveis. Limitações geográficas, acesso direcionado e rede especializada deverão ser os pilares centrais desses planos.
Sustentabilidade do sistema
A saúde suplementar em 2024 também deve ser pautada pela expansão de tecnologias como a telemedicina. De acordo com levantamento da Conexa, feito com 2,5 milhões de pacientes, esse tipo de atendimento gera 80% de economia e resolve quase 90% das queixas de quem opta pela consulta virtual.
Em outras palavras, o setor da saúde terá como principal objetivo otimizar recursos e diminuir os gastos. Para os gestores de RH, é importante que sejam feitas discussões relevantes sobre como fazer o bom uso do plano. Existe a possibilidade do desenvolvimento de materiais voltados para a conscientização e divulgação maciça deste assunto, assim como temos feito hoje na It’sSeg com a campanha “Você Também Paga Essa Conta”.